terça-feira, 26 de agosto de 2008

Verdade salgada...

(O prazo, como referi anteriormente, era indeterminado, mas nem eu imaginava que seria tão curto...)

Faz algum tempo, estava eu dentro do ônibus que percorria a linha Carlos Gomes, quando olhei para o lado e vi um pequeno restaurante/bar com o seguinte dizer na fachada:
<“Bistrô”>
Imediatamente senti um gosto de massa crocante na boca, como se mastigasse uma casca de pão cacetinho, ou espaguete cru.
Constatei algo que nunca havia me dado conta: as palavras têm gosto para mim, como se as ouvisse e sentisse no paladar algum alimento ou coisa qualquer, e vice-versa.
Peguei-me pensando na quantidade de palavras que me fazem salivar. Por exemplo:
A palavra coração me dá gosto de morango, aquele morango adocicado, gosto de brilhos labiais ou algo do gênero. Verdade tem gosto de sal, aquele sal grosso que se usa em churrascos. Vida me remete a alguma fruta de cor alaranjada, como pêssego em calda, ou manga. Sangue tem gosto de ferrugem. Cachorro que é bom: me faz sentir gosto de bife a milanesa.
Religião me faz salivar farinha. Otimização me lembra Xis-salada. Sexo tem gosto de desodorante. Mentira é água da CORSAN em épocas de estiagem gaúcha.
Li alguns estudos que dizem que este fenômeno ocorre em pessoas que têm os sentidos cruzados, ou seja, enxergam/lêem palavras e o paladar acusa algo inusitado, sentem algum cheiro e tremem de frio.
Não sei se chega a tanto, mas que é estranho é.
Levanto a minha própria tese: sentimos gosto quando nos deparamos com alguma palavra porque esta remete a alguma memória apagada ou não. Algo que aconteceu, ou alguma coisa rotineira no passado que deixou incrustada determinada memória no paladar.
Vivemos falando da tal memória olfativa, o cheiro de determinado perfume que lembra pessoas, objetos, lugares ou situações. Ocorre da mesma maneira com as palavras-e-seus-gostos-nada-a-ver.
O meu maior exemplo disto é a palavra desrespeito. Sinto gosto de arroz e feijão quando ouço, leio ou falo esta palavra. Isto porque em épocas que me deixava desrespeitar, por vezes comia arroz e feijão feito por quem fazia isto, na casa de quem fazia isto e, sometimes no momento em que esta pessoa estava fazendo isto. Acabava por me alimentar do que estava em cima da mesa, mas não do que vinha no garfo.

Felizmente arroz e feijão também são feitos com carinho e amor de quem eu troco sentimentos. E este será o meu esforço culinário momentâneo, antes de aprender a cozinhar...

Tratar de mudar o gosto do arroz e feijão...
Faz tempo né gente... Passei para dar um oi...
O tempo passa, os dias são cheios, as coisas acontecem, e continuo escrevendo muito...
Só que o que sai da minha cabeça e vai para os arquivos do Word é extremamente pessoal, o que entendo que seria problemático demais publicar por aqui, já que "bichos estranhos" andam rondando meu blog...
Enfim, perdão pela "enésima" vez queridos (pouquíssimos, mas fiéis) leitorinhos. Não abandonei vocês, muito menos nossa relação está abalada, mas digamos que no momento, o nosso contato seria íntimo demais, e como não há como restringi-lo por aqui...

Fica a promessa de artigos futuros...

Futuros não sei em que prazo...