quarta-feira, 22 de abril de 2009

Afinar a boca...

Com que freqüência costumamos falar palavrões...?
Paro para pensar sobre isto neste final de feriado.
Confesso que ainda falo muitos termos que não deveriam ser proferidos em qualquer circunstância, apesar de que a quantidade que eles saem da minha boca diminuiu muito nos últimos tempos por conta das influências que só o coração sabe explicar...
Mas mesmo assim, durante algumas oportunidades específicas continuo a falar estas palavras desnecessárias.
Sabendo-se a quantidade, rapidamente passo a analisar a utilidade. Quais são os reais objetivos para que usemos tais termos? Um P-Q-P, por exemplo, pode expressar muitas coisas diferentes, dependendo da sua conotação e contexto.
Brincadeira, indireta ou tiração de sarro. Ofensa, blasfêmia ou desabafo. Indignação, raiva ou força de expressão. Ênfase, rebeldia, ataque ou vontade pura e simples.
De qualquer maneira todos os sentidos podem ser resumidos em três características básicas de quem os fala: Má-educação, má-criação ou falta de maturidade.
Veja bem, não falo de maneira nenhuma sobre posições sociais ou financeiras, até porque conheço muito ricaço por ai na qual a educação pessoal chega a perder para alguns animais de estimação... e muita gente humilde que fala igualzinho a membros da monarquia britânica.
Falo sobre legado de família, educação passada, ambientes de criação. Falo sobre o ser discreto, o ser polido, o não querer chocar indivíduo algum desnecessariamente.
O que preocupa se levarmos em conta, é a verdadeira banalização do uso destes termos fortes, coisa que surgiu por conta justamente da falta de educação que era comum nas gerações passadas. Antigamente falar palavrão era algo para homens (gênero masculino mesmo) adultos e humildes, pelo menos assim era convencionado socialmente. Hoje existem até alguns termos que eram considerados palavrões extremos e que passam despercebidos. Um deles eu já usei neste texto: tirar um sarro. Sinônimo de outro que usam até defronte ao juiz: gozar a cara. Pense no real significado destes termos. E apavore-se.
Gozações e sarros a parte, passemos a parte prática da história toda.
É bom falar palavrão? Dá pra evitar?
É bom sim, não dá pra negar. Mas porque é bom, não quer dizer que seja correto. Comparo falar palavrão com comer carne gordurosa: a gente sabe que não é certo e faz mal, mas o gosto ótimo e o fato de todos comerem nos levam a fazer igual. É uma convenção, é natural, é comum e por vezes, até obrigatório é. Pergunte a qualquer torcedor, de qualquer gênero ou faixa etária que freqüenta ou já freqüentou estádios de futebol.
Conheço uma Senhora que tem a boca mais limpa que eu já vi durante seu cotidiano normal. Um belo dia a levei para assistir um jogo das arquibancadas, resultado: aos 30 minutos do primeiro tempo, por conta daquela mesma boca limpa, a bandeirinha que auxiliava o arbitro naquele jogo já havia virado mulher traída, mal-amada e prestadora de serviços sexuais, sem falar que a sua mãe também era do mesmo ramo. Até algumas características físicas decorrentes da suposta grande demanda de clientes foram exaltadas.

Pois é. Pensei o mesmo que tu pensaste agora.
Percebeste o quanto é difícil até saber o significado das coisas, sem o uso dos termos geralmente utilizados? Percebeste que, apesar da vontade de que as coisas sejam ditas de maneira diferente, por vezes até necessário é?
Impasse. Resta-nos tentar evitar apenas.
Para coroar: lembro de uma entrevista que assisti há vários anos atrás, onde um aposentado vocalista de uma banda de rock nacional, ao se converter em um fiel evangélico, foi questionado sobre o que era mais difícil: deixar de beber e se drogar, ou de falar palavrão...?

Ele respondeu que beber e se drogar ele já havia parado, e que nunca mais voltaria.
Mas falar palavrão ele simplesmente não conseguia largar o vício. E que costumeiramente praticava-o todos os dias sem perceber...