terça-feira, 28 de junho de 2011

A imagem, o bem estar e a concorrência

Apesar de não conseguir muito por culpa da quase completa falta de tempo, gosto de cuidar da minha aparência. Sendo direto: confesso que sim, meu bem estar está intimamente ligado a este aspecto.

Quando menino sempre fui um rapaz muito magro, franzino e de cabelos fartos. Tenho exatos 1,75 metros, e pesei dos 15 aos 25 anos algo em torno dos 60 kg’s. Não era por falta de alimentação ou esforço que era magrelo, era por genética mesmo, filho de mãe italiana, comia quilos de comida ao dia, milhares de calorias ingeridas e, por mais que me embugasse de tanto carboidrato, meus gambitos, meus bracinhos de palito, minha barriga côncava e minhas costelas aparentes continuavam iguais.

Nesta mesma fase, meus cabelos eram grandes, negros e como disse, fartos. Estudava em escola Adventista e, infelizmente neste caso, regras a mim eram impostas quanto ao cumprimento dos mesmos. Como se este fosse o maior empecilho: mãe italiana, pai também italiano. Ele nunca me deixaria ter cabelos de Rockstar na adolescência. Mesmo assim, a franja era grande, alta e penteada para a direita, no geral eles eram negros, relativamente cumpridos (vulgo cachopa lisa) e brilhosos.

Na época, me recordo de ser complexado principalmente pelo fator magreza. Todos os meninos eram maiores e mais fortes do que eu (pelo menos eu os enxergava assim). A concorrência de outras imagens me fazia formar a minha própria, o que corriqueiramente acontece com adolescentes e jovens adultos. Insegurança corriqueira e compulsória para tal idade, ninguém escapa/escapou, nem Paola de Oliveira, nem Reynaldo Gianecchini. Tenho certeza que até eles sofreram ou até sofrem por alguma insatisfação física. Eu era por todas quase.

Passados alguns anos, hoje as vésperas de completar três décadas de vida, meu corpo e meus cabelos definitivamente mudaram. Estes últimos citados estão aos poucos me abandonando para nunca mais voltar. Gostar não gosto deste aspecto herdado geneticamente, mas encaro com bom humor: sou o primeiro a rir ou fazer piada da minha condição de careca emergente. É defesa, eu sei, mas é o que me resta antes de ter coragem de fazer um implante (de boa qualidade). E sim, eu o farei por mais ridículo que isto possa parecer, até porque sou amplamente defensor das intervenções cirúrgicas voltadas para a estética.

No campo das mudanças físicas, posso dizer que não sou mais magrelo. Troquei os antes 60 kg’s por aproximadamente 85, o que para minha altura me garante um porte atlético e forte. Esta mudança só aconteceu fruto de muita musculação, muito peso levantado, muito suplemento ingerido e principalmente muita disciplina empregada. A tal academia normalmente acontece em um intervalo de pouco mais de uma hora entre o serviço e as aulas noturnas, o que me faz ter uma rotina de louco desvairado no horário vespertino. Só tem uma coisa que não mudo na verdade: to pouco me lixando por minha barriga não ser de tanquinho, isto porque odeio abdominais e adoro a combinação do lúpulo e da cevada.

Muito papo e pouca objetividade: o que na verdade quero contar é que alguns dias atrás, por conta de uma festa familiar, me vi revirando uma caixa inteira de fotos familiares que a muito não mexia, e pasmem: descobri que apesar de magro e sem o corte de cabelo que gostaria de ter... na verdade eu era um rapaz bonito! Gostei-me muito me vendo ali.

Lembram da parte da concorrência que me fazia a imagem própria? Pois é. Mesmo o mais forte dos trogloditas se sentiria um Sadol no concurso de Mister Universo e mesmo o mais cabeludo dos adolescentes se sentiria um autentico Esperidião Amin num grupo de metaleiros.

Quer saber o que realmente aparentas? Cuide dos teus espelhos.

Enxergue o que verdadeiramente és e esqueça o que os outros são. Pergunte a ti mesmo, e a mais ninguém. Lição simples de segunda à noite.