terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Muda de Merda...

Faz tempo.
Faz tempo que não escrevo. Tempo que não penso. Tempo que não tenho inspiração. Tempo que não tenho tempo.
Sinto falta de certas coisas que tinha por hábito, ou talvez apenas achasse que tinha.
Escrever é algo que me satisfaz, me relaxa, me faz encontrar caminhos pras idéias que sem esta prática, perdem-se por ai, no ar. Ou por vezes até, ficam guardadas de maneira completamente errada.
Passo por um período de transição. Mas qual período não é de transição. As coisas passam a me fazer crer que nunca vão se sedimentar a ponto de serem definitivas e extremamente regentes. Talvez nem devam ser.
A vida segue o seu caminho, o tempo passa, o satisfatório vira insatisfação e o que queremos não achamos em quem queríamos achar.
Os hábitos. Estamos habituados a sermos solteiros, a sermos sozinhos, mas nunca a sermos solitários. E este hábito que não se habitua, acaba por fazer aparecer um outro hábito inerente a minha idade: o cansaço.
Estamos sempre cansados, cansados de tudo. Efeitos do final de um ano que no balanço geral, deu certo em poucas coisas.
Não há mal que não se acabe, mas o que verdadeiramente espero não é um fim, mas sim um início. Um início para aquilo que dá todas as pintas de que não vai iniciar. Um início que talvez não seja bom que venha, mas tal qual um adolescente curioso, teimo em tentar o que sei que vai dar errado.
As experiências, dizem por ai, nunca se acabam. Mas sinceramente, é um puta saco ficar experimentando. A vida experimentada é atrativa até onde as experiências te dizem algo ou te dão sentido, depois de certo nível de experimentação, já não se quer mais experimentar ou ser experimentado, se quer apenas que o verbo experimentar vá para o inferno, levando junto todas as suas conjugações possíveis.
Este texto tinha a intenção de ser leve, de ser feliz, mas infelizmente para ele, o seu autor, que hoje está em uma muda de merda, concorda com o Wander Wildner quando este diz: “eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”...
Nem eu Wander, nem eu.

A cada passo, a cada carro, a cada intervalo comercial e a cada outdoor. Aquilo que me faz falta grita de maneira tão dolorida que até a felicidade dos outros passa a me atingir.
A esperança nunca acaba. Dizem por ai novamente.
Mas é justamente a falta de perspectiva que torna os mais sadios em verdadeiros moribundos.

Vou esperar as férias chegarem. Fazer aquilo que sempre faço, esperando claro que a vida me destine aquilo que me é merecido ano que vem.
Porque desta vez, a coisa mudou neste sentido. Antes eu achava que não merecia, agora além de achar que mereço...

... quero de uma vez aquilo que é pra ser meu. Pra ontem. Independente da fonte.



Aviso aos navegantes: estou de volta, com tudo e como nunca. Vim tomar posse no que é meu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Do esterco saem ensinamentos...

Estes tempos, durante um curto final de semana onde fui visitar os parentes em Guaporé, passei de carro enfrente ao terreno onde era a casa da minha avó materna Olga.
Ela era uma autêntica italianinha (1,50 metro) prendada que costumava assumir todas as tarefas do lar, o que naquela época, demandava no mínimo 15 ou 16 horas por dia, incluso aos domingos. Era a lenha que precisava ser cortada, o fogão queimando o dia todo para cozinhar, esquentar a água para o banho, a brasa para o ferro de passar e também para aquecer os quartos no inverno, o galinheiro que precisava ser limpo, os ovos recolhidos, as galinhas tratadas (por vezes mortas para o jantar), o milharal que necessitava de atenção, a limpeza da casa, das roupas, dos animais... entre tantas outras atividades compulsórias da vida no interior de antigamente.
Casada com um descendente de negros, o que naquela época (1936) era algo quase impossível de acontecer, pode-se dizer que foi pioneira em se libertar das amarras impostas pela família e pela sociedade em uma cidade predominantemente preconceituosa para ser feliz. Foram 81 anos de vida, cinco filhos criados, sendo minha mãe a caçula e única mulher.
A casa era uma autêntica casa de italianos que ainda existe aos borbotões por ai no interior do Estado. No primeiro andar, o porão com piso de chão batido, portas de madeira trancadas com tábuas atravessadas (algumas com ferraduras penduradas) e paredes de alvenaria feitas com tijolos pequenos e reboco simples. No segundo piso, uma casa de madeira amarela com poucos cômodos, um banheiro simples com piso de concreto cru pintado de vermelho, a cozinha grande e a sala cheia de estatuetas de santos, um relógio cuco barulhento e duas poltronas, ocupadas respectivamente pela Vó e pelo Vô Negri. Nos fundos havia um galinheiro, uma grande horta, e alguns pés de cana que me lembro de mastigar nos verões.
Em verdade a casa já não existe mais desde a sua infeliz passagem, há 15 anos atrás. Em nada, tirando algumas arvores frutíferas plantadas pelo meu avô que ainda estão lá, o local se assemelha ao que era na minha infância. Há tempos aquela casa deu lugar a um pequeno conjunto habitacional.
Dentro do porão, além de uma infinidade de coisas úteis e inúteis guardadas, existia um balanço feito com cordas rústicas e uma tábua de madeira azul, que ficava ao lado da porta da frente. Certa vez, quando eu tinha apenas uns 5 ou 6 anos de idade, me recordo de estar sentado me balançando, e ver um cavalo passar e defecar bem de fronte a porta. Aquilo me deu um nojo absurdo, como daria em qualquer um, por conta do cheiro e do aspecto terrível que aquele esterco tinha. Sempre fui um garoto de cidade de certo modo, e definitivamente não estava acostumado a ver animais defecando na porta da casa onde eu estava.
Não consegui voltar para o balanço enquanto não vi minha Vó atravessando o porão com uma pá na mão.
Com destreza, ela juntou tudo o que havia no chão e sorrindo, já no caminho de volta por dentro do porão e em direção à horta, me falou:

- “Isto eu vou aproveitar”.

Aquilo para mim foi perturbador. O que minha Vó poderia querer com aquele monte fedorento de estrume de cavalo? Onde ela ia colocar aquilo?
Em resposta à provável cara de nojo que fiz, sentado no balanço, ela prontamente me explicou:

- “Este é o melhor adubo que existe! Os pé de radicci vão crescer mais forte!”.

Minha Vó foi para um lugar melhor antes que eu pudesse conhecê-la realmente. Apenas durante a minha infância tive convívio com ela e com meu Vô, um dos aspectos ruins de ser caçula filho de dois caçulas. Mas naquele momento, mesmo sem querer, ela eternizou-se nos meus pensamentos com um ensinamento que talvez nunca imaginasse ensinar para alguém.

De tudo nesta vida podemos aproveitar algo. De qualquer coisa se tira uma boa utilidade, inclusive do esterco que fede. Aquele pequeno monte de estrume ajudou para que algo no futuro fosse parar na mesa da família, incluso talvez no meu prato durante mais alguma visita.

É nojento pensar nisto? É sim, talvez tanto quanto pensar que o que nos causa problemas e sofrimentos hoje, pode ser no futuro, algo que nos ajude a crescer/fortificar.

Feito adubo...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A atendente da oficina

Encontrei o Marcelo na rua estes dias e, como sempre, as risadas eram tão altas que chegavam a assustar quem passava.
O guri tornou-se um pequeno empresário bem sucedido. Abriu um negócio próprio nos últimos anos e, com a seriedade e o trabalho que só um cara como ele pode ter, a coisa está prosperando muito (mentira, o negócio está prosperando porque o cara arranjou uma mulher que colocou não só o empreendimento no lugar, mas como ele no lugar também...).
Pra variar, o que sobrou neste papo foram histórias engraçadas. O cara é o parceiro perfeito para se garantir momentos de bom-humor, e simplesmente não é possível encontrá-lo sem dar no mínimo uma meia dúzia de gargalhadas a plenos pulmões.
O Marcelo é um cara que nunca entendeu patavina de mecânica. O vivente não sabe nem trocar pneu direito (disse-me que aconteceu estes dias de furar um na estrada, e que quem trocou foi a “patroa”, enquanto ele fumava um cigarro... não tem nem vergonha o desgraçado). A história que me contou para admitir esta ignorância foi uma das épocas de solteiro.
Ele era dono de um Palio novinho na época, e infelizmente, logo depois que comprou o carro, envolveu-se em um acidente. Uma camionete o fechou em uma curva na estrada do mar, e os danos, “graças à Santa Madre Paulina” (o cara é devoto) foram apenas materiais. Diz ele que a frente do coitado do Palio se acabou, e que tiveram que colocar outra toda nova.
O seguro da camionete, causadora do acidente, pagou por todos os inconvenientes causados por seu motorista. Podendo escolher o local do concerto, Marcelo escolheu uma mecânica-chapeadora muito conhecida e que fica bem pertinho da sua casa. Chegando lá, viu uma enorme oficina que só trabalha com sinistros assegurados, e deu de cara com uma atendente que, muito simpática, veio atendê-lo:

- “O Senhor fará o serviço através de alguma seguradora?” – Perguntou.
- “Sim, farei.” – Respondeu, olhando para as belas pernas nuas torneadas pelo salto alto e pela mini-saia que a tal atendente vestia.

Palavras dele para descrever o que tinha visto:
- “Rafael, pensa em gostosa... agora pega esta gostosa que tu pensaste e multiplicas a gostosura por três. A mina não era boa velho, ela simplesmente tinha a bunda mais gostosa que eu já vi! E os peitos então! Nunca vi coisa tão boa!”
A atendente pediu o número de telefone dele, e deu da oficina, para que qualquer informação sobre o concerto fosse repassada ou perguntada na hora.
De acordo com o que me relatou, o que ele não sabia era que ela, que estava ali toda limpinha, na verdade era uma das que mais entendia de motores e carros ali dentro. A mulher era engenheira mecânica, e além disto vivia dentro daquela oficina desde criança, se sujando de graxa e brincando entre eleva-cars e ferramentas.
Três semanas depois, quando o Paliozinho ficou pronto, ele, todo empolgadão, foi de banho tomado e barba feita buscar o carro. Encontrou-a melhor do que nunca: calça branca da Brasil-Sul com bota bico-fino-salto-agulha preta até os joelhos...
Logo já foi perguntando sobre o serviço, até para que algum assunto fosse puxado:

- “Como ficou meu carro... você sabe?”
- “O serviço ficou ótimo Senhor. O Senhor vai gostar”. – Respondeu ela.

Ansioso para que aquele papo continuasse, perguntou ele, tentando impressiona-la com seus conhecimentos (inexistentes) de mecânica:

- “Afetou o carburador? E o estepe ali do motor? Deslocou de lugar”?

Fazendo cara de deboche, ela respondeu:
- “Meu Senhor, o seu carro é um Palio 2006 quase zero quilometro. O carburador foi substituído pela injeção eletrônica nos automóveis nacionais desde a o final da década de 80. Já o estepe... bom, o estepe fica na parte traseira do automóvel, debaixo do assoalho do porta-malas... já que o seu sinistro foi na parte frontal do carro, qualquer um que sabe ligá-lo poderia entender que o mesmo não foi atingido...”.
- “Ah tá. Só pra perguntar...”.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Irritando Rafael Fernando...

Para mim televisão é entretenimento, é diversão. Mas esta diversão por si pode ser inteligente às vezes. Adoro um programa que assisto no GNT todas as segundas no início da madrugada, intitulado Irritando Fernanda Young.
Confesso que a figura da apresentadora me atrai. Sexualmente falando mesmo. Se fosse analisar o porquê, acho que a imagem de mulher bonita a seu modo e segura de si é super sensual apesar de me assustar um pouco. Mas este não é o ponto que quero focar.
Quero falar da inveja que sinto. A coluna cervical do programa é bem simples: a apresentadora entrevista um convidado, e ambos discutem sobre o que mais irrita tanto a um, quanto a outro. Fala-se sobre tudo, desde hábitos de higiene até situações profissionais ou do cotidiano. É de uma criatividade muito simples e que eu sinceramente gostaria que fosse minha. O assunto é curioso, comum e divertido, e tem como efeito o que eu chamo de “é mesmo”, ou seja, consegue explicitar o que todo mundo sabe ou sente, mas não percebe.
Sirvo como exemplo neste caso. Todas as edições me pego pensando sobre o quanto os aspectos que eles abordam me irritam.
Como diz o ditado, “nada se perde, nada se cria, tudo se copia”. Já que com toda certeza nunca serei entrevistado no programa dela, e que com mais certeza ainda, também nunca terei um programa só meu, utilizo-me do meu paupérrimo blog para reproduzir de maneira direta uma pequena lista de algumas coisas que me tiram do sério. Se concordares comigo, ou tiveres algo a acrescentar de maneira particular, comente mais tarde.

O que me irrita:

- Tele marketing;
- Gente assoando o nariz perto de mim;
- Cheiro de asa;
- Conversas paralelas durante a aula;
- Homem que cozinha;
- Mania de limpeza;
- Atrolho, fila, mau atendimento e falta de segurança em balada;
- Bahia;
- Emo;
- Gillete nova;
- Velha que quer ser jovem e fala alto para chamar a atenção;
- Preconceito;
- A rivalidade “saudável” da dupla Grenal;
- Falar a mesma coisa três ou mais vezes e a pessoa insistentemente responder “hein!?”;
- Politicagem radical;
- “Homem é tudo igual”;
- Papo de malandrão: “Porque eu faço porque eu pego porque eu bebo porque eu brigo porque eu como porque eu acelero porque eu bato porque eu me chapo...”;
- “Bem cuidado aí tio”;
- Mulher com bafo e pelo no sovaco;
- Calor;
- Silicone exagerado;
- Pé feio;
- Cabelo de crente (nada contra ser crente, apenas contra o cabelo);
- Fofoca de historinha inventada;
- Tigrona de bailão;
- “Caiu na rede é peixe”;
- Surdina de CG e RD;
- Vizinho do andar de cima;
- Dono de camionete importada;
- Me acordarem gritando;
- Gente violenta;
- Barraco de velha com velha no meio da rua;
- Corneta de sorveteiro;
- Cheiro de peido no elevador;
- Chimarrão entupido;
- Mastigação de boca aberta;
- Torcedor fanático e que só critica;
- Policial que acha que pode te tirar pra guri e te mijar;
- Não cagar nem desocupar a moita;
- Gente que demora muito no banheiro;
- Desperdício exagerado;
- Falador metido a engraçado onde não tem que ser;
- Mulher que quer mandar em homem e vice-versa;
- Casa cor de rosa;
- Guria com bota do Frankstein;
- Quem fica pedindo chance sem ter feito nada errado;
- Espinha no nariz;
- Verruga peluda;
- Quem começa a falar algo e não termina, despertando curiosidade;
- Quem meche nos espetos de carne enquanto eu asso; E por fim:

- O quanto eu mesmo me acho chato. Hehehehe...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O instinto canino...

Já comentei por aqui que quem tem a capacidade para fazer a razão prevalecer sobre o instinto é, em teoria, mais feliz porque sabe se defender e sofrer menos. Hoje comprovo que por vezes, o instinto deve prevalecer sobre a razão...

- “Cuida os cachorros que eles podem te morder...” – Alertou-me um amigo que, junto de mim, esperava dentro do carro para que o dono da casa os trancasse em sua garagem.
Os cachorros latiam de maneira raivosa, mostravam os dentes, rosnavam, corriam de um lado para outro do pátio. De toda e qualquer maneira tentavam nos afugentar e defender o seu território, nos entendendo como invasores.
Desci do carro com um pouco de cuidado por conta do aviso, apesar de adorar cachorros.
Momentos após, já na lida de carvão-fogo-cerveja-carne, em uma porta entreaberta ao meu lado, um dos cachorros enfiou-se pela fresta com olhar tímido e terno, como se quisesse saber se realmente eu era uma ameaça aos seus domínios. Coloquei em prática o que aprendi com pessoas que entendem de comportamento canino, e mostrei minha mão limpa na altura de seu focinho, para que o mesmo pudesse farejá-la e de sua maneira instintiva, perceber que nela não havia nada que pudesse atacá-lo. A partir daquele momento, o tal cachorro que na verdade era uma cadela, me deu sua total confiança e a cada chamado meu, vinha me fazer companhia acatando meus carinhos. No final da noite dava pra ver a felicidade estampada nos seus olhos quase brancos.
Esta era a Mel, uma cadela de rua que fora adotada pelo dono da casa, e como tal, tinha em sua personalidade traços de timidez e desconfiança muito fortes. O meu ato de mostrá-la que não estava ali para lhe ameaçar foi determinante para que o nosso relacionamento, naquele momento, fosse pacífico o suficiente para garantir segurança, carinho e respeito mútuo no próximo encontro.
Sempre me disseram que cão que ladra, não morde. Nunca havia acreditado nisto, até porque se compararmos com alguns comportamentos humanos...
Existem certas mulheres que, calejadas talvez por motivos que só o passado explica, tal qual um cão, demonstram prévia agressividade para afugentar quem por ventura possa se interessar por elas, mesmo sem conhecer a pessoa ainda. Atacam o que não tem que atacar, falam o que não precisam falar, brincam com o que não devem brincar e tentam nos humilhar de maneira velada, para que nós, possíveis pretendentes, desistamos da tentativa. Se formos persistentes e resolvermos enfrentar, levando o relacionamento adiante, as suas pretensões mais rasas são desde logo, deixar claro que todo e qualquer desvio de conduta futuro será pago com mordidas nos calcanhares.
Mas o que há de tão frágil dentro destes muros e destas cercas de arame farpado para justificar tal atitude?
Arrisco-me a dizer que é a garantia de que assim nós homens, que “somos todos iguais” (que raiva que me dá desta sentença) não lhes causemos nenhum ferimento como os que em outras épocas, foram causados por indivíduos de nosso mesmo gênero e espécie.
Ladram previamente para mostrar que podem machucar. Depois uivam por conta da solidão.

Embretados, nós temos três alternativas:
- Acreditamos que aqueles caninos grandes daquela que rosna alto realmente podem nos morder a jugular, e nos afastamos;
- Tentamos dar a cara à tapa, e insistimos iniciando um relacionamento já fadado ao fim com alguém que exigirá dar aprovação para cada respiração nossa, ou;
- Entendemos que tal qual fiz com a Mel, sem querer comparar as mulheres com nossos amigos caninos, é necessário tentar mostrar que não temos armas em punho, para que talvez ela, se abaixar as barreiras, possa dar-nos o voto de confiança necessário e nos proporcionar um relacionamento pacífico.

Sinceramente, ter de ficar provando idoneidade e caráter cansa. Mas ou se faz isto, ou se desiste de quem se quer logo no primeiro contato. É difícil ter de se arriscar a tomar mordida mesmo não oferecendo ameaça alguma (a ameaça está dentro da cabeça do ameaçado). De uma coisa eu tenho certeza: não quero mais me relacionar com pessoas que deixam previamente claro que terei de travar uma guerra fria com elas no futuro. Por mais que se insista, sinceramente, não há como ter condições de se levar adiante um relacionamento assim. Nestas horas concordo com vários que me escrevem, reclamando que querem alguém que não se precise comprar focinheira, alguém que não seja agressivo por conta do passado que em nada tem a ver com o atual relacionamento.
Hoje em dia, quando recordo dos problemas que tive com pessoas assim, sinto um misto de raiva daquelas “mulheres pit-bulls”, e constato que infelizmente não consegui, nem por alguns minutos, amá-las.

Simplesmente é impossível entregar sentimentos para alguém que só te mostra os dentes e que a cada segundo, oferece o perigo de te morder a batata da perna. Ninguém ama 100% nestas condições, e convenhamos, todos sabem o quanto é bom amar incondicionalmente alguém além de nós mesmos...

A Mel não vai latir pra mim da próxima vez. Isto porque ela, no seu instinto, deu o braço a torcer e me deixou provar que eu nunca vou feri-la.

Arriscou e ganhou meu carinho e respeito incondicional. Tudo aquilo que quero entregar sem receio algum em um relacionamento com alguma humana...

domingo, 13 de setembro de 2009

Novamente... proposital.

No último artigo, escrevi sobre o quanto bom é estar na fase inicial de um possível relacionamento. Hoje, de maneira planejada previamente ao concebimento daquele texto, vou propositalmente me contradizer.
Em uma análise direta, para onde voltarmos as nossas atenções perceberemos que sempre há o céu e o inferno, o bem e o mal, o açúcar e o sal, o mocinho e o vilão. No caso do assunto tratado, não há de ser diferente.
Proporcional ao estado de suspensão, o lado negro da força também é forte e vigoroso, proporcionando momentos de quase descontrole emocional por conta da insegurança que agora traduzo de maneira literal e específica: o medo de não saber os efeitos do que se faz, do que se fala, do que se sente e também do que se está representando para a outra pessoa. Sem falar no fato de que na maioria das vezes, não se sabe ao certo se a pessoa se relaciona atualmente com outras ou não, se há concorrência ativa ou não.
No texto passado citei também que todo o caminho percorrido neste período é planejado, apesar de ser ele completamente sem rumo. Contrariedade óbvia e proposital. Como seria um caminho planejado e sem rumo? Possível?
Sim, é. E a resposta é ao mesmo tempo super simples e super clichê: é aquele que todos sabem como será e o que fazer para percorrê-lo, mas quase nunca sabem onde vai dar. Podemos agradar a pessoa ou não, atrai-lá ou não, chamar a sua atenção ou não. De maneira mais direta, é o percorrer do trajeto da conquista e, o quanto este terá sucesso, que determina se o rumo ao objetivo desejado (conquistar) será tomado. Até lá as coisas correm quase sem navegação.
Contudo, o nível do quanto estamos perdidos/iludidos por vezes se mostra de maneira traiçoeira e cômica ao mesmo tempo. Muitas vezes percorremos o tal trajeto gozando de todas as felicidades das quais tratei, empolgados com a futura parceira e tendo a certeza absoluta de que além de estarmos apaixonados, despertamos uma paixão avassaladora nela também. Finalmente encontramos a nossa alma gêmea...
... até o primeiro beijo ou a primeira noite acontecer. Derrepente e como por um decreto, o encanto vai embora muito mais rápido do que chegou, e a gente fica torcendo para se der sorte, nunca mais encontrar a pessoa. Digamos que todas aquelas expectativas que tínhamos acabam por conta da completa falta de química, aspecto este que é jogado em nossa cara com a sensibilidade de um rinoceronte numa loja de cristais.
Criarmos expectativas e nos frustramos. Traçamos planos, mudamos as atitudes, abrimos mão de certas coisas e, bem no momento onde o início de toda uma nova vida de felicidades e satisfações deveria acontecer, o que acontece é apenas uma enorme decepção.

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O balanço final do que vale a pena ser/fazer quanto as tuas futuras conquistas amorosas fica a teu cargo, querido leitor, até porque quem é responsável pela tua felicidade és tu mesmo, e não o meu texto. Não espere que eu vá oferecer respostas as tuas inquietudes, solucionar as dúvidas que tens intimamente sobre ser ou não ser romântico na hora da conquista. Bem da verdade, temos de ser nós mesmos e pronto.
Temos por obrigação saber o que é melhor pra gente e, na boa, eu sei o que é melhor pra mim. Tanto que faço tudo aquilo que tu leste no texto passado. Se vou me dar mal ou não, se vai rolar química ou não, é um risco que tenho de correr. Sempre tentei ser o mais fiel possível ao que penso e ao que sou quando conheço uma nova menina, ou seja, gosto de ser romântico sim, e não tenho vergonha disto.
Romântico sim, burro não. Existem certas coisas que aprendemos com o tempo e com as outras conquistas amorosas do passado, mesmo que muitas vezes estas mesmas coisas nos façam contrariar o que se sente ou o que se acha certo.
Se a pessoa não se encanta por flores, mas se encanta com alguém que não lhe dá muita atenção, com o foco em alcançar o objetivo de conquistá-la, será isto o que ela terá, mesmo sem perceber que...

...novamente tudo é proposital da minha parte.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Com o freio de mão puxado... de propósito.

Tempos atrás, um amigo me apresentou uma “conhecida”. Sabendo que sou um pouco avesso a este tipo de arranjo, ele preocupou-se previamente sobre qual seria minha reação quanto ao momento que o fato acontecesse, mas resolveu arriscar.
Durante alguma balada que não lembro qual, aproximaram-se ele, a atual namorada e a menina, que nada mais era do que uma amiga do casal que havia externado interesse por mim em outras ocasiões (tenho de admitir, ela era linda... morena de sorriso fácil e pernas longas). Ele tocou em meu ombro, me apresentou a tal e ficaram esperando, ambos os três, por uma reação que talvez não fosse tão boa. Abri um super e inesperado sorriso, e a partir daquele momento, tratei-a como trataria a melhor amiga, com a maior gentileza e educação possível. Conversamos bastante, e tudo acabou por ali no final da noite, com uma saudação educada e carinhosa de final de festa, uma adicionada no MSN e só. Nem beijinho rolou, e a coitada foi embora se achando um lixo no mínimo... ou que eu era gay. Mas paciência.
O tal amigo não entendeu o que eu tinha feito. Segundo ele, momentos após a apresentação, ele primeiro achou que eu fosse virar as costas para a menina (ela também achava), em um segundo momento, vendo que tudo deu certo, pensou que eu agiria como qualquer homem age, pisando afoitamente no acelerador e não demorando muito para “alcançar a meta”, por assim dizer. Esqueceu-se de um detalhe crucial, que particularmente rege todo e qualquer tipo de relacionamento meu.

Tem certas coisas que temos de aprender a dar valor.

Não sei se é pela passagem dos anos, se pelas gerações que vão sendo superadas (percebi nos últimos tempos que a minha já não é mais a atual), se pelas práticas amorosas que entraram em desuso, se é pelos relacionamentos que assustadoramente evoluem para algo cada vez mais informal... não sei. Só sei que vejo uma escassez de algo que hoje em dia, infelizmente, é raro... e respeitando a lei da oferta e da demanda, é tão bom quanto.
Eu já havia escrito sobre isto por aqui, mas quando conheço alguém que realmente me interessa, as vontades que tenho não são as puramente instintivas, aquelas que são esperadas de todo e qualquer “macho alfa”. Juro que a primeira coisa que me vem à cabeça é conhecer melhor aquela pessoa, conversar bastante, saber do que ela é capaz, e principalmente, qual é a sua capacidade de comprometimento, não só referente a um possível relacionamento, mas sim porque acredito que o que nos faz melhores pessoas é justamente isto, a nossa capacidade de comprometimento.
Sim, eu dou valor a outras coisas, e para isto, me utilizo de certas ferramentas que, tal qual as antigas Olivetti, praticamente ninguém mais utiliza.
Costumo (e costumam) dizer que sou um homem “a moda antiga”, ou seja, aquele que, de acordo com toda a rotulagem padrão, puxa a cadeira, abre a porta, presenteia com flores, adora programas românticos... o que ninguém se dá conta é que de maneira quase única pessoas como eu passam e praticamente obrigam quem nos relaciona a passar por fases ou sentimentos que ninguém mais tem tempo ou até paciência para sentir. E o melhor de tudo: fazemos isto curtindo e de maneira totalmente... proposital.
Sou lerdo quando me interesso por alguém. Mas sou lerdo propositalmente. Vou contra a maré e, torturando talvez um pouco a garota, puxo um pouco o freio de mão para tentar curtir ao máximo esta fase inicial de suspensão e encantamento. Que me atire a primeira pedra quem acha que olhares mútuos e brilhantes junto com sorrisos patetas não são bons, e aqui vai um puxão de orelha para aqueles que mentirosamente me responderam que não: está na hora de esquecer o que houve e te permitires a ter este tipo de felicidade. O amor verdadeiro e duradouro existe sim, e é justamente em meio às tentativas que acabam com os burros na água que o encontramos.
Tudo acontece planejadamente, mas ao mesmo tempo sem rumo algum. Temos de respeitar as fases e aprender a amá-las tanto quanto a pessoa que nos envolve.

O primeiro beijo sempre demora um pouco a acontecer, até porque acredito que o que vem fácil, vai fácil. Gosto da patetice que dá após o desligar de um daqueles telefonemas infinitos e que despertam saudades logo após o primeiro minuto. Fico sim, e com todo prazer, com cara de besta quando recebo uma mensagem de texto inesperada daquela pessoa. Gosto do frio na barriga que um encontro inesperado com a pessoa alvo proporciona. Adoro a sensação de insegurança ligada a vários aspectos no momento da conquista, e principalmente...

... adoro também a certeza de que estou certo em ser assim.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Funeral...

Admito que às vezes seja difícil iniciar um texto, principalmente se este faz parte de um processo sofrido de auto-análise, meu esporte favorito. É brabo colocar certos pensamentos na tela, e mais brabo ainda, depois de escrevê-los, sair do dilema de publicá-los ou não.
Dilema este que quase sempre, tem o mesmo fim.
O que funciona para mim na hora de escrever é não ficar me preocupando com o que é moralmente correto ou com o que penso, mas sim com o que sinto ou sentia. É o tal coração na ponta dos dedos. Consigo escrever sobre o que não conheço, mas nunca sobre o que não sinto. O tema que abordo agora segue esta mesma linha, e é um tanto complicado e dolorido. Palavras para no mínimo trinta revisões.
Decidi procurar análise pela primeira vez há alguns anos atrás, quando naquela época, motivado pelo acúmulo de dificuldades, sofrimentos e insucessos em vários campos, achei minha humildade escondida em algum lugar e admiti que precisava de ajuda.
E como as coisas melhoraram depois disto.
O início deste tipo de processo sempre é um choque, pois pela primeira vez na vida tens de encarar o fato de que os teus sentimentos, sejam de alegria ou tristeza, são de inteira responsabilidade tua, ao contrário do que se imaginava até então. Temos a tendência a culpar os outros pelas nossas feridas, e sempre esquecemos que, se aquela ferida existe, foi porque deixamos que ela fosse aberta. Neste momento temos que peitar que a nossa felicidade, finalmente, e de certo modo, infelizmente, está SÓ em nossas mãos.
E não adianta mais se esquivar.
Certos diagnósticos doem quando são feitos, principalmente aqueles que revelam as causas das nossas carências. É neste período inicial que todas são cruelmente jogadas na mesa, para que enxergues o que realmente fere, e para que possas separar o que se quer para o futuro, e o que vais descartar. Aprendes literalmente a lidar com a dor na marra, mas desta vez de maneira mais correta e controlada.
Entre as constatações que me causaram mais dificuldades para transpor, a que revelou o quão alto meu nível de carência afetiva estava foi a pior. Recordo-me até hoje o momento em que me saltou aos olhos esta constatação, através da seguinte pergunta:

- “Tu já te pegaste imaginando quem choraria em teu funeral...”? – Perguntou-me a psicoterapeuta.
- “Já...” – Respondi.

Sempre tinha me imaginado dentro do caixão, mas sem um pingo de desejo de morrer. Imaginava as pessoas ao meu redor, chorando, sofrendo, dizendo e constatando finalmente o quanto eu era uma pessoa boa, reconhecendo o quanto valia para elas e o quanto faria falta. Imaginava as possíveis homenagens, as coroas de flores, quem iria até lá falar algo amoroso sobre mim e até quem que, durante a minha vida não me dera o valor que eu gostaria e que depois de morto, me daria este valor devidamente corrigido através do choro compulsivo e de meu nome clamado. Imaginava-me celebrado e amado naquele momento. Finalmente o reconhecimento, finalmente o carinho, finalmente o verdadeiro valor demonstrado. É o velho e clássico: “tu sentirás a minha falta o dia que eu me for...”.
Confesso que me entristeci muito durante alguns dias depois desta sessão. Foi difícil lidar com o fato de que a carência regia tanta coisa assim nos meus caminhos, a ponto de imaginar o meu próprio funeral para que as pessoas pudessem finalmente me amar e me valorizar. Foi duro.
Alegrei-me um pouco quando, já em outra semana, constatei através de conversas com profissionais ligados a área que tal comportamento é natural e comum, e nem é tão ruim assim. Se não obtemos o que queremos na vida real, o caminho mais fácil é obter em sonho, mesmo que este sonho seja completamente estapafúrdio, e pasmem: levando-se em conta os efeitos a serem atingidos, tanto em um quanto em outro eles serão iguais.

Hoje em dia não me imagino mais morto. Passei desta fase. Mentirei se disser que a carência foi embora, até porque níveis variados de carência serão sempre encontrados em todos nós. Digamos então, que apenas consegui transferi-la para quem realmente interessa que cuide dela.

Como disse antes, aprendemos com a psicoterapia a sermos responsáveis perante os nossos próprios sentimentos. E já que existem e existirão períodos compulsórios na vida em que carinho, amor, reconhecimento e atenção estarão em falta...

É bom que nós mesmos cuidemos disto ao invés de esperar que os outros cuidem, por mais clichê que isto possa parecer...

domingo, 23 de agosto de 2009

Eu acredito em fantasmas...

Chega um dia na vida, em que percebemos que não estamos sós.
Não foram poucas as reuniões sociais onde estive presente em que os assuntos “espíritos” ou “fantasmas” permearam o que seria dito durante grande parte da noite. Pessoas das mais variadas religiões, credos ou até mesmo níveis de instrução, sempre relataram histórias próprias ou de quem quer que seja, onde presenciaram das mais variadas formas o que ninguém na vida deseja ver: algo ali, parado ou se movendo, lhes assombrando.
Confesso que chegava a me sentir deslocado.
Sempre respeitei tais histórias e opiniões dos meus amigos e amigas naqueles momentos, mas sempre deixei claro que, nunca nada parecido havia acontecido comigo nem com ninguém de minha família, e que, portanto e por decorrência disto, era totalmente descrente na existência das tais “assombrações”. Isto durou até este momento.
O que aconteceu hoje não foi um fato especifico, nem ao menos alguma experiência física ou sensorial em que algum ectoplasma teve participação. Foi apenas uma constatação.
Acordei hoje com a extremamente incômoda sensação de que alguém estava me visitando. Mas não eram aqueles fantasmas brancos de senhoras velhas e sofridas das historias regadas a cabernets que eu tanto ouvia. Era outra coisa. Levei um tempo para perceber que aquilo... aquilo era outro tipo de fantasma: os do passado.
Sofro neste momento de um pequeno mal, uma pequena tristeza, uma pequena sensação de que algo se pendura em meu pescoço e me puxa para baixo com um pequeno vigor, como um peso que volta e meia, resolve pesar. O tal fantasma do passado hoje resolveu retornar, como acontece de tempos em tempos.
Nunca lhes dou boas vindas, apesar de perceber que eu mesmo às vezes, faço por onde para que os mesmos apareçam de vez em quando, acreditando inconscientemente que tal conduta seja corriqueira e normal para todos nós.
Corriqueira mas errada.
Isto nunca é saudável. Nunca faz bem reviver o passado e tentar entender o que estava entre a serpente e a estrela.
Todos nós temos os nossos fantasmas do passado e sentimos a influencia deles quando menos se espera. Sentimentos ruins retornam, decepções antigas ressurgem em nossos corações e nos causam dores que ainda brilham como novas. Fotos, sorrisos, abraços e carinhos daqueles que se foram em Terra. Coisas que nos pertenciam e que não nos pertencem mais.
Portanto hoje, motivado pelo fim da minha paciência não só com a simples existência de tais fantasmas, mas sim com o incômodo que os mesmos vêm me causando periodicamente durante anos, tomo uma decisão que beneficiará não só a mim, mas também às pessoas que, pela ação da justiça de Deus e do destino, cruzarão os seus caminhos com o meu.

Livro-me de vocês esta noite, fantasmas decadentes. No passado, vocês existiram, foram reais. Hoje, além de não serem mais a expressão do que é verdadeiro, não há qualquer beneficio ou razão nas suas existências. Se por alguma travessura, vocês se negarem a ir embora como usualmente têm feito, passo então, tal qual um esquizofrênico que não se livra nunca de seus companheiros imaginários, a ignorá-los com todas as minhas forças. Chega. Não agüento mais.

Passo hoje a declarar posse de meus sentimentos. Sei que tenho condições de direcioná-los em alguma direção. Como para um possível futuro feliz, por exemplo...

... agora, controlá-los é outra história.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A super sinceridade...

Faz tempo que não escrevo bobagens. E tenho saudades disto.

Durante os últimos meses, algumas amigas próximas me fizeram perguntas estranhíssimas sobre o universo masculino, cujas respostas bizarras forneci de maneira pessoal e intima. A única coisa que elas me rogavam era por uma “super sinceridade”. Hoje resolvi ir em busca de tais respostas, e percebi que em trechos contidos em praticamente todas elas, ou as suas destinatárias morreram de rir ou me desejaram uma morte lerda e dolorosa. Importante ressaltar que todas são de minha autoria.
Passo a relatar estes trechos aqui, sem as respectivas perguntas e de maneira solta:

- Sim, o nosso pinto realmente diminui quando está muito frio ou quando tomamos banho em água gelada. Mas não te preocupa porque é momentâneo e ele logo volta ao normal.
- Não. Homem não peida mais alto do que as mulheres, peida igual. A diferença está no fato de que os homens peidam alto pra poderem rir, e as mulheres peidam baixinho só pra não precisar admitir que peidam.
- Sim, o homem realmente sente coceira entre as pernas. Eu sei que é difícil de entender, mas tente imaginar um saco de bolitas peludo roçando com a pele das suas coxas o dia inteiro. Agora pense na irritação que isto causa.
- Não, nem todos os homens mentem. Mas existem aqueles que admitem. E eu admito que esteja mentindo agora.
- Se tu traíste teu namorado e mesmo assim ele correu atrás de ti querendo continuar o namoro, é porque ele gosta de ser traído. Aliás, quando é que nós vamos sair...?
- Sim. É possível ter uma ereção parado na sinaleira.
- De jeito nenhum! Homem nenhum gosta do tal dedinho. Os que dizem que gostam ou não são homens de verdade, ou gostam de pensar que algo já fez o caminho inverso naquela via de mão única.
- Mulher peluda ou depilada...? É a mesma coisa que perguntar se o cara prefere “lixa ou lenço de seda...”?
- Cerveja atrapalha sim no desempenho masculino. Mas só quando a mulher bebe demais e passa mal.
- Isso é coisa da cabeça de vocês. Ou tu achas realmente que o cara vai ao menos notar se tu tens mais ou menos celulite? O que ele quer ver é a tua bunda pelada pulando na frente dele e só.
- Querer sair de um relacionamento mais longo pro homem é que nem perder cabelo, podes ter certeza de que vai começar a acontecer pra ele uma hora.
- Sim, os homens também querem casar. Mas só quando chega o momento que ele sabe que é melhor almoçar em casa do que passar fome na rua.
- Jogar futebol com os amigos ou ficar com a mulher emburrada de TPM em casa? ... que resposta tu queres que eu te dê?
- Sinceramente, acho que o homem que diz que é normal trair não é para dizer que trai, mas sim pra justificar todas as guampas que está levando.
- Não tem do que reclamar! Mulher que tem bafo, pêlo grande preto embaixo do braço e chulé, ainda tem cara de chorar dizendo que não arranja homem que presta! Vê se vai num salão e dá um jeito!
- Se eu sou homem que gosta de comer ex-namorada? Tem certeza...? Só se for a dos outros porque as minhas eu quero mais é que se mudem pro inferno...
- Claro que nós também rogamos praga pra vocês. Ou vocês acham que as tetas caem e vocês viram umas baleias com o tempo por pura ação da natureza...?
- Barba é uma merda. Na verdade a gente só faz porque algumas de vocês reclamam que pinica. Só não me pergunta onde.
- Não, não é toda hora. Se fosse, nós não conseguiríamos mijar nunca e também o viagra não teria serventia.
- Óbvio que homem também fofoca. Aliás, homem só fala de três coisas entre si: mulher, futebol e carro. Depois disso o máximo que aparece é cerveja, churrasco e escatologias.
- O homem prefere sempre ter filhos homens pra nunca precisar virar fornecedor. Em teoria pelo menos.
- Porque ele precisa comprar maquina de lavar louça, lava-roupa e secadora? Pra pelo menos poder dizer que fez alguma coisa pela limpeza da casa. E também pra que tu pares de encher os ouvidos dele de osso.

E a última que achei:

- Podes ter certeza, se ele abre a porta e te deixa entrar primeiro não é por cavalheirismo, é pra poder olhar pra tua bunda enquanto tu passas felizinha achando que ele é um homem gentil...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

As paredes da Tia Inês...

Quando eu era criança morava, aqui em frente ao escritório, uma pasteleira que chamavamos carinhosamente de “Tia Inês”. Era uma senhora grande, de fala arrastada, avental branco, saia bege cumprida e olhar cabisbaixo, que tinha o dom de fazer a melhor massa de pastel que eu já provei.
Recordo-me que ela atendia em um Trailer que estava instalado na parte da frente da sua casa, tal qual eram a maioria das lanchonetes ou vendedores de cachorro quente daquela época (foi muito antes do começo das importações da Towner). Esse trailer era circundado por paredes de alvenaria de todos os lados, de tal modo que mesmo que quisessem roubá-lo, ninguém conseguiria. Ele literalmente funcionava dentro de um quarto com uma porta e duas janelas.
Aquelas paredes me deixavam preocupado. Eu sempre pensava que aquele trailer que tinha sido criado para ser uma casa móvel, nunca mais poderia se mover. Imaginações de criança.
A minha ignorância infantil me fazia pensar que tais paredes eram simplesmente indestrutíveis. Eu via um muro e logo tinha a certeza de que ele nunca poderia ser destruído ou derrubado, ou seja, que para toda a eternidade ele estaria ali, fadado a existir igualzinho quando fizeram. Tijolos empilhados ligados por cimento para mim eram indestrutíveis, iguais a pedras milenares. Isso foi antes de ver um pedreiro destruindo uma casa do meu bairro a chutes e marretaços, e também de assistir a uma implosão transmitida ao vivo pela televisão.
Um dia a Tia Inês fechou a pastelaria. As paredes foram derrubadas e o trailer foi retirado, talvez vendido para alguém que restaurasse as suas funções originais, não sei, só sei que ele se movendo e indo embora rebocado por uma Veraneio Bege é uma das minhas lembranças mais remotas de infância.
Muitas vezes criamos imagens que podem facilmente sofrer mutações, basta uma simples confirmação do contrário, como foi ver o pedreiro fazendo voar pedaços de alvenaria com uma simples marreta. As tais paredes brancas do Trailer-Pastelaria me significavam algo intransponível e definitivo, tal qual certas coisas que hoje, moldam a minha vida adulta como ela é. Verdadeiramente única.
Vejo pessoas ao meu redor levantando barreiras sem nem saber qual a causa, serventia ou ao menos a razão de misturar a massa e colocar cuidadosamente tijolo por tijolo, um em cima do outro. Vejo-as se enganando dizendo que tal parede vai servir para que o sofrimento que aquele ventinho frio que corre por ali nunca mais aconteça. Mentira. A verdadeira utilidade da parede é não precisar mais enxergar ou lidar com os sentimentos que moram ao lado e que há tanto as assombram.

A Tia Inês foi embora não porque a pastelaria não dava lucro. Foi embora porque não soube lidar com seus problemas e sofrimentos particulares, do mesmo modo que a maioria das pessoas que, se esforçando pra carregar um peso grande de traumas e emoções (nem sempre verdadeiras) do passado, faria. É muito mais confortável dizer que não quer mais do que admitir que quer e ter que resolver o que nunca foi resolvido.

A barreira serve como desculpa. Serve para esconder que atrás daquela parede, existem razões principais para as dores, e que em nada se relacionam com o frequentemente apontado pedreiro incompetente que teima em dizer que aquela parede não é o problema...

No final de tudo, ele tem razão. É preciso parar de se esconder atrás de exigências que ao mesmo tempo não nos foram exigidas e enfrentar de frente aquela dor vizinha que sempre esteve ali, mas nem ao menos foi notada...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Bom ou mal...?

Assistindo às reportagens da programação vespertina obtive a idéia para este texto. Geralmente neste horário a maioria dos canais exibe programas policiais onde histórias humanas reais (ou nem tanto) são exploradas a esmo. Dentro delas estavam duas que me fizeram pensar na seguinte pergunta: O que define a qualidade de um ser humano? Ou melhor: o que define o quanto uma pessoa é boa ou má?
A primeira reportagem mostrava um benfeitor. Ressaltava as suas qualidades, os trabalhos voluntários em que já havia salvado várias vidas, as campanhas beneficentes, a doação de toda sua fortuna para as causas sociais, a generosidade extremada e os bons serviços prestados a comunidade carente da pequena cidade em que morava... até todos na mesma cidade descobrirem que ele agia com extrema violência com seus avós idosos, agredindo-os com socos e pontapés diariamente. Seria ele bom ou mal...?
Logo após, em outro canal, assisti ao caso de um motorista de caminhão que, cansado da jornada de quatro dias e mais de 16 horas ininterruptas de estrada, dormiu na direção e causou um acidente onde 3 pessoas da mesma família morreram tragicamente. Na investigação do sinistro, descobriu-se que aquele motorista sustentava com seu serviço três filhos biológicos e mais sete adotados (todos requerendo cuidados especiais ou com alguma doença grave), e que aquele frete apressado era necessário para o pagamento da cirurgia cardíaca de uma de suas filhas adotadas, uma menina de 5 meses de idade que tinha Síndrome de Down. E este, seria bom ou mal...?

É de costume natural do ser humano condenar ou absolver. Mas também é costumeiro que entre indivíduos hajam divergências de julgamento.
Porque por exemplo, irmãos que nascem numa mesma casa, que recebem o mesmo tratamento e carinho de seus pais, têm afinidades completamente contrárias com os mesmos? O que define se estes pais são bons ou maus? O julgo de um ou outro filho? Pense bem.
Todos nós temos uma história única, uma vida traçada de maneira extremamente particular, incluso os que vêm do mesmo ventre. Esta vida com traços diferentes faz com que o julgo entre o bem e o mal ou o certo e errado seja, por vezes, contrário. Analise: se até irmãos têm vidas diferentes, sentimentos diferentes e principalmente, afinidades diferentes, é perfeitamente aceitável que o conceito de bom para um, pode não ser o do outro.
Infelizmente o que não está claro para a maioria de nós são as verdadeiras moradias do mal, ou seja, de onde vieram a causa de nossos problemas. As divergências continuam neste campo também, pois o que para um pode ser sinônimo de uma infelicidade eterna, para outro nem problema é, ou seja, para o primeiro nunca se sabe de onde os sofrimentos surgem, e quando surgem, geralmente atribui-se culpa as causas erradas, para o segundo, pequenos sintomas já são o bastante para um diagnóstico/tratamento acertado.
Exemplo?
Da mesma maneira que alguns julgam o motorista de caminhão culpado, outros o julgam inocente. Até ai tudo bem. O problema é quando alguém busca atribuir culpa de todo o acontecido ao nascimento da pequena menina adotada que necessita de uma cirurgia. Sinto dizer, mas ai as idéias estão realmente necessitando encontrar rumo, e desse jeito vai demorar.

Toda avalanche necessita de um pequeno tremor para acontecer. Mas o tremor não é o culpado pelo acumulo de neve no topo do monte. Muitas vezes atribuímos causa pela dor ou dizemos que alguém é má pessoa simplesmente porque ela é coadjuvante de um pequeno fato, e deste mesmo fato toda uma vida de infelicidades vem à tona. Como diria o Rei, “pare para pensar e pense muito bem”: nestes casos a verdadeira causa de tudo está ligada a traumas e complexos adquiridos durante toda esta vida, e que em nada tem a ver com o tal tremor.

Enfim, pessoas/atitudes boas ou más existem, mas são julgadas de maneira diferente dentro da cabeça de cada pessoa... agora, todos precisam entender que a culpa das mortes em um deslizamento de terra não é da coitada da chuva... mas sim do terreno instável e de quem construiu a sua casa no pé do morro...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A musa inspiradora...

Alguns anos depois de ter descoberto que tinha uma mínima capacidade para escrever, hoje em dia tento tornar este hábito o mais saudável possível. Tento dentro destas linhas, além de analisar o meu cotidiano de uma maneira mais detalhista, divertir-me escrevendo coisas que eu mesmo gosto de ler.
Não me considero um bom escritor. Acho sinceramente que além de não preencher alguns pré-requisitos básicos para o posto, como ler compulsivamente e ser tarado por literatura, faltam para mim algumas características que todo colunista competente tem de ter.
Na contramão, sei que possuo alguns outros aspectos para poder ser enquadrado na classe, como a existência de uma musa inspiradora, por exemplo.
Sim, apesar de ser um homem solteiro que não caça tenho uma musa inspiradora. E esta felizarda tem currículo de sobra para prestar-me tal serviço.
Antes de tudo ela me parece intocável mesmo sendo extremamente sociável comigo. Por enquanto não existem caminhos sutis para chegar a sua pessoa, pois todos eles vêm com atestado de interesse ao mero sinal de aproximação. Para mulheres como ela, é de bom tom não demonstrar segundas intenções antes de se ter um nível mínimo de intimidade, sob pena de transparecer de maneira errônea que apenas as características físicas criaram a necessidade de aproximação, o que não é o caso. Musas inspiradoras não nos atraem apenas pela beleza, elas despertam o desejo de conhecê-las a fundo, descobrir cada um dos seus segredos, nuances, gostos e características. Enquanto isto não acontece, nossa imaginação corre a milhares de quilômetros por hora.
Por segundo, ela é dona do primeiro sorriso aberto e gratuito que vejo no dia. Tal sorriso se traduz em um dos momentos mais especiais que acontecem dentro das minhas 24 horas, tamanha é a sua capacidade de iluminar o ambiente. Espero-o com ansiedade, desejo-o com ardor, chego até a me preparar para o momento em que ele acontece. Me visto com minhas melhores roupas, diariamente levanto pesos para que meus músculos pareçam maiores, chego até a ensaiar poses em frente aos espelhos. Quando este tão desejado momento chega, a contraprestação que ofereço sempre é um inexplicado sorriso amarelo, daqueles que a gente dá tentando não demonstrar que está se derretendo chão abaixo, acompanhado de um pós-arrependimento por não pagar na mesma moeda tal presente oferecido.
Terceiro, ela transparece perfeição em todas as suas atitudes. Desde as profissionais até a maneira de andar. Ela se veste da maneira certa, se move da maneira certa, até mesmo fala da maneira certa. Tudo nela parece feito sob-medida, daquelas pessoas que a gente sabe que Deus fez o molde e jogou fora depois de conceber a obra de arte. Tão inigualável quanto o criador, é a criatura neste caso.
Penso nela em momentos esperados e inesperados. Desejo saber de coisas sobre ela que neste momento, conforme a já relatada dificuldade acima, é simplesmente impossível ter acesso. Musas servem para isto: criar-nos imaginação de como seria, a ansiedade de desejar sem ter, o sofrimento de apaixonar-se sem saber se tal sentimento é correspondido.

As palavras escritas não são a única maneira de se aproveitar de tal situação, até porque a evolução natural (e esperada) da mesma sempre tem a chance de acontecer. A inspiração que hoje é benéfica quase em sua totalidade apenas na tela do computador pode se transformar um dia em convívio, em cabeças aconchegadas no peito e palavras doces trocadas despretensiosamente.

Além de seus benefícios, toda musa tem os seus objetivos-fins em existir. O que é mais engraçado é que estas mesmas metas não são delas intimamente...

... mas como eu gostaria que também o fossem...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Fantasias masculinas... só masculinas...?

Estes dias, durante uma visitinha rotineira aos meus sites diários de noticias, deparei-me com uma lista que falava sobre os 10 maiores filmes pornôs da historia.
Minha cultura masculina sobre o assunto não é nada anormal, pois sou como todo homem, já assisti a alguns filmes destes na minha vida, mas não sou consumidor voraz de pornografia. Não dependo dela de maneira alguma.
O que mais me chamou a atenção na tal lista foram as sinopses destes dez filmes, os assuntos que os mesmos tratavam. Qualquer pessoa me diria que o que menos interessa num filme pornô é a história. Ledo engano.
O enredo de quase todos eles dizia respeito a fantasias masculinas comuns e recorrentes, como o envolvimento com a cunhada, com a prima, com a chefe, com a namorada do melhor amigo ou a melhor amiga da namorada. O homem assiste e se identifica diretamente com a historia em si. Receita de sucesso.
Em comum entre todos os enredos há o fato de que tais envolvimentos sexuais na vida real são quase impossíveis de acontecer, convenhamos. Fora aqueles homens - mentirosos - que juram que já comeram a chefe ou a empregada gostosa, praticamente nenhum conseguiu satisfazer estes tipos de fantasias. Nos filmes pornôs, os atores fazem justamente o que todo homem sempre quis fazer: são atacados enquanto dormem pela cunhada insaciável que arde de desejo por eles, comem a melhor amiga da namorada no banheiro da festa, e por ai vai... eles encenam a satisfação do desejo de todos que por ventura estão assistindo.
O que o tal site fazia questão de mencionar era que os dez filmes foram eleitos por votação masculina e feminina. Na tradução mais superficial que fazemos, chegamos a conclusão que obviamente elas também se interessam e assistem a filmes pornôs. Na tradução que exige um pouco mais de percepção – e coragem – concluímos que elas também se identificam com a história.
Confesso, sem citar quais, que já tive e ainda tenho alguns destes sonhos sexuais não realizados. Até ai tudo bem, pois todo homem os tem. O que preocupa é que todo homem como eu evita imaginar que... sua mulher também os tenha.
Do mesmo modo que tu fantasias com alguma amiga, ela também fantasia em fazer sexo com o melhor amigo. Do mesmo modo que tu te vês na cama com a tua cunhada quando fecha os olhos, ela também arde de desejo pelo cunhado másculo. Da mesma maneira que tu desejas a babá dos teus filhos, ela também é louquinha para ir para cama com o teu colega de serviço. Quando ela vê o ator fazendo sexo com a chefe tarada, ela se identifica com o papel da chefe, imaginado que o ator da cena é o seu empregado da vida real, e gosta.
Praticamente mulher nenhuma admite isto, do mesmo modo que homem nenhum procura pensar que isto é possível. E todos continuam felizes assim. Tá super certo. Concordo. Louco sou eu de tocar em tal assunto.
Mas pense bem: enquanto tudo não passar de sonho e fantasia estritamente pessoal e particular, ninguém se machuca. Temos de admitir que parar de fantasiar ninguém consegue, por mais apaixonado(a) que esteja por seu cônjuge, mas é de desejo geral que ninguém saia ferido por conta destes desejos íntimos.
Portanto guarde só para si os teus pensamentos libidinosos. Tirando alguns casos raros de sujeição a trocas de casais ou envolvimento consentido de uma das partes com algum terceiro(a), a maioria sente dor ao constatar que a pessoa amada quer sexo com outra. E isto é perfeitamente normal. Imagine então a dor que se sente quando esta fantasia é colocada em prática pela companheira(o).

Continuem assistindo aos filmes da tal lista e enriquecendo os seus produtores. É saudável fantasiar com o que é encenado pelos atores e atrizes nos mesmos.

Saudável sim, pois a realização de tais fantasias implicaria no fim da felicidade conjugal neste mundo...

O medo da máscara...

Costumo ser mais resistente ao frio. Mais do que isto, costumo alardear por ai que gosto muito mais do frio do que do calor, o que não deixa de ser uma verdade. O frio me é mais confortável, o único problema dele são as doenças.
Todo inverno eu pego uma gripe daquelas. Já é esperado. É como se fosse certo que todo julho eu passe alguns dias em casa de molho, repousando e me recuperando. Dias de folga já contados no calendário.
Semana passada inteirinha fiquei deitado na cama, coberto por no mínimo quatro cobertores e edredons, tomando chazinho, um batalhão de remédios e vendo televisão. Não posso dizer que é bom este tempo ocioso, é extremamente entediante, como também não posso dizer que é de todo ruim, pois quem não gostaria de ter alguns dias para dormir sossegado, sem hora para acordar ou ao menos realizar as tarefas diárias. Mas este ano foi diferente.
De surpresa, amanheci no sábado passado com uma febre ardente a ponto de não conseguir caminhar em linha reta. Junto dela vinha uma tosse seca tenebrosa, dores musculares e calafrios incontroláveis. Acordei meus pais e anunciei: - “Preciso ir ao hospital, estou com todos os sintomas de gripe A”. Confesso que tive medo, tanto por mim quanto pelos outros lá de casa.
Logo quando cheguei ao local de atendimento, eu não sabia, mas fui apresentado a minha fiel companheira dos dias seguintes, a máscara.
Pessoas e mais pessoas as usavam também. Todas tossindo, olhares abatidos pela febre, preocupados por conta do que vem sendo amplamente divulgado na mídia: morrem cada dia mais pessoas por conta da tal gripe.
O atendimento demorou e o frio era intenso. Quando finalmente fui atendido, exames variados me foram requisitados para àquela hora mesmo, hemograma, raio-x torácico... percebi que a tal preocupação não era só minha.
Após quase um dia inteiro, fui liberado do hospital diagnosticado com Traqueobronquite, e com a recomendação de que observasse a evolução do quadro, pois a possibilidade de contagio pela Gripe A não estava descartada.
A preocupação dos próximos dias foi grande. A febre não abaixava, pelo contrario, a cada dia as medições acusavam alta gradual, e a tosse... bom, a tosse continuava terrível.
Obriguei-me a consultar outros médicos em outros postos de atendimento, atrás de diagnósticos que me dessem previsão de melhora. O que aconteceu na verdade, foi algo muito ruim, ligado à doença sim, mas não a suas complicações físicas.
A cada local que transitava com a tal mascara, as pessoas me encaravam como se criminoso fosse. Eu via medo em suas expressões, algumas delas até se afastar afastavam. Enquanto caminhava em algum corredor, por exemplo, pessoas se chamavam mutuamente a atenção, e me liberavam os caminhos como sinal de apavoramento. Quando me sentava, os lugares ao meu lado vagavam tão rapidamente que eu não conseguia nem ver os rostos das pessoas que ali estavam sentadas, como conseqüência as mães afastavam seus filhos de perto. Tudo por conta de uma máscara.
A gripe A não me pegou, Graças a Deus. Exames comprobatórios me foram solicitados, e todos eles acusaram um simples problema respiratório. Antibióticos durante a semana já me curaram de tal problema, e poderei comemorar/bebemorar meu aniversário tranqüilo.
O que ficou de ruim foi a péssima impressão causada pela reação das pessoas frente ao uso da máscara. Não sei se chegou a ser uma discriminação, mas que o sentimento de medo delas para mim não foi gostoso, não foi.

Esta simples sensação de alguns minutos me fez cair por terra e analisar o quanto quem é verdadeiramente discriminado sofre. Olhares se transformam em ataque deliberado, simples atitudes viram demonstrações de desprezo e afastamento. Tu te sentes minimizado, menosprezado, injustiçado. É o que há de pior, acredite.
Eu não estava doente, apenas usava uma máscara, as pessoas não sabiam e isto me causou um problema social.

E quem é atacado por alguma característica ou deficiência física...? O que sofre...?

Pense sobre o assunto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O maior invento da história...

Hoje escrevo sobre o que de melhor foi inventado na historia. Mais especificamente no início dela.
Motivado pela beleza da criação, me baseio em seus efeitos na nossa vida cotidiana para descrevê-la, pois tudo se abrilhanta, muda, melhora e se torna especial na presença dela.
Difícil descrever. Digamos que, quando a mesma se torna presente, os cheiros, as cores e as energias do ambiente em que se insere sofrem mutação. Alguns não conseguem parar de admirá-la, outros se condenam por não te-la em posse, e ainda há aqueles que a desejam com tanto ardor que sofrem com sua influencia por algum tempo. Particularmente, me defino como um eterno apaixonado por suas nuances e características próprias. Mas para que possa expressar-me melhor, faço sua definição.
Tudo o que nós homens (gênero masculino) fazemos diz respeito a ela. Ela sempre é o objetivo final. Morremos de tanto trabalhar por ela, enriquecemos por ela, estudamos por ela, escolhemos nossos carros pensando nela, nos vestimos e nos interessamos por moda única e exclusivamente por conta dela. A vaidade masculina então, em sua totalidade, é focada nela.
O invento representa tudo de mais gostoso e prazeroso que existe. É simplesmente o auge, a conquista, o foco, o que há de mais importante. Quando a sua possível “posse” se encontra na jogada, o resto vira ator coadjuvante (talvez até figurante).
Tu talvez penses que falo sobre sexo.
Não, não falo.
O sexo em si poderia ser definido perfeitamente por todos estes adjetivos supracitados, mas sinceramente, o invento ao qual me refiro não se define apenas por ele, mas sim por um enorme conjunto de fatores e variantes ao qual o prazer carnal apenas se inclui. O tal invento é tão único, tão especial e de uma criatividade tão absurda, que nem mesmo eles, o inventor e o próprio invento, podem mensurar e entender.
Existem duas grandes teorias que dissertam sobre a concepção do mesmo. A primeira delas diz que há uma evolução que durou e ainda dura milhões de anos, e que o passar do tempo foi lapidando e aperfeiçoando todos os detalhes e acabamentos. A segunda já diz que o tal invento é o molde Divino de uma simples costela masculina. Imagine se a matéria prima fosse de melhor qualidade.
Tenho uma tendência cultural e religiosa a acreditar na segunda teoria, mas além destas tendências, o fator que mais me leva a dar crédito na criação Divina é que, uma obra tão enigmática e ao mesmo tempo tão perfeita, só pode ser uma obra de Deus...
Sim, eu falo das mulheres.
Só Deus pode as ter inventado. Só alguém com os seus poderes para criar este ser tão apaixonante e único. Vocês sim mulheres, são o perfume e o brilho deste mundo. O que há de mais especial.
O auge da genialidade Divina.
Esta genialidade é facilmente percebida no fato de que nós homens, além de sermos seres diferentes e até inferiores em alguns aspectos, somos facilmente encantados e enfeitiçados pelos trejeitos femininos, seus detalhes e suas características aparentes ou não. Todas vocês tem os poderes da figura lendária da Sereia, pena (alguns de nós homens diriam que é a nossa sorte, senão estaríamos perdidos) que algumas não se deram conta disto.
As mulheres são tudo. As mulheres são a personificação da obra Divina na terra.

Não quero transformar este artigo em um texto religioso, mas é importante que uma pessoa que como eu, que tem fé, agradeça a Deus pela dádiva concedida de ter a possibilidade de nos relacionarmos em carne e sentimento com as mulheres. Digo e repito: não há nada de mais importante e prazeroso do que esta convivência, homem nenhum há de negar.
Admitamos: Entre tantas outras coisas, as mulheres nos concebem, nos criam e nos educam. As mulheres nos dão prazer e carinho. As mulheres nos socorrem, nos ajudam e se preocupam. Nos compreendem em nossos defeitos e ainda por cima... tem a capacidade de nos amar.

Até mesmo este amor só tem sentido se compartilhado... até ele torna-se sem nexo, nulo ou até mesmo inexistente sem a presença ou influencia do “invento”...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Escrever rima com amar...

Por vezes gosto de ler o que escrevi nos últimos anos. O que se conclui colocando em prática esta atividade surpreende a mim e a quem me acompanha desde então.
Na vitrine, fora os temas abordados que quase sempre diziam respeito ao momento em que os escrevi, o que me salta aos olhos são as evoluções que obtive em momentos específicos, gritantes logo após longos períodos de tempo de completa falta de inspiração.
Costumo não me pressionar durante os dias de cabeça vazia, me dou liberdades totais relativas ao ato de escrever, inclusive quando ele não está em prática. Não me cobro de jeito nenhum, até porque sei que uma hora a inspiração sempre volta.
Explicação para os brancos...? Não tem. É involuntário e desproposital. Só sei que acontece, e que quando deixa de acontecer, volto escrevendo diferente e muito melhor.
O hábito de colocar as minhas idéias na tela funciona para mim de maneira igualitária com relação ao sentimento que tenho pelas mulheres, sinceramente. Várias são as semelhanças entre as performances que desempenho na minha vida amorosa e frente a este teclado. Inclusive os períodos de reclusão involuntária.
Entre os meus grandes amores aconteceram lapsos temporais de total isolamento emotivo, foram nos mesmos que me organizei e me permiti ter algo novo e excitante ao lado de alguém. Sempre vim à tona capaz de amar mais e melhor. Quando fico sem escrever, sem perceber acabo me libertando de velhos hábitos e rotinas que estavam em prática, e voltando completamente limpo à ativa, capaz de escrever mais e melhor.
O grande ímpeto que tenho ao não conseguir organizar minhas idéias é tentar com fervor, sem qualquer resultado. Em comparação óbvia, quanto mais eu tento achar alguém para amar, menos eu consigo.
Não me arrisco em dizer que sou tão bom amante quanto escritor, até porque não me considero um bom escritor. Arrisco-me sim ao comentar-lhes que me preocupo, tanto com a falta de inspiração quanto com a falta de um novo amor.
A maturidade de quem escreve aflora quando este supera, através de técnicas particulares e completamente desenvolvidas de maneira autodidata, os períodos de vazio mental, maturidade esta que permita superar este empecilho em todos e quaisquer momentos.
Maturidade no escrever.
Talvez a minha maturidade emotiva chegue quando eu souber me manter ao lado de alguém através de técnicas particulares de domínio sobre o que se sinto, que me levariam a amá-la em todos e quaisquer momentos.
Maturidade no amar.
Escrever não é só digitar. Amar não é só se apaixonar. Escrever não é só saber externar o que se sente e o que se pensa. Amar não é só saber externar o que se sente e o que se pensa, mas sim aceitar que outra pessoa também tenha este direito.
Ensinaram-me certa feita que o escritor de sucesso atrai o leitor através de palavras que ambos pensam, vivem e sentem, mas só ele percebe e sabe colocar no papel. Não me ensinaram ainda que talvez o bom amante pense, viva e sinta, mas só assimile o que ambos os cônjuges concordam o que há de se assimilar.
O bom escritor ama as palavras, mesmo que ambos não convivam bem em determinados momentos.

O bom amante tem que aprender a amar outra pessoa...

... mesmo que da mesma maneira, ambos não convivam bem em determinados momentos...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Garoto Propaganda





Só as grandes me querem... Hahahahaha...



quarta-feira, 17 de junho de 2009

Honestidade na ponta dos dedos

Segunda pela manhã, fiz um comentário inocente para uma amiga:

- “Aquela menina que conversava contigo era muito bonita...!” – Falei.
- “Mas ela é mesmo! É modelo!” - Respondeu-me.

Abri os olhos em espanto.
Não foi por surpresa. Realmente a menina era muito bela, tão bela que provavelmente deve ter muito sucesso na profissão. O porquê do espanto? Porque a resposta da minha amiga entrou-me nos ouvidos como “esquece rapaz, ela é muita areia pro teu caminhão”... esta conotação não foi ela quem disse, por óbvio. Fui eu mesmo quem conclui, mas enfim...
A tal menina era realmente linda. Digamos que a imagem dela era totalmente suave e agradável: Olhos azuis (daqueles que a gente não esquece), sobrancelhas finas, as expressões doces... calça jeans e tênis. Se ela tivesse noção que esta imagem verdadeira dela por si só já é carinhosa... Coisa estranha de se dizer, eu sei.
Mas aqui entre nós: As pessoas não sabem, mas quando vejo alguém tão belo assim, não tenho as vontades comuns, aquelas tipicamente masculinas e instintivas. As vontades que tenho são muito mais ternas, muito mais especificas. Fico com um tremendo desejo de conhecer a pessoa, saber com quantas cobertas ela dorme, qual é o tamanho do seu sapato, pra que time ela torce, se ela gosta de jogar cartas, se gosta de carne mal ou bem passada, se tem cachorro... Eu sei, novamente isto é estranho.
E o mais estranho ainda está por vir.
Tenho uma natureza humana, principalmente masculina, que não há como negar. Costumo dizer que não engano mais ninguém quanto a isto. Mas hoje, percebo talvez que eu mesmo esteja me enganando. Sou romântico sim, não posso mais dizer por ai que não. E o pior: além de romântico, sou tímido. E este é o fato que me faz pensar sobre minha caçamba não comportar tamanha carga de areia.
Quando fiz o comentário à minha amiga, ressaltei o fato de ser um homem solteiro, descomprometido e que quero das mulheres apenas diversão. Bati com a palma na testa logo após com o tamanho de minha burrice. Por pura vergonha de admitir o meu romantismo, e pelo medo de enfrentar a minha timidez frente a uma situação que nem ao menos é real, não tive vergonha nenhuma de mentir descaradamente para ela.
Honestamente, deveria ter sido honesto.

Os homens sempre falam besteiras. Não sou diferente, como disse acima. Contudo, espero pelo menos estar fugindo um pouco do resto do gênero quando agora, busco ser honesto para as poucas pessoas que me lêem por aqui.
Basta ler meus últimos artigos para perceber o quanto quero um compromisso... um amor cheirando a novo, uma rotina ligada a alguém. Dizem por ai que quem tenta enganar morre pela boca, no meu caso morro pelos meus dedos: Escrever sempre é muito mais fácil no momento de admitir características e ser verdadeiro.

Pessoalmente... bom...

Aí já é outra história.

Prometo apenas que tentarei superar a vergonha de ser romântico... o que já é um grande passo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A caça ao tesouro...

Ontem à noite, já no inicio da madrugada, assisti a um documentário da GNT que tratava sobre o ser humano e a escolha da parceira ideal, do par ideal para compor a vida. A maneira de abordar tal assunto me pareceu um tanto batido e cansativo: discutir as características atraentes de ambos os sexos.
Primeiro se discutiu o que, quase de maneira animalesca, o homem se atrai numa mulher. Falou-se em beleza, vaidade, postura, confiança, olhar, jeito de andar... todos eles perceptíveis por um sentido apenas: a visão. Depois dissertaram sobre os cheiros, os jeitos, a criação, as afinidades, os objetivos em comum, a situação financeira, a educação, a capacidade reprodutora, o conservadorismo, a maturidade, o nível cultural, e o quanto esta mulher é desejada pelos outros homens (yes, isto importa), o que por conta da alta subjetividade, necessita de talvez mais um ou dois sentidos operantes para o julgo e a sentença de viabilidade.
Esta parte ocupou apenas um dos quatro blocos do documentário. Os outros três foram totalmente consumidos na busca feminina do parceiro ideal.
Nossa. Que massacre.
A quantidade de características masculinas evidenciadas para que a mulher possa eleger o seu companheiro foi absurda de tal forma, que a única conclusão viável (o que o programa não fez) é que este homem não existiu, não existe e nem nunca, JAMAIS, irá existir. Mais ou menos assim: Pegue tudo o que há de bom em todos os homens do mundo, jogue no caldeirão e misture... e mesmo assim algumas mulheres não ficarão satisfeitas. Se para nós homens, a maioria das características são facilmente julgadas apenas pela visão, para as mulheres os sentidos humanos utilizados são todos os cinco, e conta-se ainda com a sorte, o alinhamento dos astros, o estado de espírito, as orações e a força do Santo Antonio que coitado, faz um tempo que está lá afogado no copo.

A fase que me encontro é de transição. Saio de um tempo de escolhas calcadas em valores e belezas inexistentes para o palpável, o real, o existente. Atiro apenas em alvos específicos agora, não faço mais test-drive por fazer, só provo a roupa se realmente tenho interesse em comprá-la e só me envolvo com quem realmente me dá seguranças de envolvimento sadio para ambos.
Continuo cobrando um preço alto, eu sei. Os parâmetros continuam muito específicos, mas a abertura está acontecendo de maneira gradual. Começo a não idealizar tanto, e isto está me levando a enxergar um pouco mais a realidade. Quanto mais idealizamos, quanto mais tentamos atender as nossas expectativas, talvez mais longe estaremos de encontra-las. Esta na hora de seguir no sentido contrário.

Não quero entrar naquele velho papo de que todos nós temos medos, fragilidades e defeitos. Não quero ser enfadonho como o documentário foi, apenas quero externar que a mulher ideal, nestes casos, pode ser o contrário da mulher real...
O que faltou ao tal documentário foi justamente falar a verdade. A dificuldade maior que temos ao procurar (e não achar) esta pessoa ideal não são os outros que impõem, somos nós mesmos quem criamos. A culpa é em grande parte sim, nossa. É como se na caça ao tesouro perdido, nós mesmos colocássemos as armadilhas mortais no caminho, e olha que não é fácil desarma-las. Para seguirmos o mapa sem problemas, e acharmos o local onde o X indica estar o baú enterrado, temos de ter flexibilidade, capacidade de perdoar, humildade nos próprios defeitos e principalmente...

... ter clareza e coerência quanto ao que desejamos e ao que ofereçemos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A culpa é do Junho...

Ok, eu confesso.
Esta é a época do ano mais complicada para mim.
É o início do inverno... o frio, o vento cinza e o silêncio. As jantas caseiras, as taças de cabernet chileno, os vapores das panelas e as risadas a plenos pulmões. São os casais que teimam em ser felizes, o nariz gelado que não encosta no meu pescoço, o peito que espera nos dois sentidos e a ansiedade.
São os beijos vagarosos nos corredores (que não são meus), a vontade de abraços infindáveis, os sorrisos fáceis e os olhares que contém traços. As formas do corpo, as botas por cima das calças justas, os cachecóis até as orelhas, os lábios e a vermelhidão das maças do rosto. São as falas macias, as unhas quadradas, os cabelos negros, a baixa estatura e as alianças (desesperanças...).
São as brincadeiras aproximadas, os perfumes, a vontade dos detalhes, os braços e abraços por dentro do casaco. O bafo quente, o abafo rouco, o cansaço estampado, o cheiro dos lençóis... a manhã que chega, a preguiça, as velas e as fotos.
É a estrada, a Serra, os vales gaúchos, os fondues e a água quente. Os vidros que embaçam, a vontade de ficar em casa, o brigadeiro e o claro, dos olhos e do céu limpo.
São os que se acertam, o infeliz-feliz, os amores duradouros, é o desejar a tristeza do próximo para se ter o seu amor. É o carinho que não é na pele, as flores, o rosado da auréola e a rigidez dos seios.
É o machado, os gravetos, a pilha e a lenha chiando. Os queijos, o simples em conjunto, o filme e o cobertor felpudo. As malhas, as mantas perfumadas, a falta que o beijo gelado faz e que a concha deixa.
São os anúncios, as modelos, os corações e os jingles. As promoções, os restaurantes, os presentes planejados e a fatídica noite.

Espera-se passar.

O dia amanhece, esquento a água e o chimarrão fica pronto... a aula ou o trabalho começam.

E mais um dia dos namorados se vai...

... na espera de que no próximo o complicado se transforme em contentamento...

sábado, 23 de maio de 2009

Particularidades inestimáveis...

Vivo lendo reportagens, artigos e comentários sobre a importância de sermos nós mesmos. O que me intriga são as razões destes artigos. Sempre as tais razões.
Utilizo-me de apenas uma pergunta retórica: Porque estas teses que defendem a verdade individual estão pipocando dia-após-dia?
Simples: Porque cada vez mais, seja em nosso trabalho ou em qualquer aspecto de nossa vida social, da mais íntima até a mais superficial, nós somos forçados a desempenhar diferentes papéis, diferentes atuações, sermos diferentes pessoas para atingirmos objetivos ou agradar a quem temos de agradar. Ninguém mais se preocupa em respeitar os seus próprios sentimentos/limites em prol da felicidade plena e totalmente... particular. O que vale é agradar, é ser, aparecer, fazer ou não-fazer nada contra o que tenha sido socialmente convencionado nos últimos 15 dias. A determinação do que somos ou fazemos não cabe mais a nós mesmos, e fácil assim, deixamos de ser verdadeiros para estarmos enquadrados, sabe-se lá no que.
Estes dias recebi umas fotos de uma das últimas Playboys que saíram nas bancas e, ao acessá-las, curioso para saber como aquela mulher conhecidíssima (e linda) da capa era, nua, tive uma decepcionante surpresa.
Ela era igual às outras.
Igual a praticamente TODAS as outras.
Fiquei até indignado. Não com este fato, mas sim por constatar que a igualdade de corpos é buscada hoje em dia por total escolha particular das suas donas. Esquecem-se como nasceram, os traços genéticos herdados, as suas origens, as suas identidades, etc.
Perdeu a graça.
A verdadeira beleza física feminina é basicamente formada pelas particularidades que cada uma delas tem. Seus cabelos ondulados, lisos, crespos, longos, curtos, loiros, ruivos ou morenos... suas alturas baixas, médias ou altas... seus corpos magros, curvilíneos ou um pouco mais servidos... suas ancas pequenas, largas, redondas, empinadinhas ou um pouco mais retas... seus seios pequenos, médios ou grandes, ajeitadinhos ou empinados, de auréolas grandes, pequenas ou médias com as mais variadas cores e formatos...

Esqueça. Isto está a caminho de não existir mais. Já era. Bons tempos os que uma mulher poderia ter todas estas variáveis físicas.

Respeitando padrões seguidos na maioria dos casos, cabelos são pintados e alisados, alturas ajustadas através dos saltos, os corpos têm a obrigação de serem magros, curvas são calculadamente forjadas a ferro e fogo na academia ou nas clinicas, bundas são grandes, enormes, cada vez maiores e os seios... bom os seios... estes sim são os que mais padecem com a uniformidade.
Hoje em dia todos os seios são iguais. Pelos menos suas donas querem que eles sejam. A coisa chega a tal gravidade, que existem pouquíssimos formatos pré-estabelecidos de próteses de silicone, o que varia são apenas os tamanhos, mas a sua escolha também não varia muito. Não há mais graça, repito. Todas elas têm seios iguaizinhos: grandes, redondos feito um melão partido ao meio, mais duros e empinados que um vulcão.
Parecem de plástico. Completamente artificiais.
Sim, minha querida leitora, eu cansei de seios siliconados. Acho-os horríveis, terríveis, aterrorizantes! Uma afronta ao bom gosto e ao refinamento. Não há mais surpresas, não há mais desejos, não há mais imaginação.
Marasmo em forma de seios femininos.

Por estas e outras razões, faço um apelo, talvez o primeiro apelo neste sentido da história:

Mulheres, por favor, parem de se turbinar, sejam vocês mesmas em sua plenitude. Não coloquem mais próteses, principalmente nos seios... a imaginação está acabando, o desejo está acabando, a sedução está acabando. Não modifiquem as suas lindas particularidades. Não estraguem as suas lindas particularidades.

Lembrem-se: Os seus corpos, do jeitinho que são e sempre foram, são os mais lindos que podem existir... simplesmente por uma razão:

Eles são únicos! Não existem outros iguais a eles! Não há como estimar valor a esta particularidade!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A primeira batalha...

Ele me pediu para assar uma picanha na churrasqueira, bem ao jeito que um verdadeiro gaúcho faz.
Eu perguntei se só a picanha era suficiente para todos, se ele não queria que assasse mais algo. Respondeu-me que um espeto de salsichão seria ótimo.
Enquanto eu começava a trabalhar na lida normal de carvão-fogo-carne-espeto e sal grosso, ele puxou assunto sobre o que eu fazia lá nas bandas do Sul. Queria saber detalhes sobre minha carreira profissional, meu nível de estudo, no que já havia trabalhado. Deixou claro que estava à procura de garantias para a saúde do futuro financeiro de sua filha. Percebi que esperava por sinceridade, foi quando devolvi este desejo com a honestidade que me é característica.
Lembro-me de ficar nervoso e um pouco indignado, pois esta é minha reação normal a perguntas onde a desconfiança sobressai no tom de voz.
Após minhas respostas, através da elevação de suas sobrancelhas percebi que apenas minhas palavras não seriam suficientes para as comprovações que ele estava buscando.
Tensão.
Momentos de silêncio.
Após alguns minutos, ofereceu-me uma cerveja. Eu disse que como não estava dirigindo, aceitaria um copo, desde que ele me acompanhasse. A lida da churrasqueira atraia meu olhar, e também me servia de bengala naquela situação. Após alcançar-me a tulipa, perguntou-me se eu era religioso. Percebi que aquele copo de cerveja não era uma mostra de companheirismo, mas sim um teste. Respondi a verdade: que era religioso sim, e que tinha muita fé. Respondi também que minha religião me permite certas liberdades terrenas que até Jesus Cristo provou. Bebidas alcoólicas são permitidas, desde que não sejam consumidas em níveis prejudiciais a saúde.
O nível da resposta deixou-o um pouco quieto. Percebi que me analisava feito um malfeitor, feito um bandido, feito um ladrão que estava prestes a furtar-lhe a filha. Resolvi largar um pouco a atenção que dispensava ao assado, e passar a enfrentar-lhe mirando-o diretamente nos olhos. Era hora de demonstrar que ele não estava lidando com um menino.
Comecei eu mesmo a tomar as rédeas dos assuntos. Conversamos sobre criação, sobre valores familiares, sobre respeito às famílias e aos conservadorismos que ambas tinham como característica cerne. Sempre replicava suas respostas com esclarecimentos sobre mim e minha família em particular. Ensinaram-me uma vez que é muito melhor esclarecer por vontade própria do que responder compulsoriamente.
Aos poucos, não sei se por conta da cerveja quente ou porque realmente as minhas respostas estavam surtindo efeito, a guarda de sogro-que-sente-ciúmes foi desertando, as barreiras foram sendo retiradas, alguns risos começaram a aparecer e, para espanto geral, após começar a servir alguns petiscos da carne, o primeiro elogio apareceu:
- “Nunca provei churrasco de Gaúcho, mas vejo que perdi muito neste tempo todo que não havia provado”...
Pronto, a chance me estava sendo dada.
Servi a carne, todos comeram. E elogiaram.
Após a janta, assuntos mil e mais amenos surgiram: futebol, climas diferentes entres os dois estados, povos habitantes... as coisas foram ficando mais leves a partir de então.
Ao final da noite, já na hora de me encaminhar para o hotel, ficamos sozinhos no recinto pela primeira vez, e o golpe final foi desferido de maneira inesperada:
- “O que fez tu te abalar desde lá do Sul até aqui, atrás da minha filha...?” – Perguntou-me.
- “A chance que recebo neste momento, de formar a minha vida ao lado de alguém que me faça feliz e que eu ame. O que o Senhor faria no meu lugar”?
- “O mesmo que você. Seja bem-vindo a minha família, meu filho”.

Tudo se interrompe aqui.

Pois o despertador tocou, e eu acordei. Suado.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Não perca seu tempo...

Convidaram-me para ir a um festival local, patrocinado por uma grande rádio daqui do Sul.
A princípio me interessei. Sempre dei um dedinho para ir a um show, costumo não perder os que são de meu real interesse. Mas confesso que não fazia a mínima idéia de quem iria tocar.
Como sempre faço, fui dar uma olhadinha na lista e nos horários das apresentações, e inevitavelmente constatei que, hoje em dia, como em qualquer festival onde há um palco, este seria imensamente utilizado por no mínimo quatro ou cinco bandas “Emo”.
Sou de outra época, não tenho vergonha em dizer. O final de minha adolescência e o início de minha vida adulta foram povoados por bandas/músicas mais alegres, mais politizadas, mais fortes, mais... maduras. As músicas “deprês” que eu escutava um pouquinho antes, durante a minha pré-adolescencia, eram os autênticos tapas-na-cara que o Renato Russo dava na gente. Irretocáveis por sinal.
Eu decidi não ir ao tal festival. Sabendo do tipo de música que eu iria escutar todos os minutos em que me encontraria por lá. Realmente não faz o meu tipo... até pelo momento de vida em que me encontro.
Mas não é por preconceito não, não me entenda errado. Música assim não faz parte mais da minha sintonia, me faz mal pela carga de depressão que carrega. Entendo que o exigível para o sucesso frente aos adolescentes é justamente ser alguém que sofra, alguém que chore, alguém que sinta dor, e pasmem, isto não vem de hoje. Eu também era assim. Sentia inveja dos meus colegas ou amigos que sofriam mais do que eu, eles me pareciam tão maduros... tão legais... tão interessantes... tão atraentes! O sofrimento para o adolescente vale mais do que uma caçamba de ouro maciço perante seus iguais. É um atestado de maturidade e de superioridade perante um mar de marasmo e tédio que a adolescência compulsoriamente nos trás. É motivo para despertar inveja... pena... carinho. E é este o nicho de mercado que bandas como estas exploram.
Ou realmente vocês acham que eles choram e sofrem tanto assim a ponto de borrar a maquiagem?
Confesso que eu mesmo, quando jovem, inventava pequenas historias de sofrimento pessoal para que as meninas me dessem um pouco mais de atenção... uns afaguinhos de vez em quando. Forcei-me a isto pela vida pacata e sem graça que levava. Eu tinha de ter um diferencial. Eu tinha de ser interessante de alguma maneira.
De lá pra cá as coisas mudaram.
Hoje o sofrimento é real, verdadeiro. Todo o sofrimento que desejamos ter na adolescência torna-se real durante a juventude adulta. E o pior: não nos sentimos preparados. O que mais fazemos agora, na verdade, é passar a imagem de que tudo está tranqüilo, tudo é felicidade, tudo é alegria e somos plenos e satisfeitos. As situações se inverteram. É a vez de a felicidade despertar inveja e atração.
Se há dez anos atrás nos fazíamos de infelizes, hoje nos fazemos de felizes. Se há dez anos atrás nós éramos entediados com a vida feliz e sem problemas que tínhamos... hoje em dia tudo o que nós queremos é voltar no tempo...

... para viver aquela época de maneira diferente do que vivemos. Para curtir a felicidade que tínhamos e odiávamos ter.

Portanto, meninada dos anos dois mil: esqueçam duma vez o sofrimento, aproveitem a sua felicidade... sério mesmo...

Sofrer sem ter pelo que é perder tempo.

Admirar quem transparece isto também o é.

domingo, 3 de maio de 2009

Uma coisa antes (depende) da outra...

Hoje durante minha volta da praia, meu cão, o querido Pico, repentinamente agitou-se no banco de trás do carro, onde normalmente ele viaja tranqüilo. Passou por cima do meu colo no banco da frente e parou abrigado embaixo das minhas pernas, tremendo. Perguntei a ele o que havia acontecido (como se alguma resposta fosse possível, coisas que só quem ama cachorro faz...), o único movimento que obtive foi um olhar medroso e o topo de sua cabeça encostada fortemente contra a parte posterior do meu joelho, como se dissesse: “Me ajuda...”.
Passei a procurar o motivo de tal medo, o que estava fazendo mal ao meu menino. Foi quando avistei uma enorme mosca-verde voando livremente pelo automóvel, que neste momento trafegava de vidros completamente fechados por conta do ar-condicionado. Olhei para o meu cão, pisquei para ele e disse: -“Deixa comigo que eu cuido dela...”.
Bastou um vidro abaixado para que o vento se encarregasse de encerrar o assunto.

O sentimento que tive naquele momento foi estranho. Fazia tempo que alguém não me procurava buscando proteção. Fazia tempo que alguém não me demonstrava carinho desta maneira. Fazia tempo que eu não constatava que sou apto a dar abrigo.
Deste sentimento bom, passei quase que imediatamente a um sentimento de preocupação...

Seria o desejo de paternidade acusando que chegou...?

Na vida, com o passar do tempo, os valores das coisas e dos seus respectivos sentimentos se flexibilizam, variam, aumentam e diminuem de acordo com a fase que estamos atravessando. O contrário, amplamente divulgado por ai, em minha opinião não é verdadeiro. Hoje em dia as pessoas não endurecem com os anos adquiridos, como os nossos avós e bisavós faziam, elas amolecem isso sim. Elas ganham capacidades afetivas que antes nem imaginavam ter. E perdem tantas outras também...

Me vi desejando ter alguém para proteger. Não que o Pico não tenha seu valor neste sentido... mas realmente vai chegar a hora que ele não vai estar mais aqui, já vai ter passado desta pra melhor... e o sentimento paterno que hoje em dia desconto quase que totalmente nele, vai estar em um patamar enorme e sem alvo certo.

Que medo que me deu. Juro. Tremi as pernas pior do que o Pico fez por conta da enorme Varejeira.
Seria a maturidade chegando de vez? Seria aquele sentimento que quase todos nós sentimos, de que a hora de dar continuísmo a espécie está chegando? Estaria eu pronto para isto...?

Veja bem... de acordo com minha criação e com o que sinto, pensar em filhos é quase impossível sem associar esta imagem à pessoa certa. Filhos para mim estão completamente linkados a concebê-los junto de minha alma gêmea. Sem ela junto de mim, simplesmente não rola.
E sim, eu acredito que ela existe... pelo menos agora.

Portanto, minha metade da maçã, meu chinelo velho, minha princesa encantada, minha mulher certa... toma conta da tua posição duma vez, por favor.

Meus filhos precisam de ti para que venham a este mundo...

E eu preciso de ti para amar-te como ninguém jamais foi...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Afinar a boca...

Com que freqüência costumamos falar palavrões...?
Paro para pensar sobre isto neste final de feriado.
Confesso que ainda falo muitos termos que não deveriam ser proferidos em qualquer circunstância, apesar de que a quantidade que eles saem da minha boca diminuiu muito nos últimos tempos por conta das influências que só o coração sabe explicar...
Mas mesmo assim, durante algumas oportunidades específicas continuo a falar estas palavras desnecessárias.
Sabendo-se a quantidade, rapidamente passo a analisar a utilidade. Quais são os reais objetivos para que usemos tais termos? Um P-Q-P, por exemplo, pode expressar muitas coisas diferentes, dependendo da sua conotação e contexto.
Brincadeira, indireta ou tiração de sarro. Ofensa, blasfêmia ou desabafo. Indignação, raiva ou força de expressão. Ênfase, rebeldia, ataque ou vontade pura e simples.
De qualquer maneira todos os sentidos podem ser resumidos em três características básicas de quem os fala: Má-educação, má-criação ou falta de maturidade.
Veja bem, não falo de maneira nenhuma sobre posições sociais ou financeiras, até porque conheço muito ricaço por ai na qual a educação pessoal chega a perder para alguns animais de estimação... e muita gente humilde que fala igualzinho a membros da monarquia britânica.
Falo sobre legado de família, educação passada, ambientes de criação. Falo sobre o ser discreto, o ser polido, o não querer chocar indivíduo algum desnecessariamente.
O que preocupa se levarmos em conta, é a verdadeira banalização do uso destes termos fortes, coisa que surgiu por conta justamente da falta de educação que era comum nas gerações passadas. Antigamente falar palavrão era algo para homens (gênero masculino mesmo) adultos e humildes, pelo menos assim era convencionado socialmente. Hoje existem até alguns termos que eram considerados palavrões extremos e que passam despercebidos. Um deles eu já usei neste texto: tirar um sarro. Sinônimo de outro que usam até defronte ao juiz: gozar a cara. Pense no real significado destes termos. E apavore-se.
Gozações e sarros a parte, passemos a parte prática da história toda.
É bom falar palavrão? Dá pra evitar?
É bom sim, não dá pra negar. Mas porque é bom, não quer dizer que seja correto. Comparo falar palavrão com comer carne gordurosa: a gente sabe que não é certo e faz mal, mas o gosto ótimo e o fato de todos comerem nos levam a fazer igual. É uma convenção, é natural, é comum e por vezes, até obrigatório é. Pergunte a qualquer torcedor, de qualquer gênero ou faixa etária que freqüenta ou já freqüentou estádios de futebol.
Conheço uma Senhora que tem a boca mais limpa que eu já vi durante seu cotidiano normal. Um belo dia a levei para assistir um jogo das arquibancadas, resultado: aos 30 minutos do primeiro tempo, por conta daquela mesma boca limpa, a bandeirinha que auxiliava o arbitro naquele jogo já havia virado mulher traída, mal-amada e prestadora de serviços sexuais, sem falar que a sua mãe também era do mesmo ramo. Até algumas características físicas decorrentes da suposta grande demanda de clientes foram exaltadas.

Pois é. Pensei o mesmo que tu pensaste agora.
Percebeste o quanto é difícil até saber o significado das coisas, sem o uso dos termos geralmente utilizados? Percebeste que, apesar da vontade de que as coisas sejam ditas de maneira diferente, por vezes até necessário é?
Impasse. Resta-nos tentar evitar apenas.
Para coroar: lembro de uma entrevista que assisti há vários anos atrás, onde um aposentado vocalista de uma banda de rock nacional, ao se converter em um fiel evangélico, foi questionado sobre o que era mais difícil: deixar de beber e se drogar, ou de falar palavrão...?

Ele respondeu que beber e se drogar ele já havia parado, e que nunca mais voltaria.
Mas falar palavrão ele simplesmente não conseguia largar o vício. E que costumeiramente praticava-o todos os dias sem perceber...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Way back into love...

Costumo gostar de comédias românticas. Mesmo que elas não estejam naquele grupo de películas que assisto vinte ou trinta vezes sem cansar, elas costumam me agradar quando vou ao cinema.
Recordo-me de um filme que assisti há alguns anos atrás, que tinha Hugh Grant (Divine Brown) e Drew Berrymore em seus papéis principais. O nome era “Letra e Música” se me recordo bem.
O que mais me faz lembrar este filme era o nome da música na qual ele se desenvolvia: “Way back into love”.
O caminho de volta para o amor.
Estes dias recebi comentários em um dos meus textos antigos que falavam em algo relacionado. Algo em torno do fato de não deixar mais as pessoas me desrespeitarem... mas pagar caro com o preço de ver meu coração cada vez mais empedrado.
A coisa é bem diferente de ter medo de amar. Muito diferente.
É como se fosse ao contrário até. A coisa que mais quero é ter um novo amor.
Eu tento. Juro que tento me envolver com as mulheres que aparecem na minha vida, juro que tento me convencer que as mesmas que aparecem têm aspectos dos mais lindos e valiosos possíveis... mas não consigo. Elas realmente têm todas as qualidades... mas pra mim é como se não tivessem.
Não me apaixono nem por Decreto-lei. Mesmo estando louco para me apaixonar novamente, acabo por arranjar um pretexto qualquer e corro delas feito guaipéca do chinelo.

Qual seria este tal caminho que me levaria de volta a capacidade de amar?

Será que o problema é eu ser um homem seguro demais de si? Sei que quem é muito seguro acaba por não depender de outra pessoa para sentir esta tal segurança pessoal. Convive muito bem consigo mesmo.
É verdade. Mas não é o meu caso.
Porque não é o meu caso? Porque eu sinto falta de alguém ao meu lado. Se sinto falta, sou dependente de amor e carinho que venha de outra pessoa diferente de mim mesmo.
Cheguei a conclusão então que o que me atrapalha é justamente a escolha dessa “outra pessoa”.
Tem que ser perfeita. E é ai que eu dificulto tudo. Quer saber o porquê? Por que ela tem que ser linda, bem vestida, inteligente, bem-sucedida, independente, segura, vaidosa, detalhista, amorosa, carinhosa e desejada por outros homens (sem falar nos detalhes por menores, como saber beber, não se importar com programas masculinos e ter pés bonitos...).
Ou seja...
... não existe.

Por hora então, a única conclusão que consigo chegar de qual seria o tal caminho de volta à sensação ótima de estar amando é o que vai me trazer maior trabalho:

Continuar me auto-analisando e mudar minha maneira de pensar sobre as mulheres.

Se eu dependo delas para ser feliz, tenho de colocar na cabeça que ao contrário do que venho pensando nos últimos anos... terei de abrir mão de alguns parâmetros estabelecidos... um por um...

Mas vamos devagar... vai que eu ganhe na loteria de achar a tal perfeita por ai...