domingo, 26 de janeiro de 2014

Transparência.



Cara... eu nunca fui funkeiro, nunca fui pagodeiro, nunca usei drogas, e nunca segui muitas modas. Nunca fui boy, nunca fui marrento, nunca fiz jiu-jítsu, e nunca briguei na rua, mesmo quando estava na escola. Nunca cheguei em ninguém na balada, nunca soube fazer isto, sempre achei que tenho o direito de dizer não pra qualquer mulher e sempre me encantei pelas princesinhas ao invés das gostosonas. Já tomei pé na bunda, já dei pé na bunda, mas confesso que adoro uma. Nunca gostei de reggae, odeio Bob Marley, odeio maconha, odeio barraco e sim, não tomo refrigerante durante a semana para segurar a barriga. Prefiro sentir inveja de quem é feliz do que de quem é rico, sonho sim casar um dia, quero ter filhos, quero uma mulher perfeita para isto tudo e adoro o fato de ter meus pais como meus melhores amigos. Adoro também o fato deles serem apaixonadíssimos um pelo outro após quase 50 anos de união, nunca quis estar sozinho em nenhum momento ou fase, e quero um amor para a vida toda. Sou rockeiro, metaleiro, punk e sertanejo ao mesmo tempo, não me importo com o que as pessoas pensam sobre os padrões, e não me interesso pelas fracas, mas sim pelas fortes. Sou gente humilde, não quero para mim as limitações de quem se coloca acima dos outros, amo meu cachorro e não, nunca fui um deles. Considero sexo e amor coisas que podem ser separadas, mas prefiro infinitamente que elas estejam juntas. Não me interesso mais por quem não me oferece futuro, tenho a plena consciência que órgãos sexuais qualquer pessoa têm, mas que coração e cérebro, são poucos os que possuem. Durmo tarde, sou dono de mim mesmo, tenho problemas ocupacionais, e só gosto de ficar parado de vez em quando. Assisto BBB, tenho dois diplomas universitários, gosto de ler, me considero culto, e não acho nada disso contraditório. Prefiro inverno que verão, salgado que doce, mulheres trabalhadoras, jantar romântico e carinhoso seguido de sexo forte e dormir de conchinha. Nunca fui numa rave, nunca comi outro hambúrguer que não fosse Big Mac, e sim, já me relacionei com muita gente. Sou romântico ao extremo com quem é aberta a isto, adoro acarinhar e ser acarinhado, tenho carências afetivas como todo mundo e, considero certo ser um pouco “grudento” (melhor a proximidade do que a distância). Não tenho tatuagens mas quero ter, não tenho cabelo mas queria ter, não tenho namorada mas queria ter, não tenho depressão (não acho bonito) e não gostaria de ter. Odeio o culto a tristeza, o culto a dependência amorosa, o culto a dor de cotovelo, o culto a falta de compromisso, e a falta de culto religioso. Adoro papos cabeça, papos amorosos, papos burros e inteligentes, e beijar papos femininos perfumados. Gosto de quem cuida de si mesma, de quem tem vaidade, de quem tem autoestima, e de quem não coloca a culpa do que não tem nos outros (inclusive da falta de orgasmos). Não aprovo preconceitos, mas adoro conceitos. Acho ridículo quem julga os que julgam os outros, pois isto por si só é um julgamento. Já tive amores realizados, amores superados, amores não concretizados, amores inventados, e amores desnecessários. Sou gremista fanático, estou pouco me lixando para a rivalidade da dupla grenal, mas me importo muito com os rumos dos brasileiros na F1. Saio muito pouco, mas adoro uma festa. Danço muito bem, mas danço muito pouco. Gosto de beber, mas não gosto mais de ficar bêbado. Estou pouco me lixando para a falta de qualidade, as contradições e as desconectividades deste artigo, assim como estou pouco me lixando se meu café esfria. Com o tempo, aprendi que a beleza está na unidade, no individuo, nas características, nas particularidades de cada um. Penso nisto inclusive em se tratando de seios femininos, e sua relação com as próteses de silicone. Sou monogâmico, exijo monogamia, considero traição algo imperdoável, e sei que acontece em muitas áreas, não só na sexual. Vivi até os 32 anos de idade sem Nutella, sem Trakinas, sem Pizza Hut, sem sorvete, sem chocolate ao extremo, sem comer quem não quero e sem babar o ovo de ninguém. E vou continuar vivendo assim. Tenho 42 cm de circunferência de braço, e sim, considero isto extremamente secundário perto da minha maturidade, saúde e inteligência. Incomodar as pessoas me incomoda, e quem não se incomoda em incomodar me incomoda também. Valorizo muito mais o que conquistei com o suor da testa, mas não sou burro e trouxa de negar aquilo que os outros me oferecem. Quase vomito com quem tenta parecer rico, com quem tenta parecer inteligente, com quem tenta parecer superior, e com quem tenta aparecer. Já fiquei com mulheres casadas, mas não fico mais. Já falei muito palavrão. Tomo mijada do meu pai até hoje, e gosto do fato dele estar aqui para fazer isto. Adoro tudo o que seja antigo, desde objetos de decoração, carros, até hábitos e valores. A emoção pede uma Ferrari, a razão pede uma Mercedez, e o dinheiro me permite um Peugeotzinho. Sou extremamente bem humorado, extremamente apaixonado, extremamente consciente, extremamente racional e extremamente calorento. Peitos bonitos, bundas bonitas, cabelos bonitos, e pernas bonitas, tudo isto é muito atraente, mas nada supera gaitadas abertas e pés delicados. Prefiro cerveja a vinho, não me importo de tomar tubaína, estou pouco cagando pro sódio da água com gás e gosto muito de Nescau com café. A quantidade de mulheres que perdi de ter comido... e a quantidade de mulheres que eu disse não no meio da fuça... são incríveis. Estou muito melhor nos trinta e poucos do que nos vinte e poucos. Odeio fofocas, boatos, fofoqueiros e boateiros. Odeio mosquitos, abóboras, pimentões, calorões extremos, gente que se auto sabota e bipolaridade. De vagabunda e sem vergonha quero distância, mas entre quatro paredes chamo disto e de outras coisas se quiser. Loiras ou morenas? Gordas ou magras? Bonitas ou feias? Prefiro as românticas e bem humoradas. Odeio quem se acha, mas adoro quem se encontra, e amo quem se conhece. Para mim, estar apaixonado sem freios e sem preocupações é a fase mais bela da vida, e quero fazer isto novamente. Falo o R errado, mas não escuto errado. Fico cuidando para ver se você entra ou sai do facebook, mas quase nunca te chamo para conversar, pois apesar da idade, ainda tenho certos frios na barriga de menino.


Muito pouco para uma vida inteira, mas muita coisa levou uma vida inteira para ser aceita e admitida internamente. Sou o que sou, e com o passar do tempo, serei cada vez mais o que serei, acreditando piamente que o caminho para a felicidade passa pelo auto conhecimento, pela auto aceitação e pelo respeito as suas próprias características.

(E é isto. Podes voltar para o facebook ou para o whatzapp, pois também vou voltar).

segunda-feira, 25 de março de 2013

A busca pela perfeição


“Sempre acreditei nos números. Nas equações e na lógica que levam à razão. E após uma vida toda de buscas, pergunto: o que realmente é a lógica? Quem decide a razão? Minha procura me levou através do físico, do metafísico, do ilusório, e de volta. Neste momento fiz a descoberta mais importante da minha carreira. A descoberta mais importante da minha vida. É somente nas misteriosas equações do amor, que qualquer lógica ou razão pode ser encontrada." – John Nash, no filme Uma Mente Brilhante.

Linda afirmação. Mas além de linda, intrigante. Diria que tal sentença mais me intriga do que me encanta.
As equações do amor são realmente, misteriosas. Peguei-me aqui pensando com meus botões, sobre quanto o amor e a paixão foram mistérios insolúveis para mim, partes integrantes de um cálculo que nunca chegou, mas espero um dia que chegue, ao seu resultado final.
Já escrevi outrora que, não sou um heterossexual galinha, nem cheguei perto de ser. Mas digamos que já tenha me envolvido amorosamente com pessoas muito diferentes entre si, experiências que, além de me proporcionar uma enorme montanha-russa de sentimentos, me fizeram buscar e obter um autoconhecimento saudável e ao mesmo tempo, um pouco doloroso pela capacidade de autocrítica exacerbada.

O autoconhecimento. Talvez ai se encontre o verdadeiro mistério de todas as mentes pensantes que habitam qualquer mundo. No longo caminho que esta questão requer, o principal passo, e o mais difícil de ser dado, é justo o primeiro: O início, a decisão de se buscar algo que faça a cabeça ser aberta, o conteúdo espalhado em cima da mesa, e analisado como nunca antes fora.
Há alguns anos atrás, motivado pelo coração mais rompido que já tive, e pelas consequências desastrosas acarretadas por tal fato, cheguei a conclusão mais importante e que mais precisava na vida: a de que não tinha condições de lidar com aquelas emoções sozinho. A partir deste momento, fiz aquilo que há muito deveria ter feito. Busquei o telefone da psicoterapeuta que mais confiava, e disquei.
Durante este tempo todo de análise, continuei vivendo e não deixando de viver todos os relacionamentos que me propus, tendo como experiência tudo aquilo que teria de ser experimentado. Every little thing era motivo de aprendizado, e a consequência de tudo isto foi o diagnóstico mais puro e verdadeiro que pude chegar.

Sim, eu sou um auto sabotador.

Maneira mais estranha de se concluir isto, nunca houve.
Estava eu assistindo alguns clipes através da MTV, quando uma pequena reportagem sobre uma cantora norte-americana da nova geração começou. Como não tinha mais nada para assistir, nem fazer, continuei prestando atenção. O nome da menina era Demi Lovato, e apesar de bem jovem, me pareceu que a mesma era ao mínimo competente no que fazia. Não havia despertado maiores interesses por aquela figura, até que... veio a bomba, a verdadeira flechada no coração disparada pelo cupido filha-da-puta: relataram que a mesma sofria de distúrbios alimentares, bipolaridade e até automutilação...

Automaticamente uma vontade incrível, e incrivelmente estranha, apareceu. Uma vontade de aconchegar aquela menina no colo, e como num passe de mágica, solucionar todos os seus problemas, seus sofrimentos, suas aflições. Despertou-me o primeiro passo de um sentimento de carinho, assim como o conheço.
Juntei minhas únicas e verdadeiras paixões, analisei com base neste sentimento e... bingo!
Percebi com uma simples reportagem televisiva que, o que realmente me encantava nas mulheres não era sua beleza externa ou interna, seu caráter, sua personalidade, ou detalhes e características boas e marcantes... eram sim, seus defeitos aparentes e não aparentes.
Percebi de uma vez por todas, que todas (eu disse todas) as mulheres que realmente me apaixonei na vida (não todas que me envolvi), tinham uma coisa em comum: distúrbios psicológicos capazes de me causar os problemas mais insolúveis que se pode ter. E assim, meus olhos brilhavam descontroladamente.
A coisa funciona de maneira bem simples... só consigo abrir meu coração e me entregar para aquelas que possuem a estranha capacidade de me fazer sofrer, sem possibilidades de chamar a assistência técnica ou de sarar a ferida. Só perco meus freios realmente por aquelas mulheres que possam confirmar meus esquemas malignos.

Ai é que está. A grande descoberta é que a perfeição que tanto busco, que tanto almejo e tanto procuro nas mulheres que me relaciono talvez não seja bem o que é perfeito, mas sim o que é imperfeito. Não busco a perfeição, mas sim a imperfeição. Ou talvez minha perfeição seja a imperfeição.

Tal constatação é ao mesmo tempo libertadora, e aprisionante. Pela primeira vez na vida estou de frente a algo que realmente me modifica, e ao mesmo tempo me apavora. Ultrapassar esta questão, e deixar-me inconscientemente levar por alguém que realmente presta, passa a ser agora o que há de caminho aparente para a felicidade amorosa. Mas o problema é sempre o mesmo: como fazer isto.

Gostar apenas de mulheres-bomba não pode ser meu carma, minha custa, meu destino. Ninguém merece tal pena. Me nego a arcar com tal sanção. Está na hora de mudar.

Todos dizem que a perfeição não existe...

... mas uma perfeição tão deturpada não poderia existir justamente nos meus parâmetros...

sábado, 23 de março de 2013

As maiores mentiras que já ouvi...


- Me perdoa, juro que não vou fazer mais, te quero de volta. (Pelos próximos 5 minutos);
- Não sou ciumenta. Juro. (“Quem é aquela piranha que olhou pra ti?” – “Minha avó materna”);
- Hoje não, tô com dor de cabeça. (Após o namorado procurar aquilo que elas vivem reclamando que procuram pouco);
- Eu não me importo com aquela tua amiga solteira, jovem, bonita, bem sucedida e que te adora. (Só desejo que ela morra queimada viva);
- Eu não vou reclamar mais, prometo. (Só do futebol, da tua mãe, do teu ronco, da toalha molhada, da tampa do vaso...);
- Não te largaria por qualquer coisa no mundo. (Só pelo vizinho, colega de trabalho, amigo, desconhecido da balada, cachorro, papagaio, periquito...);
- Eu só me atraio por ti. Só penso em transar contigo. (Além do vizinho, colega de trabalho, amigo, desconhecido da balada, cachorro, papagaio, periquito...);
- Não sei viver sem ti. (Nem contigo);
- Não me importa o carro que o homem tem. (Desde que seja grande, novo, luxuoso, esportivo e caríssimo. Ah, e que chame bastante atenção, claro.);
- Não me importa se ele tem dinheiro ou não. (Desde que tenha para as festas, para os jantares, motéis da moda, viagens ao exterior, joias, roupas de marca e para me sustentar por completo);
- Não me importa se ele é bonito ou feio. Não faço questão de beleza. (Tipo, pode ser feio como o Gianechinni);
- Odiamos homens cachorros. (Deve ser por isto que os bonzinhos só se fodem);
- Dei super pouco na vida. Passava muito tempo sem dar pra ninguém. (Regra do “3” das mulheres, lembram...?)
- Mulheres traem só se envolver sentimento. (Aham. Sim. Pois é);
- Mulheres não peidam. (Só quando comem);
- Não me importo em passar perrengue, desde que tenha amor. (Mas amor nenhum sobrevive ao perrengue);
- Sou uma mulher que não sonha em casar. Quero ficar solteira o resto da vida. (Ou até meu príncipe encantado chegar no seu cavalo branco);
- Eu não te amo. (Te amando perdidamente);
- Eu te amo. (Não posso te ver mais pela frente);
- Eu não quero ser mãe. Não penso em ter filhos. (Nenhuma mulher quer... não é?);
- Vou começar a dieta. Amanhã. (Hoje não, tem pizza);
- Juro que vou buscar tratamento psicológico. (Mas na verdade, espero deixar de ser louca bipolar sozinha);
- Eu não gosto de fofoca. (Só quando o assunto sejam outras pessoas que não eu);
- Adoro estudar. (Mas antes, tenho de passar algumas horas no face, no instagram e no twitter);
- Telefone? Odeio. (Falo só a 1h30m necessária);
- Eu nunca menti na vida. (Só agora);
- Se tu não tiver dinheiro, não tem problema, eu te ajudo. (Até encontrar outro que tenha);
- Adoro teus amigos! São todos ótimos! (É só não falar nem encontrar com eles que tá tudo certo);
- Minha mãe te adora! Te acha o genro ideal! (Ela só é uma bruxa má que faz feitiços para que tu morra sendo devorado vivo por animais peçonhentos);
- Minhas amigas? Todas putas! (Que moram no convento);
- Meus irmãos não tem ciúme de ti. (Só querem te matar desde que te conheceram);
- Não gosto de homem musculoso. (Só daqueles que são maiores do que tu);
- Não gostaria de ter peitos grandes. (Por isto que o Brasil deve ser recordista de implantes de silicone);
- Homens brocharem...? Nós mulheres entendemos perfeitamente. (FDP!!!);
- Meu ex-marido? Esqueci completamente. (Só penso minuto sim, outro também);
- A esposa do meu ex-marido? Adoro ela! Sou amiga! (Aquela puta...!);
- Não tenho inveja por ela ser mais magra do que eu. (Aquela puta...!);
- Só homem pensa em transar com a melhor amiga da namorada, com a cunhada, com a prima, etc. (É, e eu sou o palhaço Bozo);
- Tamanho não é documento. (Desde que tenha mais de 20 cm);

E a pior de todas:

- OOhhh OOhhh UUhhh UUhhh AAhhh AAhhh... EU TO GOZANDO... (Será que a Morena vai ter filho na caverna mesmo...?).

 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Bipolaridade: Percorrer da Starway to Heaven até a Highway to Hell em segundos...

Previamente, gostaria de esclarecer que este texto que estás prestes a ler não foi escrito por um psicólogo ou psiquiatra especialista em distúrbios psíquicos, e que, portanto, o mesmo pode conter falhas no sentido literal dos assuntos abordados. Tais palavras a seguir foram escritas baseadas unicamente em experiências estritamente pessoais, e se, ao lê-las, não concordares com o que está ali contido, releve, por favor, as falhas deste que vos fala.

Hoje gostaria de abordar um assunto que está relativamente na moda, como sendo talvez um dos males humanos mais famosos descobertos nas últimas décadas. Quero falar amadoramente sobre a bipolaridade, assim, como se estivéssemos conversando sobre o assunto.
De acordo com pesquisas realizadas (por mim) junto a profissionais da área, a bipolaridade é uma forma de transtorno caracterizado pela variação extrema do humor, normalmente alternando fases entre a maníaca (caracterizada pela depressão, profunda tristeza, inibição, lentidão de raciocínio, ansiedade, falta de vontade em geral), e a hipomaníaca (caracterizada por uma gigantesca alegria e exacerbada euforia). Geralmente as fases se alternam de acordo com o nível de estresse, e apesar de não haver idade certa para o problema ocorrer, normalmente estes distúrbios acontecem com mais frequência entre pessoas acima dos 30 anos, sem distinções entre os sexos, mas com um fato estranhamente corriqueiro: a maioria dos bipolares são divorciados ou colecionam relacionamentos falidos, talvez até em decorrência da variação gigantesca do humor pessoal.
A maioria deles não sabe de seu transtorno, ou nunca tiveram diagnosticado o seu problema. Sendo assim, talvez nunca tenham pensado realmente que possam ser portadores do distúrbio, atribuindo as suas extremas variações de humor e comportamento como simples “altos e baixos”, ou como decorrência de circunstâncias momentâneas.
Bem da verdade, eu não gostaria de tratar do assunto analisando só como o Bipolar é ou age, mas também abordando os efeitos que estes dois seres contidos em um só ocasionam em quem se propõe a viver uma rotina em conjunto, ou seja, a quem se apaixona por este individuo.
Escrevo agora na qualidade de alguém que convive com uma pessoa que sem saber, é bipolar. Recordo-me de uma novela, que acredito ser Irmãos Coragem, onde uma personagem interpretada pela Glória Menezes tinha o que na época chamavam de “dupla personalidade”. Acredito que esta personagem hoje exemplificaria claramente o que é o transtorno bipolar para aquele que está de fora, observando e ao mesmo tempo, tentando acompanhar o que é quase impossível de ser acompanhado. A sensação de conviver com um bipolar é mais ou menos como tentar empinar uma pipa e mantê-la estável durante um furacão. Nunca se sabe com quem tu acordarás, e que tipo de dia tu terás ao lado desta pessoa. Não há como ter preparo prévio, e esta falta de previsibilidade do que irá acontecer enlouquece qualquer um.
De maneira clara: é como se duas pessoas completamente diferentes vivessem dentro de uma só, alternando com a velocidade de um raio a personalidade que vai aparecer, sempre de maneira forte e enérgica. Estas duas pessoas são realmente completamente diferentes, inclusive em suas características mais marcantes, até valores pessoais e familiares. O sol e a lua, o dia e a noite, Grêmio e Inter, preto e branco, doce e salgado, mole e duro, vivo e morto... tudo dentro de um individuo somente, que não se divide em dois... é dois por completo e em separado, em momentos distintos.
Para de maneira muito simples deixar claro o que acontece e qual é a sensação, como exemplo usarei esta pessoa que citei, e suas duas personalidades distintas. Chamarei a primeira de Bruna, e a segunda de Aline.

Bruna é a personificação da alegria em pessoa, exala simpatia e queridez. Aline encarna com perfeição o inferno na terra, é tão sombria e triste quanto a pior das noites.
Bruna amanhece com entusiasmo, descansada, feliz, de ótimo humor e alegre. Aline não quer nem que o dia amanheça, agindo o resto do dia como se ainda estivesse na cama.
Bruna gosta de sorrir, fazer piada e rir alto de boca aberta. Aline odeia alegria, acha besta rir, e se irrita com quem está alegre ou rindo a sua volta.
Bruna não fuma, não bebe, come bem e se preocupa com a saúde e a boa forma. Aline bebe muito, fuma compulsivamente, passa talvez dias sem comer ou ter fome, e está pouco cagando com o que vai lhe fazer bem ou mal.
Bruna me ama a ponto de declarar seu amor pessoalmente e publicamente. Aline alterna momentos de ódio puro por mim com momentos de total indiferença, como se eu fosse um vaso, uma cadeira, uma mesa, um utensílio doméstico qualquer, algo inanimado dentro de casa.
Bruna é atenciosa, a ponto de levantar da cama cedinho da manhã para preparar meu café antes que eu saia para trabalhar. Aline chega a odiar o beijo de bom dia e de despedida, pois atrapalha seu sono.
Bruna é sensual, sexual, extremamente fogosa, gosta mesmo das noites calientes que temos entre quatro paredes, se interessando e muito por tudo o que fazemos na cama. Aline se irrita em ter de dividir o espaço da cama com alguém, e se esse alguém chega muito perto ou tem a petulância de insinuar algo, empurra com força para o outro canto.
Bruna é de confiança, honesta e séria quando o assunto é fidelidade. Aline se insinua para outros homens, pouco se importando com quem esteja, por vezes até na frente do titular ou de todos os seus próprios amigos e parentes.
Bruna se acha linda, tem orgulho do seu corpo e se gosta muito. Aline se esconde embaixo do lençol, transa de camiseta e não gosta que lhe abracem pois com as mãos podem tocar o que está insatisfeita.
Bruna gosta de trocar carinho, de beijos, de abraços, de cheiros no pescoço, me procura muito para oferecer tudo isto e pegar a contraprestação. Aline passa dias sem nem me olhar, não fala comigo, reage mais fria que o polo sul quando é beijada e não gosta de proximidade corporal. Atitude própria em busca da troca de carinho não existe. Este ato é mais raro que comunista tomando Coca-Cola.
Bruna é muito educada, preocupada com o que vai falar e com as consequências de suas palavras. Aline me ofende muito, fala palavrão a toda hora, palavras de baixo calão em qualquer inicio e fim de frase, não se importa com este fato e com o mal estar que vai me gerar, e tem certeza que sou obrigado a entender e aceitar qualquer coisa que me fala ou faz.
Bruna é animada, gosta de sair, de se divertir e de aproveitar bons momentos. Aline inventa desculpas para não comparecer a eventos já combinados, atribuindo sua completa falta de animo a qualquer coisa que não seja a si mesma.
Bruna dorme noites inteiras profundamente feito um anjo. Aline dorme pouco, acorda com sono e bota a culpa do mau humor erroneamente neste fato.
Bruna me abraça durante a noite, puxando meu braço quando estamos de corpos separados dormindo. Aline talvez preferisse que eu nem estivesse ali.
Bruna é autoconfiante, segura de si e não precisa de autopromoção. Aline necessita humilhar quem lhe gosta, principalmente seu homem, de preferência na frente da família ou dos amigos, para se autopromover e se sentir mais valorizada.
Bruna fala em casamento, faz planos de uma vida inteira a dois e fala claramente em como seria a cerimônia. Aline quer ser solteira a vida toda, não se importa (falsamente) com a solidão e com a solteirice, e faz discursos inflamados contra a condição de um relacionamento sério.
Bruna não se importa com a ideia de ter filhos, e cogita o fato com naturalidade. Aline diz que é impossibilitada fisicamente e psicologicamente de tê-los, colocando culpa inclusive na impossibilidade biológica que diz ter.
Bruna liga a noite para dizer que está com saudade, me pede para ir a casa dela logo mais, e que quer nem que seja, dormir ao meu lado algumas horinhas. Aline não dá valor algum a longas viagens realizadas para vê-la, a todos os esforços envolvendo distanciamento da família em momentos importantes, na chegada age friamente na saudação, e ao longo de todo o convívio deixa muito claro que não está muito se importando com o fato deu estar ali. Passado um lapso de tempo, pede literalmente para que eu vá embora.
Bruna sente minha falta e não consegue viver sem mim. Aline rompe comigo porque não gosta de sair da sua zona de conforto.
Bruna dá muito valor a nossas conversas e a minha opinião sobre todos os assuntos, importantes ou não. Aline diz que o que menos precisa é da minha palavra, e que a mesma é completamente dispensável.
Bruna é sensível, sociável, analisa as coisas utilizando um misto saudável de razão e emoção, enfrentando os problemas com menos dificuldade, e aceitando ajuda dos outros. Aline é dura, cruel, prega que a melhor maneira de se lidar com as dificuldades é sendo uma pedra, fria e seca, agindo sozinha e tomando porrada de todos os lados.
Bruna compartilha decisões. Aline manda. E ai de quem não obedecer.
Bruna é muito querida e uma companhia agradabilíssima... Aline sinceramente... é insuportável...

Conviver com um bipolar é algo que realmente tem prazo de validade para aqueles que têm opção de escolha. Existe uma obrigatoriedade de adaptação que se torna um caminho tortuosíssimo, e em minha opinião, intransponível, pois já que a cônjuge age como duas pessoas diferentes em momentos diferentes e imprevisíveis, aquele que a acompanha tem de adotar dois comportamentos diferentes também, adaptáveis ao momento que se apresenta, para tentar ao menos, ter um pouco de paz... mutação que claramente não é possível para aqueles que são únicos, unos, estáveis e coerentes em todos os seus momentos. Quem não é bipolar, não consegue ser de proposito ou por querer.
Há de se considerar e avaliar ambas as personalidades, seus verdadeiros pesos e medidas, como se fossem colocados opostos em uma balança. Se a Aline pesar mais do que se possa aguentar, infelizmente a Bruna perderá seu valor... e meu objetivo passa a ser a busca pela tranquilidade e pela felicidade pessoal, abandonando o relacionamento por completo. A Bruna não consegue ser separada da Aline, e a Aline não pode ser descartada da Bruna. Não existe a possibilidade de se ter apenas uma das duas. O pacote engloba ambas, em conjunto... sem direito a optar pelos opcionais de fábrica que mais me agradam. Não dá pra escolher viver com uma, sem ter de ser obrigado a lidar com a outra.

Confesso: da Bruna, dos momentos especiais e das felicidades que ela me proporcionou, eu sinto saudades e falta. Escolheria ela para ser a mãe dos meus filhos, e a tornaria minha esposa a qualquer momento, em qualquer oportunidade. A amaria com todas as minhas forças e gostaria de compartilhar o resto dos meus dias com ela...

... Já da Aline eu quero a maior distância que duas pessoas possam ter. Quero ter a cruz que afasta este demônio que habita o planeta terra. Nunca mais quero ter que passar por situações iguais as que ela me impõe, ou ter de conviver com alguém que contenha ao mínimo algum dos seus traços malignos.

Digo com veemência: infelizmente viver a vida ao lado de alguém que te coloca entre a Starway to Heaven e a Highway to Hell... só é possível mesmo no MP3...

domingo, 24 de fevereiro de 2013


Nunca fui de copiar textos de outros(as) autores(as) para explicitar aquilo que penso. Mas com este, com este foi diferente. A autora destas sábias palavras é a grande dama Fernanda Montenegro, talvez um dos únicos indivíduos brasileiros que representam uma unanimidade na opinião nacional. Sem mais delongas, passo a apresentar o belíssimo texto que a mesma escreveu. Abraços e beijos carinhosos a todos vocês! Logo logo, estarei voltando.

 

"O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afectado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.

Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha ‘Salvem os Homens!’ Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

1. Habitat

Homem não pode ser mantido em cativeiro. Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.

Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.

2. Alimentação correcta

Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um ‘eu te amo’ no café da manhã os mantém viçosos, felizes e realizados durante todo o dia.

Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.

3. Carinho

Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.

Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.

4. Respeite a natureza

Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros? Case-se com uma Mulher.

Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.

5. Não anule sua origem

O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apoie.

6. Cérebro masculino não é um mito

Homens não gostam de mulheres burras. Alguns procuram aquelas que fingem não possuir cerebro (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurónios a menos). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objecto de decoração. Se você se cansou de coleccionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade. Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja desses, aprenda com eles e cresça.

E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens. Não faça sombra sobre ele…

Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma. E minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!

Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom! Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.

Com carinho,
Fernanda Montenegro"

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Um brinde...!


É incrível como às vezes sentimos a necessidade de escrever. Por vezes, com os acontecimentos da vida, sentimos a vontade incontrolável de externar o que nos acontece, mas claro, de maneira a não nos expor sem o devido controle.

Hoje sinto a necessidade de brindar e comemorar algo. Brindar e comemorar, além de necessário às vezes, é salutar, e de extrema valia.

Levanto minhas taças nesta noite comemorando as diferenças que existem entre as pessoas. Sim, as diferenças, e não o que existe em comum. O quão chato seria o mundo e a vida se nos relacionássemos com aqueles que apenas nos concordam. O quão difícil seria a vida se não tivéssemos de conviver com aqueles que nos dizem que estamos errados, que estamos trilhando o caminho que não se deve trilhar, que a direção seguida não é a ideal.

Barack Obama, agora em sua reeleição, nos disse sabiamente que prefere se cercar de pessoas que apontem seus erros, ao invés daquelas que apenas o bajulam. A grandeza disso é inimaginável e, acredite, extremamente benéfica. Por vezes nos vemos pensando e acordando em coisas erradas, em maneiras erradas de se enfrentar a vida e as dificuldades. Feliz daquele que tem quem diga: “cara, para um pouco e pensa. Estás fazendo isto errado...”, ou “mude porque isto não será mais aceitável...”.

Tudo o que fazemos, fazemos respeitando um protocolo que aprendemos com o tempo. O nome deste protocolo é “esquema”. Os nossos esquemas são como forças imperceptíveis que nos fazem agir de modo a nos proteger sempre, da maneira como aprendemos que é e será melhor. O problema é que quase sempre estes esquemas te limitam e te trazem problemas inconscientes, problemas estes que tem consequências que, se não fizermos as devidas manutenções, nos criarão situações definitivas futuras que não são as desejáveis.
Aprendemos por exemplo, a lidar com quem nos relacionamos com atitudes e comportamentos que muitas vezes não são os ideais, não são os corretos. Estas atitudes nos trazem dificuldades, e conforme citei, são imperceptíveis. Todos nós, de uma maneira ou outra nos defendemos, mesmo que seja concordando com o que não se deve concordar e aceitando o que não se deve aceitar.
Aí é que está. O problema é que este tipo de conduta te traz malefícios que te impõem um prazo de validade às situações. Saber identificar o quanto antes estes malefícios citados é uma grande vitória. Saber o que está acontecendo, saber as consequências disto, e tentar concertá-los, é o caminho a se seguir, sempre.

As pessoas são diferentes, eu já falei (e comemorei). Todas elas têm os seus esquemas para lidar com o que acontece, também já citei isto. O elemento cerne da questão que quero abordar é que, quando dois mundos diferentes colidem, os donos destes mundos têm de ter a humildade de aceitar que a conduta adotada anteriormente talvez não seja a ideal, talvez não seja a correta. A vida muda, as pessoas passam por ela como água por debaixo da ponte, e não podemos querer tratar a todos os que aparecem na nossa frente da mesma maneira, ou da maneira que aprendemos com outras pessoas que estavam na mesma situação que as novas. Todos são diferentes, e FELIZMENTE, temos de ser pessoas diferentes na lida diária com elas, conservando a essência, é claro.

Todos nós nos deparamos com isto, com termos gente diferente e estranha ao nosso lado. Todos nós nos vemos por vezes em bretes, vielas sem saída, procurando analisar se devemos ao menos pensar no que contribui para as dificuldades aumentarem, e no que devemos mudar.

Felicitemos a isto, meus queridos companheiros! Felicitemos a evolução diária, ao aperfeiçoamento humano, a vida que a cada dia nos ensina o que lutamos às vezes em não aprender, nos escondendo atrás de características que não são definitivas (apesar de termos a pia certeza de que são...) e não nos ajudam. Felicitemos as críticas, as não concordâncias, a tudo aquilo que depois da poeira baixada, nos mostra que a mudança e a evolução não só é necessária...

... como nos trará benefícios futuros.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Reflexos subliminares...


Quando temos uma pequena aptidão para escrever, e não temos muita experiência, nos deparamos por vezes com bretes e bifurcações que nos dificultam um pouco na prática de colocar as idéias no papel. Esses becos sem saída ocorrem com mais frequência quando estamos nos relacionando com alguém.
Traduzir os pensamentos em palavras continua sendo relativamente fácil, o que não é fácil na verdade é COMO fazê-lo sem ter de pagar por isto. Existe sempre o risco da identificação intima, ou seja, o risco de escreveres algo, a cônjuge identificar aquilo como um recado, e este fato ter reflexos de simples a graves dentro do teu relacionamento.
Palavras ditas tem reflexos com um certo nível de gravidade, mas acredite, os reflexos das palavras escritas por alguém que tem esta prática, são muito mais graves.
Na duvida, não ultrapasse. Já diz as placas de transito contidas em nossas estradas de mão dupla. Na duvida, não escrevemos. Está é a prática recorrente. Se tivermos alguma dúvida quanto a nossas palavras criarem problemas ou não, não às utilizamos. É o que acontece. Deixamos de escrever muitos e muitos artigos respeitando esta premissa.

Agora, admito que não saiba realmente se esta prática está certa ou não em ser adotada.

Vejo exemplos do contrário. Apesar de não ser um grande fã, Caetano sempre escreveu e se inspirou em qualquer coisa para compor suas músicas, se inspirava até em outras mulheres e na sua bissexualidade, estando casado, para escrever. Nunca se impôs limites ou amarras, cercas ou parâmetros no momento da composição, o que de certo modo sempre foi um dos motivos da existência da sua grande legião de fãs e adoradores.
Chico, Vinicius, Gil, Milton... todos eles. Nunca impuseram limites às palavras durante as suas obras, colhendo claro, os frutos desta postura. Não que ser extremamente livre ao escrever seja sinônimo de sucesso e popularidade (até porque não é este o intuito deste que vos fala), mas talvez esta liberdade seja uma das premissas para que a atividade de fazer artigos seja ao mínimo... prazerosa. Talvez o escritor tenha de ter total liberdade para escrever seus textos, sem se preocupar com os reflexos futuros daqueles que os lerão, principalmente se estes ocorrerem dentro de sua vida pessoal, criando ou não dificuldades.
 
Atitudes são atitudes, reflexos são reflexos... mas enfim, ferramentas também são ferramentas. Tenho de admitir também que o fato de escrever algo, e tua namorada entender que aquilo possa ser um recado teu para ela, é sim, uma grande ferramenta para dizeres algo que queres dizer, mesmo que normalmente tenhas algum empecilho para que isto seja feito pessoalmente, seja este de ordem particular ou de ordem comum. Temos de admitir sim que, todo texto tem uma mensagem a ser transmitida, e um alvo na mira para esta mensagem.
 
Não venho até vocês hoje, declarar minha liberdade. Não tenho este intuito aqui e agora. Não é esta a intenção. Penso que talvez esteja escrevendo este texto agora, mais com o objetivo de dizer que sim, todo texto tem um MOTIVO para ser escrito, todo texto tem uma INSPIRAÇÃO, e TODO TEXTO, SEM EXCEÇÕES, quer dar um RECADO, deixar uma MENSAGEM, ENSINAR algo, talvez até mudar práticas alheias... tendo sempre UM ALVO em mente... uma pessoa. Por mais que digamos que não após.

Se este alvo é ou não sua namorada, esposa, amante, ficante, rolo... deixa assim ficar... subentendido...

 

 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Olho por olho, dente por dente, coração por coração...


Há tempos venho procurando um motivo, um assunto, uma inspiraçãozinha qualquer para voltar a escrever. Nunca fui um escritor profissional, daqueles que escolhe assunto e momento certo para colocar as ideias no papel, digamos que os assuntos sempre vieram por si mesmos, e os momentos em que escrevia eram os mais variados. Apropriados e inapropriados.
Hoje não foi diferente. Estou neste exato momento em plena jornada de trabalho, escrevendo sobre um assunto que me veio à cabeça hoje pela manhã, após uma noite de pouco sono de qualidade. Enquanto estava tentando dormir, lembrei-me da famigerada lei de talião (se escreve com letra minúscula mesmo, pois não é nome próprio), aquela que todos conhecem pela máxima “olho por olho, dente por dente”. Trocando em miúdos, consistia basicamente num sistema onde crime e pena eram equiparados, sendo assim, a justiça era feita impondo ao criminoso o pagamento na exata moeda do dano que causava. Se matasse, morria, se ferisse, era ferido. A regra era que a punição deveria ser exatamente igual ao crime.

Analisando friamente, cheguei a dois questionamentos:

Será que tal lei hoje ainda é aplicada? E se for, onde, como e quando a mesma entra em prática?

A primeira coisa que me veio à cabeça foram os misteriosos caminhos do amor. Não me pergunte por que e como (coisa de insone...) peguei-me indagando o seguinte: onde a reciprocidade poderia ser mais bem aplicada do que em um relacionamento amoroso? Onde o ato e a consequência (misturando aqui já a lei de talião com o principio da proporcionalidade da causa e do efeito) deveriam ser mais equiparados, mais isonômicos, mais igualitários? (Um anexo: Importante aqui frisar que não falo sobre o cometimento de atos errados e suas respectivas consequências, falo sim sobre a troca de amor, de carinho, de sentimento, e o respeito à reciprocidade nestes momentos).

Quem já leu alguns textos específicos deste blog sabe que sou um homem carinhoso. Tenho literalmente muito carinho a dar, e sendo um homem também leal, costumo ter em estoque muito mais carinho do que uma pessoa só necessita. A consequência disto é que, para não exigir demais da pessoa que está comigo, e também para não trair meus valores e princípios de fidelidade, acabo espalhando este carinho por vários entes permitidos: família, namorada, filhos, cachorros, amigos, objetos pessoais, etc. Todos são contemplados com muitos beijos, abraços, palavras carinhosas e atenção. Problema então é fazer o link com a lei em voga deste texto:
Se sou muito carinhoso, por óbvio, gosto de receber muito carinho e atenção também. Olho por olho, dente por dente, coração por coração. E admito: peco por ser exigente neste sentido. Todos aqueles que recebem meu carinho em abundância, acabam por receber também um carnê de pagamento: dar-me em troca um nível elevado de atenção. Exigência injusta... não conheço uma viva alma que tenha a mesma aptidão para encher alguém de afagos...
 
Cometo o crime de ser carinhoso demais, e crio a expectativa de receber a pena na mesma moeda. Alguns dirão que ser carinhoso demais não é crime, outros dirão que gerar tais expectativas é que seria o real crime... eu digo que até hoje, paguei penas fortíssimas por amar demais, acreditando que ser assim não seria crime algum...

... mas as noites insones costumam ter justas penas: penas em forma de questionamentos... e me dou o direito de me questionar sempre quando acho cabível, independente se o ato de se questionar é questionável para alguns, e aceitável para outros. Para mim é normal, e mais... é salutar.

Indago-me, portanto, qual é a solução para tais infrações penais: Amar menos? Aceitar ser menos amado? Amar e esperar menos amor? Ou simplesmente... continuar amando exageradamente confiando  que o amor é algo que não se deve ter medidas?

Amo-me como nunca me amei antes. E alguns dirão que é isto que importa. Eu mandarei literalmente essa filosofia barata se fuder e pedirei aos donos dela prestarem atenção no que estou escrevendo: não é o meu amor próprio que estou colocando em júri popular, mas sim a consequência disto...

 ... se estou certo em acarinhar exageradamente e esperar o mesmo carinho em troca...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Grande Tribunal...


Todos nós, inclusive aqueles que não são ligados à área do direito, estamos acostumados a figura do tribunal. Sempre quando pensamos nesta palavra, facilmente conseguimos imaginar um juiz a julgar, jurados ouvintes atenciosos a direita, o réu individuo que está sendo acusado sentado ao meio, seu advogado tentando lhe defender ao seu lado e o promotor em pé a acusar. Existe até um gênero de filmes e séries americanas que usam julgamentos como temática, os chamados filmes de tribunal: “Perfume de mulher” e “Law and order” são exemplos clássicos.

Se ao ler isto, conseguiste imaginar o que é um tribunal também, meio caminho andado para mim. Hoje escrevo não para falar sobre algum júri popular ocorrido ultimamente, ou algum julgamento que está ocorrendo, ou até de algum que já tenha presenciado. Escrevo para enfim, explicitar o tão esperado momento onde eu mesmo, com uma pequena ajuda, consegui enxergar qual é o grande júri da vida, aquele que realmente importa: o nosso próprio.

Não sei se já conseguiste perceber, mas diariamente nos encontramos em sucessivos juris, em sucessivos “autojulgamentos”. Se já conseguiste perceber, parabéns, pois só agora este fato saltou-me aos olhos, só agora consegui perceber as figuras presentes do réu, do promotor, do juiz, do júri e do advogado de defesa, todas elas concentradas na minha própria pessoa.

Coisa de maluco¿ Pode até ser. Mas quantas vezes já pegaste o promotor interno te acusando ferrenhamente, te chamando de fracassado, perdedor, preguiçoso, e até mesmo... feio¿ Quem nunca aqui já não se pegou convencido de algo negativo sobre si mesmo, apesar de todas as evidências apontarem na direção contrária¿

Imagine o tribunal. Agora imagine o réu, o promotor, o juiz e o advogado de defesa, agora imagine todos eles dentro de sua cabeça atuando, representados pela sua própria pessoa. O que quero dizer é que internamente nos auto acusamos todos os dias, nos auto defendemos, nos auto julgamos e nos auto condenamos ou absolvemos. Mas, garanto a você, querido leitor, que o promotor, aquele que acusa, insistentemente obtém vitórias memoráveis sobre o advogado de defesa, que tal qual um palerma astronômico, não tem competência para combater tais acusações sucessivas. E nós, desta maneira, somos autocondenados todos os dias, todas as horas, todos os minutos.



Um salve para aqueles que foram criados aprendendo a se autodefenderem de si mesmos.



Sei que isto parece figuração de advogado novo que gosta da área que atua, e sei também que para os entendidos em psicologia o que escrevo aqui parece mais artimanha de terapeuta para fazer-nos entender como funcionam nossos esquemas mentais. Mas sinceramente confesso novamente o que confessei antes: pela primeira vez na vida, percebi que meu promotor interno me acusa de muita coisa injusta, e a vida inteira, inteirinha, obteve vitórias memoráveis, conseguindo que eu me autocondenasse em todos os grandes e importantes aspectos da vida.

Está na hora de deixar o advogado de defesa trabalhar. Está na hora de me autodefender de mim mesmo. Está na hora de colocar o promotor em seu devido lugar, negar-lhe as acusações, demonstrar ao juiz as provas abundantemente existentes do contrário, e deixar que o réu (eu mesmo) saia absolvido de algo pelo menos uma vez na vida. Chega de se autocondenar, chega de se autoconvencer das infelicidades não existentes, dos fracassos inverídicos, das derrotas que nunca foram nem jamais serão ao menos... reais.

No grande júri interno da vida, somos nós quem comandamos as peças deste tabuleiro jurídico, e somos nós quem determinamos quem será e sairá vitorioso. Basta apenas aprender a como corretamente manuseá-los, a como fazer com que o advogado de defesa seja digno de vitórias memoráveis nos juris diários que nós mesmos, nos impomos.

sábado, 22 de outubro de 2011

Traição

Um dos assuntos mais abordados por pessoas que comigo debatem sobre meus textos é a traição. Relato aqui os dilemas e as perguntas que são sempre as mesmas, apesar das situações serem sempre diferentes: O que é traição? Levando em conta as convenções sociais de hoje, podemos trair? Devemos ou não perdoar uma traição? E afinal, qual é a receita básica para identificarmos previamente um(a) traidor(a) em potencial?

Como diria Jack o estripador, vamos por partes.

Segundo o Aurélio, o vocábulo traição é a simples “infidelidade no amor”. Sinceramente? To pouco cagando para esta definição. Para mim, quem define o que é ou não traição somos nós mesmos. Traduzo através das diferenças: para uns, uma pequena olhada ou um sorriso já são traições consideradas, para outros, ver o(a) cônjuge transando apaixonadamente ao vivo com outra pessoa em sua própria cama é tranqüilo e normal. Motivo de prazer até.

Quem definirá isto são os nossos limites, os nossos próprios valores extremamente particulares. Não sou eu portanto, quem direi a ti o que deves considerar chifre ou não. Aprenda a auto-respeitar as tuas próprias definições e a não se importar com o que os outros acham, que serás feliz com certeza. Direto, curto, reto e simples assim.

A resposta para a segunda pergunta está intimamente ligada com a anterior. Podemos ou não trair afinal? Depende. Depende do que tu e a tua parceira consideram como traição. O que interessa nisto é realmente nunca, mas nunca mesmo, trair os sentimentos e a confiança da outra pessoa e, se tens o hábito de seres infiel, tomares como regra o não se importar em ser traído. Regras e pesos iguais na balança sempre. Nada de sorrir satisfeito quando fores infiel e chorar desiludido quando fores traído.

Se não queres ser corno, não corneie. Princípio básico.

Agora a resposta é minha pessoal para a terceira pergunta. Eu particularmente não admito traição, portanto, se sou traído o relacionamento automaticamente não sobrevive para contar história. Não compreendo a revanche como remédio e não interessa o tamanho do vínculo ou do sentimento, não admito a condição e explico o porquê: a traição ao meu entender demonstra o total desrespeito e desconsideração com a vida conjugal e em comum. Para mim, quando duas pessoas se juntam é para justamente juntarem tudo, desde o sexo até as tristezas e alegrias, quando um terceiro entra na jogada, tal situação passa a não existir mais mesmo que momentaneamente. Demonstração clara de que mesmo existindo amor e o caralho a quatro, naquela hora ali o compromisso e o casal na definição clássica deixaram de existir. É fim e ponto final. Um é pouco, dois é bom e três... três é sempre demais para mim.

A desilusão sempre acontece depois de uma traição descoberta, e como o próprio termo diz, a ilusão de um relacionamento perfeito, uma pessoa perfeita, vai embora. Como podemos então identificar previamente quem provável irá nos trair?

É muito mais simples do que se imagina. Basta olhar e analisar bem a família desta pessoa. Se os seus pais, apesar de casados, tiverem um histórico de infidelidades e desrespeitos, já contem o chifre como certo. É batata, de todos os traidores que conheci, 100% deles herdaram esta característica dos seus próprios pais através da criação, e cresceram infelizmente achando inconscientemente que apesar dos arranca-rabos decorrentes, é normal e comum comer ou dar para alguém pela simples oportunidade. Foda-se os escrúpulos e besta é de quem não aproveita.

Cresci tendo como parâmetro o contrário. Meus pais até hoje, após quase meio século juntos, são apaixonadíssimos um pelo outro, e fazem tudo, absolutamente tudo juntos. Ontem, hoje e amanhã será assim. Não há espaço nem de tempo para a infidelidade. Como conseqüência, eu e meus irmãos quando estamos apaixonados somos simplesmente incapazes de trair. A nossa criação nos diz que o relacionamento, o namoro, transcende e ultrapassa a linha do apenas curtir juntos. Como dizem por ai, “a coisa é séria”, séria a ponto do respeito e da vontade de satisfazer e estar satisfeito serem de tão grande valia quanto o amor.

Talvez seja exatamente este o ponto. Se as pessoas se preocupassem mais com a satisfação verdadeira e duradoura, tanto sua como do outro, e se estes agrados fossem mútuos e equiparados, talvez não sobrasse espaço para buscar fora o que não se ganha dentro. Não haveria insatisfação racional e...

... talvez a fidelidade indefectível como a dos meus pais, não fosse tão rara nos dias de hoje...