terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um brinde...!


É incrível como às vezes sentimos a necessidade de escrever. Por vezes, com os acontecimentos da vida, sentimos a vontade incontrolável de externar o que nos acontece, mas claro, de maneira a não nos expor sem o devido controle.

Hoje sinto a necessidade de brindar e comemorar algo. Brindar e comemorar, além de necessário às vezes, é salutar, e de extrema valia.

Levanto minhas taças nesta noite comemorando as diferenças que existem entre as pessoas. Sim, as diferenças, e não o que existe em comum. O quão chato seria o mundo e a vida se nos relacionássemos com aqueles que apenas nos concordam. O quão difícil seria a vida se não tivéssemos de conviver com aqueles que nos dizem que estamos errados, que estamos trilhando o caminho que não se deve trilhar, que a direção seguida não é a ideal.

Barack Obama, agora em sua reeleição, nos disse sabiamente que prefere se cercar de pessoas que apontem seus erros, ao invés daquelas que apenas o bajulam. A grandeza disso é inimaginável e, acredite, extremamente benéfica. Por vezes nos vemos pensando e acordando em coisas erradas, em maneiras erradas de se enfrentar a vida e as dificuldades. Feliz daquele que tem quem diga: “cara, para um pouco e pensa. Estás fazendo isto errado...”, ou “mude porque isto não será mais aceitável...”.

Tudo o que fazemos, fazemos respeitando um protocolo que aprendemos com o tempo. O nome deste protocolo é “esquema”. Os nossos esquemas são como forças imperceptíveis que nos fazem agir de modo a nos proteger sempre, da maneira como aprendemos que é e será melhor. O problema é que quase sempre estes esquemas te limitam e te trazem problemas inconscientes, problemas estes que tem consequências que, se não fizermos as devidas manutenções, nos criarão situações definitivas futuras que não são as desejáveis.
Aprendemos por exemplo, a lidar com quem nos relacionamos com atitudes e comportamentos que muitas vezes não são os ideais, não são os corretos. Estas atitudes nos trazem dificuldades, e conforme citei, são imperceptíveis. Todos nós, de uma maneira ou outra nos defendemos, mesmo que seja concordando com o que não se deve concordar e aceitando o que não se deve aceitar.
Aí é que está. O problema é que este tipo de conduta te traz malefícios que te impõem um prazo de validade às situações. Saber identificar o quanto antes estes malefícios citados é uma grande vitória. Saber o que está acontecendo, saber as consequências disto, e tentar concertá-los, é o caminho a se seguir, sempre.

As pessoas são diferentes, eu já falei (e comemorei). Todas elas têm os seus esquemas para lidar com o que acontece, também já citei isto. O elemento cerne da questão que quero abordar é que, quando dois mundos diferentes colidem, os donos destes mundos têm de ter a humildade de aceitar que a conduta adotada anteriormente talvez não seja a ideal, talvez não seja a correta. A vida muda, as pessoas passam por ela como água por debaixo da ponte, e não podemos querer tratar a todos os que aparecem na nossa frente da mesma maneira, ou da maneira que aprendemos com outras pessoas que estavam na mesma situação que as novas. Todos são diferentes, e FELIZMENTE, temos de ser pessoas diferentes na lida diária com elas, conservando a essência, é claro.

Todos nós nos deparamos com isto, com termos gente diferente e estranha ao nosso lado. Todos nós nos vemos por vezes em bretes, vielas sem saída, procurando analisar se devemos ao menos pensar no que contribui para as dificuldades aumentarem, e no que devemos mudar.

Felicitemos a isto, meus queridos companheiros! Felicitemos a evolução diária, ao aperfeiçoamento humano, a vida que a cada dia nos ensina o que lutamos às vezes em não aprender, nos escondendo atrás de características que não são definitivas (apesar de termos a pia certeza de que são...) e não nos ajudam. Felicitemos as críticas, as não concordâncias, a tudo aquilo que depois da poeira baixada, nos mostra que a mudança e a evolução não só é necessária...

... como nos trará benefícios futuros.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Reflexos subliminares...


Quando temos uma pequena aptidão para escrever, e não temos muita experiência, nos deparamos por vezes com bretes e bifurcações que nos dificultam um pouco na prática de colocar as idéias no papel. Esses becos sem saída ocorrem com mais frequência quando estamos nos relacionando com alguém.
Traduzir os pensamentos em palavras continua sendo relativamente fácil, o que não é fácil na verdade é COMO fazê-lo sem ter de pagar por isto. Existe sempre o risco da identificação intima, ou seja, o risco de escreveres algo, a cônjuge identificar aquilo como um recado, e este fato ter reflexos de simples a graves dentro do teu relacionamento.
Palavras ditas tem reflexos com um certo nível de gravidade, mas acredite, os reflexos das palavras escritas por alguém que tem esta prática, são muito mais graves.
Na duvida, não ultrapasse. Já diz as placas de transito contidas em nossas estradas de mão dupla. Na duvida, não escrevemos. Está é a prática recorrente. Se tivermos alguma dúvida quanto a nossas palavras criarem problemas ou não, não às utilizamos. É o que acontece. Deixamos de escrever muitos e muitos artigos respeitando esta premissa.

Agora, admito que não saiba realmente se esta prática está certa ou não em ser adotada.

Vejo exemplos do contrário. Apesar de não ser um grande fã, Caetano sempre escreveu e se inspirou em qualquer coisa para compor suas músicas, se inspirava até em outras mulheres e na sua bissexualidade, estando casado, para escrever. Nunca se impôs limites ou amarras, cercas ou parâmetros no momento da composição, o que de certo modo sempre foi um dos motivos da existência da sua grande legião de fãs e adoradores.
Chico, Vinicius, Gil, Milton... todos eles. Nunca impuseram limites às palavras durante as suas obras, colhendo claro, os frutos desta postura. Não que ser extremamente livre ao escrever seja sinônimo de sucesso e popularidade (até porque não é este o intuito deste que vos fala), mas talvez esta liberdade seja uma das premissas para que a atividade de fazer artigos seja ao mínimo... prazerosa. Talvez o escritor tenha de ter total liberdade para escrever seus textos, sem se preocupar com os reflexos futuros daqueles que os lerão, principalmente se estes ocorrerem dentro de sua vida pessoal, criando ou não dificuldades.
 
Atitudes são atitudes, reflexos são reflexos... mas enfim, ferramentas também são ferramentas. Tenho de admitir também que o fato de escrever algo, e tua namorada entender que aquilo possa ser um recado teu para ela, é sim, uma grande ferramenta para dizeres algo que queres dizer, mesmo que normalmente tenhas algum empecilho para que isto seja feito pessoalmente, seja este de ordem particular ou de ordem comum. Temos de admitir sim que, todo texto tem uma mensagem a ser transmitida, e um alvo na mira para esta mensagem.
 
Não venho até vocês hoje, declarar minha liberdade. Não tenho este intuito aqui e agora. Não é esta a intenção. Penso que talvez esteja escrevendo este texto agora, mais com o objetivo de dizer que sim, todo texto tem um MOTIVO para ser escrito, todo texto tem uma INSPIRAÇÃO, e TODO TEXTO, SEM EXCEÇÕES, quer dar um RECADO, deixar uma MENSAGEM, ENSINAR algo, talvez até mudar práticas alheias... tendo sempre UM ALVO em mente... uma pessoa. Por mais que digamos que não após.

Se este alvo é ou não sua namorada, esposa, amante, ficante, rolo... deixa assim ficar... subentendido...

 

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Olho por olho, dente por dente, coração por coração...


Há tempos venho procurando um motivo, um assunto, uma inspiraçãozinha qualquer para voltar a escrever. Nunca fui um escritor profissional, daqueles que escolhe assunto e momento certo para colocar as ideias no papel, digamos que os assuntos sempre vieram por si mesmos, e os momentos em que escrevia eram os mais variados. Apropriados e inapropriados.
Hoje não foi diferente. Estou neste exato momento em plena jornada de trabalho, escrevendo sobre um assunto que me veio à cabeça hoje pela manhã, após uma noite de pouco sono de qualidade. Enquanto estava tentando dormir, lembrei-me da famigerada lei de talião (se escreve com letra minúscula mesmo, pois não é nome próprio), aquela que todos conhecem pela máxima “olho por olho, dente por dente”. Trocando em miúdos, consistia basicamente num sistema onde crime e pena eram equiparados, sendo assim, a justiça era feita impondo ao criminoso o pagamento na exata moeda do dano que causava. Se matasse, morria, se ferisse, era ferido. A regra era que a punição deveria ser exatamente igual ao crime.

Analisando friamente, cheguei a dois questionamentos:

Será que tal lei hoje ainda é aplicada? E se for, onde, como e quando a mesma entra em prática?

A primeira coisa que me veio à cabeça foram os misteriosos caminhos do amor. Não me pergunte por que e como (coisa de insone...) peguei-me indagando o seguinte: onde a reciprocidade poderia ser mais bem aplicada do que em um relacionamento amoroso? Onde o ato e a consequência (misturando aqui já a lei de talião com o principio da proporcionalidade da causa e do efeito) deveriam ser mais equiparados, mais isonômicos, mais igualitários? (Um anexo: Importante aqui frisar que não falo sobre o cometimento de atos errados e suas respectivas consequências, falo sim sobre a troca de amor, de carinho, de sentimento, e o respeito à reciprocidade nestes momentos).

Quem já leu alguns textos específicos deste blog sabe que sou um homem carinhoso. Tenho literalmente muito carinho a dar, e sendo um homem também leal, costumo ter em estoque muito mais carinho do que uma pessoa só necessita. A consequência disto é que, para não exigir demais da pessoa que está comigo, e também para não trair meus valores e princípios de fidelidade, acabo espalhando este carinho por vários entes permitidos: família, namorada, filhos, cachorros, amigos, objetos pessoais, etc. Todos são contemplados com muitos beijos, abraços, palavras carinhosas e atenção. Problema então é fazer o link com a lei em voga deste texto:
Se sou muito carinhoso, por óbvio, gosto de receber muito carinho e atenção também. Olho por olho, dente por dente, coração por coração. E admito: peco por ser exigente neste sentido. Todos aqueles que recebem meu carinho em abundância, acabam por receber também um carnê de pagamento: dar-me em troca um nível elevado de atenção. Exigência injusta... não conheço uma viva alma que tenha a mesma aptidão para encher alguém de afagos...
 
Cometo o crime de ser carinhoso demais, e crio a expectativa de receber a pena na mesma moeda. Alguns dirão que ser carinhoso demais não é crime, outros dirão que gerar tais expectativas é que seria o real crime... eu digo que até hoje, paguei penas fortíssimas por amar demais, acreditando que ser assim não seria crime algum...

... mas as noites insones costumam ter justas penas: penas em forma de questionamentos... e me dou o direito de me questionar sempre quando acho cabível, independente se o ato de se questionar é questionável para alguns, e aceitável para outros. Para mim é normal, e mais... é salutar.

Indago-me, portanto, qual é a solução para tais infrações penais: Amar menos? Aceitar ser menos amado? Amar e esperar menos amor? Ou simplesmente... continuar amando exageradamente confiando  que o amor é algo que não se deve ter medidas?

Amo-me como nunca me amei antes. E alguns dirão que é isto que importa. Eu mandarei literalmente essa filosofia barata se fuder e pedirei aos donos dela prestarem atenção no que estou escrevendo: não é o meu amor próprio que estou colocando em júri popular, mas sim a consequência disto...

 ... se estou certo em acarinhar exageradamente e esperar o mesmo carinho em troca...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Grande Tribunal...


Todos nós, inclusive aqueles que não são ligados à área do direito, estamos acostumados a figura do tribunal. Sempre quando pensamos nesta palavra, facilmente conseguimos imaginar um juiz a julgar, jurados ouvintes atenciosos a direita, o réu individuo que está sendo acusado sentado ao meio, seu advogado tentando lhe defender ao seu lado e o promotor em pé a acusar. Existe até um gênero de filmes e séries americanas que usam julgamentos como temática, os chamados filmes de tribunal: “Perfume de mulher” e “Law and order” são exemplos clássicos.

Se ao ler isto, conseguiste imaginar o que é um tribunal também, meio caminho andado para mim. Hoje escrevo não para falar sobre algum júri popular ocorrido ultimamente, ou algum julgamento que está ocorrendo, ou até de algum que já tenha presenciado. Escrevo para enfim, explicitar o tão esperado momento onde eu mesmo, com uma pequena ajuda, consegui enxergar qual é o grande júri da vida, aquele que realmente importa: o nosso próprio.

Não sei se já conseguiste perceber, mas diariamente nos encontramos em sucessivos juris, em sucessivos “autojulgamentos”. Se já conseguiste perceber, parabéns, pois só agora este fato saltou-me aos olhos, só agora consegui perceber as figuras presentes do réu, do promotor, do juiz, do júri e do advogado de defesa, todas elas concentradas na minha própria pessoa.

Coisa de maluco¿ Pode até ser. Mas quantas vezes já pegaste o promotor interno te acusando ferrenhamente, te chamando de fracassado, perdedor, preguiçoso, e até mesmo... feio¿ Quem nunca aqui já não se pegou convencido de algo negativo sobre si mesmo, apesar de todas as evidências apontarem na direção contrária¿

Imagine o tribunal. Agora imagine o réu, o promotor, o juiz e o advogado de defesa, agora imagine todos eles dentro de sua cabeça atuando, representados pela sua própria pessoa. O que quero dizer é que internamente nos auto acusamos todos os dias, nos auto defendemos, nos auto julgamos e nos auto condenamos ou absolvemos. Mas, garanto a você, querido leitor, que o promotor, aquele que acusa, insistentemente obtém vitórias memoráveis sobre o advogado de defesa, que tal qual um palerma astronômico, não tem competência para combater tais acusações sucessivas. E nós, desta maneira, somos autocondenados todos os dias, todas as horas, todos os minutos.



Um salve para aqueles que foram criados aprendendo a se autodefenderem de si mesmos.



Sei que isto parece figuração de advogado novo que gosta da área que atua, e sei também que para os entendidos em psicologia o que escrevo aqui parece mais artimanha de terapeuta para fazer-nos entender como funcionam nossos esquemas mentais. Mas sinceramente confesso novamente o que confessei antes: pela primeira vez na vida, percebi que meu promotor interno me acusa de muita coisa injusta, e a vida inteira, inteirinha, obteve vitórias memoráveis, conseguindo que eu me autocondenasse em todos os grandes e importantes aspectos da vida.

Está na hora de deixar o advogado de defesa trabalhar. Está na hora de me autodefender de mim mesmo. Está na hora de colocar o promotor em seu devido lugar, negar-lhe as acusações, demonstrar ao juiz as provas abundantemente existentes do contrário, e deixar que o réu (eu mesmo) saia absolvido de algo pelo menos uma vez na vida. Chega de se autocondenar, chega de se autoconvencer das infelicidades não existentes, dos fracassos inverídicos, das derrotas que nunca foram nem jamais serão ao menos... reais.

No grande júri interno da vida, somos nós quem comandamos as peças deste tabuleiro jurídico, e somos nós quem determinamos quem será e sairá vitorioso. Basta apenas aprender a como corretamente manuseá-los, a como fazer com que o advogado de defesa seja digno de vitórias memoráveis nos juris diários que nós mesmos, nos impomos.