sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Carência afetiva no sentido contrário...

Este texto inicia uma série de vários que escrevi há tempos atrás, durante minhas merecidas férias na tão querida Meia-Praia. O que esperava destes dias Deus atendeu em dobro: muito sol, muito mar calmo, muita cerveja, muitas amizades (com prazo de validade) feitas e... a tão aguardada liberdade da internet.
No connections.
O que mais faço durante estes dias é pensar na vida. Não que isto seja uma atividade salutar (ou insalubre), é apenas uma atividade necessária, seja para colocar as idéias no lugar, seja para realocá-las em locais diferentes. A minha cabeça neste período vira um furacão, confesso, mas nada que atrapalhe o bom andamento do meu descanso.
Além de barrigudo, barbudo e queimado, volto da praia renovado, não no sentido de rejuvenescido, mas sim no de modificado. Dentro desta ventania toda, acabo por retirar ou modificar alguns conceitos que antes me eram sólidos... e isto é natural, não se assustem: quem muito pensa, tem que evoluir, se não evoluir, enlouquece.
Neste verão, a principal modificação estabelecida se refere ao meu tão reclamado déficit na carência afetiva, por mais força que faça para não admitir que sofro deste mal.
(Anexo necessário: machos de plantão, perdoem-me... mas acredito piamente que assim como eu, todos os homens são carentes sim, e mais: todos nós temos o direito de admitir esta carência... por mais que achemos uma puta bixisse exercê-lo).
Durante a minha longa vida amorosa, sempre julguei ser um homem carente, sempre busquei a quase todos os momentos cambiar muito carinho e atenção. Dentro destas trocas, sempre me senti em prejuízo, principalmente por dar muito mais carinho do que receber.
Por tempos busquei uma mulher que fosse competente em tais negociações... que fosse apta a tornar as mesmas mais justas... até me dar conta nos últimos dias que na verdade, tudo estava errado.
Era tudo ao contrário.
Hoje em dia, há tempos solteiro, adeqüei-me a pensar como tal. O que antes, atrapalhado por fatores que só um relacionamento proporciona, eu não conseguia enxergar, hoje enxergo bem tranqüilo.
É de minha natureza ser extremamente carinhoso sim, portanto, natural também que eu sinta falta de carinho... mas na verdade, o que sinto falta não é de recebê-lo, mas sim de dá-lo...
Por isto o título maluco deste texto.
Nunca havia percebido que, muito mais prazeroso para mim é deitar uma mulher em meu peito, torná-lo o mais aconchegante possível apoiando-a bem perto do meu pescoço, vê-la dormir, do que da mesma forma aconchegar-me no seio de alguém.
Mas ai aparece o diagnóstico de um novo problema: passei minha vida achando que era cada vez mais difícil encontrar uma mulher que soubesse retribuir carinho, quando na verdade, a dificuldade maior está na tentativa de encontrar alguma delas que esteja apta a recebê-lo...
Momento reflexivo: com toda certeza nos últimos tempos, vivenciaste alguma mulher que tenha como par um homem carinhoso/romântico, reclamar deste fato chamando-o de chato ou grudento. Podes não ter dado a devida importância no momento em que escutaste, mas acredite, isto é muito preocupante, principalmente para nós, os carinhosos.
Pulando as explicações, vamos direto ao resultado: ou apostamos neste tipo de relacionamento e sofremos... ou simplesmente nos afastamos ao mero indício desta inaptidão.

Na adolescência, quando nos relacionávamos com alguma menina que não valorizava carinhos e afetos, eu e meus amigos costumávamos perguntar o que fazer para um grande senhor, pai de um amigo nosso que infelizmente faleceu há alguns anos. Ele respondia em apenas algumas palavras, com a simplicidade que todos nós deveríamos ter nestes momentos:

- “Chamem a próxima...”