terça-feira, 31 de outubro de 2006

Sem tempo...

No time at all...! Cheio de serviço, não sei que hora saio daqui hoje. O problema é que tenho minha psico-terapia e a minha dentista também. Tudo pra hoje. Vou desmarcar....

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Soy yo!


A propósito: Este sou eu (com uns 10 quilos a menos do que estou hoje, e em versão "sem terno-gravata"). Prazer. Nice to meet you.

Aulas úteis de ciências

(Antes de tudo: este texto não foi nem ao menos revisado. Foi escrito em 15 minutos entre meu banho e meu café da manhã. A qualidade é mais baixinha e desculpem-me eventuais erros de português.... Vamos a ele:)

Quem nunca sofreu por amor? Isto é tão natural assim?
Como diria um professor que ministrou-me aulas de ciências no primário:
“Não podemos nos alimentar de xurume...!”
Antes das perguntas que possam surgir sobre o que há em comum entre “xurume” e o luto amoroso, uma breve explicação: O termo “xurume” aplica-se a aquele liquido fétido e de aspecto tenebroso, que escorre sempre dos sacos de lixo, depositados na calçada, em lixeiras ou em lixões. O odor e a probabilidade tóxica deste líquido são igualmente grandes e horríveis.
Pois bem, o “xurume” é o derivado da decomposição do que jogamos fora, do lixo, do que nós não queremos usar, ou ao menos ter.
Não podemos nos alimentar do que jogamos fora, nem da decomposição destes. Se em algum momento da vida, desejamos que determinado aspecto, ou determinada pessoa, não esteja mais entre o nosso convívio, jogamos fora. Trocando em miúdos: Após os términos de relacionamentos, geralmente demoramos um tempinho para levantar a cabeça e partir para outra. Durante este tempo, há pessoas, assim como eu, que costuma se alimentar do sofrimento que o antigo relacionamento causa, causou e vai causar. Imagine sempre, o quanto que, por exemplo, uma discussão com uma ex-companheira, revivendo e trazendo a tona assuntos e sentimentos negativos que a muito já deveriam estar guardados, pode ser tóxico e fazer-nos mal.
Antes de tudo, entendo que temos que compreender o que estamos sentindo, até porque é enormemente comum que nesta fase nós façamos confusões envoltas dos seguidos furacões que costumam passar pela nossa cabeça, deixando claro, um pequeno estrago.
Geralmente, sentimos um misto de medo, dúvida, frustração, tristeza, dor, mágoa, raiva, desespero e um ardente desejo de revide. Não basta só estes sentimentos acontecerem todos juntos e misturados, mas eles ficam tão intensos que é até difícil identificar o que se esta sentindo na maioria dos momentos.
Sabemos e sempre temos certeza de uma coisa. O que dói, e o que faz mal.O motivo da dor vive mudando. Essas dores costumam alternar-se entre coisas pequenas, medias e grandes. Pode ser por um simples momento de discussão que você se lembrou, ou por um grande motivo relacionado a aspectos importantíssimos, como fidelidade. O que interessa é que dói, sempre dói vermos nossos sonhos não realizados, nem sermos atendidos em nossos desejos, e com certeza, a decepção e o orgulho ferido.
Eu sempre pensei que amava as pessoas de forma madura, racional. E que quando um amor, ou uma paixão (sempre será difícil definir), acabava, sentir tristeza era normal, junto claro, com os inconformismos momentâneos. Dizem que o amor é maior que todos estes sentimentos, que tem a capacidade de reequilibrar os corações aflitos. Será que é verdade?
Acho as vezes que não. Se o mesmo fosse tão importante ou grande assim, porque que a maioria das pessoas tornam um problema qualquer a ser resolvido em suas vidas particulares, mais importante do que uma pessoa amada? Incógnita...
Conheci uma pessoa certa vez. Esta pessoa estava em uma fase de encantamentos. Apaixonada. Pena que o alvo de sua paixão a trocou por outra.
Como que esta pessoa não poderia deixar de sentir raiva, e instaurar inúmeras dúvidas sobre si mesmo!? Impossível, simplesmente impossível.
Temos que compreender que isto é natural do ser humano, um pouco mais intenso em pessoas sensíveis. O que acontece é que pessoas muito racionais, e ao mesmo tempo sentimentais, assim como eu e esta pessoa, costumamos julgar e questionar muito o que acontece de errado durante os nossos respectivos caminhos. É obvio que estes julgamentos, feitos em momentos intempestivos e de profunda introspecção e sofrimento, dão quase sempre resultados ruins.
O importante nestes momentos de sofrimento, dúvida e solidão, é não oferecer barreiras ao amor-próprio. Assim desta maneira, renovam-se as forças da vida, a coragem de prosseguir, e as possibilidades de sermos felizes ao lado de alguém que nem percebemos, mas está ali...a um passo, ou as vezes, a um “click” de distancia.
Acredito que o que nos faz sofrer também é nunca, em momento algum, alguém nos ter ensinado que a boa convivência, e a boa comunicação, tanto com os outros, como conosco mesmo é a grande chave. É justamente o perfeccionismo que atrelamos ao sucesso de uma relação afetiva que nos faz sofrer. Temos que saber conviver com o fato de que não somos perfeitos, não somos capazes nem tão importantes assim a ponto de conseguirmos moldar alguém a imagem ideal que temos de “alma-gêmea”. Pense bem: Realmente temos autoconhecimento?
A única coisa, que penso que posso passar adiante, é a certeza de que nunca podemos nos encostar em alguém, na esperança que esse alguém possa nos fazer felizes plenamente. Somos nossos próprios donos, temos direitos e deveres sobre nós mesmos, e não podemos nunca achar que temos os mesmos direitos e deveres sobre as outras pessoas. Traduzindo: Que cuidemos de nossas próprias felicidades. Ninguém tem o dever, e pensando bem, o direito também, de zelar por nós E que saibamos retirar dos percalços da vida, emoções, lições e sentimentos benéficos para o auto-convivio futuro.
Chega de “xurume”. Chega de nos alimentar do que a gente sabe que não presta.
No meu caso, se a busca da felicidade cabe só a mim, decidi apenas me alimentar do que me faz bem.

Como diria meu professor de ciências do primário: “Somos reflexo daquilo que nos alimentamos”.

Pois é...

sábado, 28 de outubro de 2006

Pequenos fragmentos de um cotidiano....

Meu primeiro Post falando de minha rotina, meu cotidiano....

Bom...Vamos começar dizendo que estou realizado. Estou em plena tarefa de tio. Cuidando com todo carinho de minha linda sobrinha, a Laurinha. Eu sempre quiz ter uma menina mais nova na familia (sou o caçula de dois irmãos, + uma irmã mais velha, no caso a Lau é filha dela). A lau está em sua fase mais engraçadinha, 2 anos e 3 meses. Tudo é motivo de uma nova brincadeira, uma risada ou de uma boa explicação ( ela é tão curiosa quanto o tio). Mas tudo ganha um novo contexto ou plano de fundo com ela por perto....
Prometo que apartir do momento que eu descobrir como faz para colocar fotos no blog, eu coloco uma dela, e uma minha também (alguma alma caridosa se habilita a me explicar?).
Hoje resolvi matar a academia, alugar alguns DVD's pois faz muito tempo que não assisto algum filme sozinho, introspectivo em meu quarto. Aluguei 5 Dvd's, dos quais assisti apenas 3 até agora, "X-Men III", "Sin City" e "Fora do Rumo", ainda faltam o "Mercador de Veneza" e "Codigo DaVinci". Confesso que achei a segunda sequencia de "X-Men" um pouco fraca, deixando a dever para os dois pioneiros filmes da trilogia. "Fora do Rumo" é bom, mas não é aquilo tudo, nenhum dos atores se destaca muito em suas atuações, mas o elenco é bem constituido, Clive Owen, Janiffer Aniston, Xzibit... O melhor de todos até agora foi "Sin City", sem dúvida alguma, fiquei fascinado com seu roteiro, suas imagens (fotografia e edição), suas atuações e suas conexões entre as diferentes histórias contidas dentro do filme. Tudo seguindo fielmente e à risca uma verdadeira história em quadrinhos. Fiquei com saudades da época em que devorava todos os "gibis" da Marvel e da DC Comics....
No mais o resto está tudo igual. A não ser pela pequena solidão... mas isto passa... a Laura não me deixa quieto um minuto sequer... hehehe .... agora esta aqui do meu lado perguntando qual a diferênça entre menina e menino.... Ai meu Deus.... ajude-me nesta hora... hehehe....

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

O Pneu Furado

Às 7 da manhã acordei-me tranqüilo, naquele estado de completa sonolência-dormência que só o sono pesado, após três horas tentando dormir, te dá. Dirigi-me ao banheiro, como de costume, para entre outras tarefas, tomar o meu banho matinal necessário para o bom funcionamento do dia. Logo ali, no banho, lembrei-me de que ela adorava água pelando de quente... nunca entendi isto... mas tudo bem.
Após o banho, aquela escovada de dentes básica. Lembrei-me que a escova de dentes dela era de cor vermelha. Outra coisa que nunca consegui entender. Como que a escova de dentes dela poderia ser vermelha se ela era gremista? Isto é uma heresia! Um gremista de respeito não pode de maneira nenhuma ter uma escova de dentes vermelha, cor do arqui-rival da Padre Cacique. Mas logo após pensei: - Tudo bem... eu sou gremista também e minha escova é roxinha escura, não é azul.
Dirigi-me então ao quarto para colocar o tão básico terno-gravata, uniforme de trabalho. Lembrei-me dela ao passar pelas camisas, pois a única camisa que havia por ali capaz de combinar com a cor do terno que eu iria vestir era uma camisa preta-petróleo. Camisa que ela me deu num aniversário a alguns anos atrás. Lembro-me tanto daquele aniversário... tudo era tão bom... e aquela noite foi tão boa também. Sem mais comentários...
E novamente no café, lembrei-me dela. Ela não gostava de café com leite. Logo o meu tão querido café com leite! Isto era inadmissível em uma pessoa, como ela pode não gostar de café com leite, ainda mais servido em uma xícara de porcelana preta, acompanhada por um pires quadrado de cor branquinho gelo...
Elevador. Nove andares pra descer. Avistei a chavezinha que existe no painel que, quando girada, serve para trancar o elevador de todas as maneiras. Já testei, a porta não abre de jeito nenhum, o elevador não sobe nem desce, não adianta chamar de qualquer andar! Ah... e como foi bom o último uso que dei aquela chave...
No serviço, lembrei-me que havia esquecido de passar perfume após o banho. Todo homem de respeito está sempre cheiroso. E o único perfume disponível naquela hora era um que guardo no fundo da terceira gaveta da escrivaninha. Logo que eu mexi nele, o cheiro de lírios do campo tomou conta do lugar. Lembrei-me que ela odiava aquele perfume. Sempre me fazia passar algum lenço umedecido (aqueles perfumadinhos) no pescoço e nos pulsos, a fim de que o odor fosse ao menos disfarçado. Logo aqueles lenços fedidos que eu odiava, utilizados em bundinha de bebê em situações não tão agradáveis. Bem, uma certeza eu tinha, se estes lencinhos horríveis são usados em bunda de bebê... e anula o cheiro daquilo... imagino que com toda a certeza o “cheiro enjoativo” do meu perfume também era anulado. Indignei-me e acabei desistindo de ficar cheirando a lírios.
Por volta das dez da manhã: mais uma xícara de café com leite... e toda aquela mesma lembrança de novo.
No Jornal do Almoço, ao meio dia, lembrei-me dela quando estava mirando a cor dos cabelos da Cristina Ranzolin. Sério mesmo, a Cristina tem os cabelos iguaizinhos aos dela! Preto-amarronzado-avermelhado-canela. Que caíam por cima das orelhas e dos ombros de uma maneira organizada-alinhada-desorganizada-lisa - por causa das incessantes chapinhas, é óbvio...
Quedei-me mirando para os cabelos da Cristina Ranzolin e até esqueci de prestar atenção em um comentário importantíssimo do Santana que eu queria ver. Sobre um opala 76 que fora roubado na zona sul da capital e encontrado na zona norte. Por incrível que pareça foram furtados apenas os utensílios que estavam no porta-malas, objetos de uso pessoal do dono do carro e de sua esposa. Veja como é vida.
Pois no meio da tarde, após todas estas vezes nas quais eu pensei nela, e mais as outras tantas e inúmeras vezes que isso voltou a acontecer, acabei por tomar uma decisão: - Vou me forçar a pensar cada vez menos nela! Ordinária!
Nesta mesma hora peguei o perfume e passei incessantemente no pescoço e nos pulsos. E aí acabei me lembrando dos tais lencinhos de bebê de novo...
Eis que surge o problema: a cada vez que eu tentava não lembrar dela, por tabela eu lembrava! Claro! Se eu fico tentando me esforçar para não lembra-la... eu tenho que lembra-la para me esforçar!
Que sinuca de bico. Mas que barbaridade. Até quando estamos motivados a esquecer as pessoas temos que nos deparar com momentos em que sabemos que estamos nos esforçando em fazer algo para justamente esquece-las! E lembramos tudo de novo!Ai-ai...
Ao final do dia, na volta do trabalho, o pneu do carro furou numa rua deserta. Enquanto eu me esforçava naquela lida de macaco e chave de roda, com medo de ser assaltado, seqüestrado,... lembrei-me de uma vez em que aconteceu quase a mesma coisa, só que eu tive que lidar também com ela me xingando e me apressando de dentro do carro, me atucanando de uma maneira que deixaria até budista nervoso. Mas tudo bem... eu amava ela mesmo...
Neste exato momento um carro preto importado dobrou a esquina... hummm... faróis de xenon azulzinho claro... E o carro pára. “Pronto, vou ser assaltado”, pensei. O vidro escuro baixou e uma voz feminina-rouca-aveludada me disse:
- Olá! Desculpe o susto, mas vi que você precisa de ajuda....
O nome desta alma caridosa era Ana.
Eu e Ana nos damos muito bem. Vejo-me às vezes numa contenção para não fazer o que fazia antes, de pensar nela - a outra. E isto esta sendo muito determinante para o fato de nos entendermos desta maneira. Até agora pelo menos.
A outra continua assombrando meus pensamentos no mínimo 20 vezes por dia. Mas não na mesma intensidade. Será que está tudo bem comigo? Está sim...
A única diferença é que não me importo tanto quanto antigamente...e nem sofro também... pelo menos eu acho isso. E ela não é mais ela. É a Ana agora...

Até mesmo porque a Ana adora meu café com leite. E por incrível que pareça, meu perfume de lírios do campo também.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Guerra química com trilha sonora

Objetivos de vida. Todos nós temos alguns.
Mas não quero falar dos meus, ainda. Antes quero falar dos de uma mulher de 33 anos. Solteira, trabalhadora, estudiosa e solitária. Vive para a sua vida profissional. Dorme para trabalhar, acorda para trabalhar, come para trabalhar, toma banho e se veste para trabalhar, se cuida para trabalhar. Sim, a música aquela dos Paralamas.
Bem-sucedida. Graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, cargos de chefia antes dos 30. Salários altos iguais ao salto que ela usa, também em torno deste último número. Respeito, consideração, valorização e facilidades. Tudo o que qualquer reles mortal trabalhador pediu ao divino.
Mas não, ela não era feliz. Acho que todo mundo imaginou isso, né? Agora a outra sentença óbvia: Por quê?
Simples. Coisas simples faltavam em sua vida. Assistir a novela das seis, tirar uma sesta à tarde, tomar café da manhã despreocupada com o horário, dormir até dizer chega, não precisar se maquiar todos os dias, almoçar às três horas da tarde, tomar café com grappa, beijar alguém todos os dias, dormir de conchinha, receber cafuné, comer bolinho e quindim até se fartar sem se preocupar com o culote...
Ela também se sentia muito sozinha. E quando solidão bate, a gente sabe que as coisas perdem o valor. Daí a gente se pergunta se queria mesmo o carro zero que comprou, se o nosso cachorro é interesseiro ou abana o rabo porque gosta da gente de verdade, se o fato de dizerem que sou simpático é disfarce pra afirmarem que não sou bonito... Enfim, solidão é o saco-vazio-sem-fundo-preto-no-vácuo das perguntas que não querem calar. A casinha onde mora o “será?” que casou com o “por quê?”.
Estes dias atrás a bem-sucedida me perguntou:
- Qual é o teu objetivo de vida?
- Não sei.
Mentira. Eu sabia. Mas me deu uma preguiça enorme de explicar que o meu objetivo, por enquanto, é não ser e estar só. É poder ir para a academia às cinco e meia da tarde. É dormir até as três - também da tarde - no sábado. É ficar o dia inteiro conectado no MSN com quem eu tenho prazer em bater um papo. Gosto de não me sentir tão responsável sobre a maioria das coisas que acontecem ao meu redor, de compreender e tentar aceitar que não tenho controle nenhum sobre os sentimentos, percepções e emoções das outras pessoas. É bom sentir-me insignificante e invisível, errar pra aprender no erro, ser tachado de bobo por ser comportadinho, de careta por vestir-me de terno e gravata (adoro estar bem arrumado), de cheiroso e burguês pelos meus perfumes importados, comer bolo - daqueles de aniversário com cobertura de creme e chocolate - e continuar magro de ruim. Meu objetivo é beber pouco ou muito, de acordo como que eu estiver com vontade, beijar quem eu gosto, abraçar quem eu gosto, dormir aconchegado no seio de quem gosto, gostar de quem goste de mim – e lá vem outra música na minha cabeça.
Como é que eu ia explicar pra ela que este conjunto de coisas, pra mim, é a felicidade, e esta tal felicidade (mas que raios, hoje eu estou musical mesmo) é o meu objetivo principal?????
- Mas... Tu és feliz?
- Eu não, talvez nem queira ser tão cedo.
Não quero ser feliz tão cedo porque se isto acontecer, como é que eu vou guerrear? Sim, porque buscar a felicidade é motivo pra uma batalha que não termina nunca; a expectativa, por si só, já é um baita de um incentivo viciante. A vida não é pra rir, mas que graça ela teria sem a luta constante pela satisfação inconseqüente, incoerente, insípida, incolor e inodora? (Ai, passei da música pras aulas de química). E antes de me despedir da bem-sucedida, depois de nove tulipas de chopp e alguns Carlton Crema dentro do cinzeiro (estou em processo de despedida do cigarro, mas infelizmente ele gosta muito de mim) perguntei com ares socráticos:
- Mas me diz aí, tu que és mais bem sucedida, tem dinheiro, trabalha muito, batalha muito mais e que tem mais idade e cabeça do que eu... Qual é o teu objetivo de vida?
- Pois é, eu também não sei.
- Ufa, ainda bem.
Ainda bem que ainda existe insatisfação neste planeta. Disfarçada de ignorância, é verdade. Mas ainda não estamos perdidos nessa imensa tabela periódica.


Lembraste também dessa música?

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Simples assim...

Brigas. Como sinto falta delas.
Parece loucura mas, quando um relacionamento definitivamente marcante nas nossas vidas termina, vão e vêm à lembrança os momentos bons e ruins, incessantemente.
As brigas entre os casais, segundo definições retiradas da sabedoria popular, são nada mais, nada menos que “ajustes finos” do relacionamento. Metaforicamente, será que uma relação poderia ser comparada àqueles antigos aparelhos de televisão, que vinham com botões redondinhos que girávamos de um lado para o outro pra encontrar a “sintonia fina” dos canais? Seria bom que existisse algum dispositivo deste tipo, que exorcizasse os fantasmas com apenas uma girada. Captasse as freqüências. Alinhasse o vertical e o horizontal. Simples assim.
Mas se existisse tal botão na relação de um casal, talvez não descobríssemos como são úteis aquelas linhas que passam sem parar, a barulheira da estática, a cor indo e voltando... E o quanto faz falta esse movimento quando tudo termina. Como sinto falta de brigar...
Não, a loucura ainda não me atingiu – eu disse, ainda. Com meu raciocínio completamente são posso elencar, do meu último relacionamento, uma penca de brigas acontecidas e quase todos os motivos que levaram a elas. No entanto, pensando bem, isto seria um exercício de paciência um tanto embaraçoso. E não tenho a mínima intenção de me expor como as nádegas de uma dançarina de pagode-axé-funk Argh.
Mas é preciso que se dê alguma informação básica pra que vocês entendam o que eu quero dizer. Atualmente estou sozinho, naquele marasmo rotineiro e satisfatório - de casa para o trabalho, do trabalho para casa, eventualmente um engarrafamento na BR 116, uma paradinha em torno da minha velha mesinha de centro, de pátina cor de areia, pra reunir os amigos e um chimarrãozito. Ou seja, nada além do corriqueiro.
Mas quando havia a possibilidade de brigar com ela, todos os dias eram diferentes. Sempre algo novo me causava preocupação e aquela adrenalina inesperada. Mais rápido do que o Ligeirinho, os “eu te amo” viravam “eu te odeio”. Andale, andale, arriba!!!
Uma dúzia pelo dinheiro, duas por ciúmes, duas e meia pela falta de carinho e sexo. Sem contar aquelas clássicas, motivadas pelo o que eu considero nada: toalha molhada em cima da cama, a famosa tampa do vaso sanitário... Enfim.
Não que eu seja algum maníaco sadomasoquista que ache benéfico irritar ou ser irritado pelo cônjuge, mas na falta da “sintonia fina”, uma briguinha consciente acalma os ânimos, seja lá quais forem eles. E me vem à lembrança agora o caso dos meus avós maternos: segundo a minha mamãe, foram 70 anos de convivência antes de falecerem felizes e terrivelmente apaixonados um pelo outro. Beijando-se, amando-se e respeitando-se por todo este tempo sem nenhuma histeria... Bem, não é politicamente correto desconfiar das mães.
Mas os anos vão passando, as modas vão mudando, o mundo não pára de correr os 200m rasos e sinto falta de estar continuamente num ringue de boxe. Ou talvez, tal qual uma síndrome de abstinência, não tenho colhões para atingir um outro estado, de viver com alguém que não me crie problemas. O fato é que ainda não encontrei o chinelo velho que vá se encaixar no pé deste corpinho carente até do carinho do cachorro. A dúvida fatal é: a gente procura e experimenta, ou senta e espera este “tesouro” de pessoa? E lá vai o mundo quebrando mais um recorde a cada nova competição. Pára que eu quero descer.
Acho que sinto falta das brigas justamente na falta do que sentir falta. É claro que o “lance” dos parâmetros de relacionamentos que eu tive até hoje influenciam também, já que nunca tive um relacionamento considerado “tranqüilo”. Por inúmeras razões, acho que ainda não encontrei o zíper da minha jaqueta, alguém que “feche” comigo sempre junto de mim.
Ok, ok. Como estou plenamente são das idéias, também não dá pra ignorar o fato do lado ruim de brigar. É estressante só de pensar. Talvez esteja aí a resposta, precisamos todos de uma válvula de escape. Assim como o Brasil encontrou o carnaval pra aliviar mais um ano de escândalos políticos eu, com meus ínfimos ardores existenciais, cheguei à conclusão que preciso brigar de vez em quando. E o que seria mais civilizado do que sair se chacoalhando pra gringo na avenida? Dar murro em porteiro de boate?
E nisso, meus pensamentos são interrompidos com a entrada esbaforida da pobre Arcângela, minha empregada. “Seu Rafael, desculpe-me pelo acidente, mas eu acabei de queimar uma de suas camisas. Mas também... Esse tecido é tão vagabundo, a camisa inteira é tão fraquinha...”...
Ah! Quanto tempo eu não sentia o sangue subir assim...
- Sua... Sua... Sem coração! Como tem coragem de assassinar e desdenhar uma das minhas queridas Fernando de Carvalho! Tu não me respeitas não!? O que é que fiz pra tu fazeres isto para mim!? Eu não mereço isto!!! Tu nunca me trataste bem....! Tu nunca me deste carinho!!!! Ahhhhhhhh!!!!!
- Eu hein, seu Rafael!? Tudo bem que eu tenha queimado e estragado uma camisa cara do senhor... Mas já tenho o Mário pra me cobrar tudo isso aí... Assim não dá, vai arranjar uma mulher!
O som da batida da porta encerrou a discussão. E eu, atônito comigo mesmo, fiquei pensando na sapiência da Arcâgela...

terça-feira, 24 de outubro de 2006

A saga da frutose

Bom, lá se foi o inverno. E que estrago isso faz em pessoas românticas como eu. Palavrinhas como aconchego, conforto e casa dizem tanto... Em conjunto com os meus filmes, a minha lareira, os meus vinhos e a fondue que só eu sei fazer.
Ok, ok. Há uma coisa que eu detesto no inverno: a falta de melancia.
Eu adoro melancia. E é praticamente impossível encontra-la nesta época do ano.
Segundo seu Jacinto Cearense, dono da fruteira, a frutinha maravilhosa só dá entre a última quinzena de novembro e fevereiro. Tudo por causa do clima. E como eu não posso deixar de ser ansioso, o que me abate no inverno é a espera da temporada de melancia.
Nesta época do ano não passa uma hora do dia em que eu não pense em melancia, sinto desejo de comê-la no café da manha, após o almoço, de tarde, após a janta e até na hora de assaltar a geladeira na madruga.
Eu daria tudo por uma melancia agora.
Esses dias o seu Jacinto conseguiu uma pra mim. Cobrou-me os dois olhos da cara e mais o nariz. Mas eu paguei. Ela era meio pequena, meio feia, meio clara. Aquelas lindas listrinhas verdes não eram muito visíveis. Na verdade, minha melancia de ouro parecia ser mais fruto de alguma união duvidosa com um melão espanhol, do que com uma genuína melancia brasileira. “Deixa de ser exigente” pensei, “melancia é melancia, o que importa é comer”. Levei-a para casa, louco para me empapuçar com aquela delícia. Cortei a famigerada, já “calada” - pra quem não sabe, aquele cortezinho triangular que serve pra provar a fruta e enganar o freguês -, e deparei-me com um azedume, aquele gosto de podre (imagino que você saiba do que estou falando). “Pro diacho tchê, eu quero melancia e se só tem essa, vai essa mesmo”.
Acabei por comê-la inteirinha... E enquanto o fazia, desejava ardentemente o verão para poder saborear todas aquelas melancias com listras verde-escuro-vermelhinhas-no-meio-cheias-de-sementes-que-uso-pra-acertar-meu-irmão-mais-velho... Incrível como a imaginação pode esconder um gosto de azedo.
E aí, no exercício contínuo da memória, lembrei-me do novembro passado, quando ia ao supermercado fazer meu rancho semanal com a notinha no bolso: cerveja, cigarro, papel-higiênico, refri, MELANCIA (assim mesmo, em letras maiúsculas). Ah... Bendito setor de hortifrutigranjeiros, que abriga os fartos sucos tenros e doces do meu objeto de desejo frutal...
E ainda no mesmo processo de lembrança, ao pensar nos “doces sucos”, me lembrei da fartura. E da fartura veio a saciedade. E do excesso de saciedade o enjôo - conseqüência das mais de 30 melancias que papei naquele verão.
No inverno sinto falta, no verão, estou farto dos fartos sucos. F-A-R-T-O. No calor das horas, a melancia me embucha e aquelas horríveis-cascas-verde-escuras-com-restinhos de-vermelho-do-meio só servem pra atrair moscas.
De repente, eu odeio melancia. Ainda bem que estamos no inverno.
Ok. Ok. Tem mais uma coisa que me faz falta neste inverno: a companhia. Não, não da melancia. Embora agora eu tenha percebido o quanto uma se parece com a outra, comigo podendo ocupar o papel da fruta e vice-versa...
Ahhhh... Pensamentinho filosófico que me ocorreu agora: o extremo desejo de posse acaba por assassinar os desejos do desejo conquistado.
A posse é o tumulo do desejo. Ou de uma melancia. Ou de uma companhia. Quem desdenha quer comprar. A gente só dá valor quando perde. Tudo o que é fácil não tem graça. A melhor bolachinha é a última do pacote. E todos aqueles outros ditados-populares-comuns-extraordinariamente-lógicos.
Pra usar esta metáfora além dos gêneros alimentícios, confesso que me sinto mais como a melancia. A sensação insistente de que as pessoas me conquistam só pra me jogarem fora depois fica sempre latejando. E que fique esclarecido que não sou do tipo “fácil”, apenas me apego àquilo que me faz bem. Isso é crime? Atira a pedra aí se já não fizeste o mesmo...
Como eu pensava... Não pode me agredir porque também já fez, né?
Como não gostar de bajulação, de apoio, de respeito, de elogios? Como abdicar da sensação de ego preenchido quando a vontade por ti do outro é tanta, que até atura o gostinho podre de azedo?
Não, definitivamente não compreendo esta lógica. Lembrem-se que eu comprei a melancia sem saber que a coitada estava podre e encarei mesmo assim. Tudo bem, tudo bem. Não foi só em respeito à frutinha, mas sim ao meu dinheiro, a falta de coisa melhor e talvez o gostinho de não dar o braço a torcer pro caloteiro fdp do Jacinto Cearense. Mas o fato é que, em se tratando de gênero humano, não podem me acusar de falta de dedicação as minhas conquistas.
Mas atire em mim aquela pedra que você tem aí guardada se um dia também não foi melancia. De repente, a gente perde o valor por falta de clima! Ahhhhhh!!!!!
Quando nos deparamos com este problema na vida, a situação é bastante complicada. Sim, estou acusando um pouco a velhice. Quem arrastava um caminhão pela gente, hoje não arrasta mais nem um skate. Geralmente a falta de valor que as pessoas lhe dão neste período acaba por contaminá-lo de tal maneira que até Roberto Carlos, em situação semelhante, pararia de pensar que é rei... E a gente acaba se contentando com o papel de súdito em reinado brega.
Mas tudo pode ficar pior. É aquela fase da evolução do pensamento na qual tudo vira culpa tua e dos teus excessos - cabelo oleoso, espinhas, magreza, gordura, baixa estatura, nariz torto e hálito duvidoso. Não, não pareço com o Corcunda de Notre Dame. Sou inseguro mesmo.
Tenho impressão, às vezes, que se a fraqueza deste momento for muito duradoura, ele fica tão extremo que se pode chegar a fazer muitos tipos de besteiras - entre as menos pesadas, implorar pelo carinho do usurpador que te descartou. E tudo por quê? Por quê?
Porque eu adoro melancia no inverno quando eu não as posso ter. E as odeio no verão quando elas pipocam em qualquer moita. E como melancia podre por ser cabeça-dura. Ou seja, por inconseqüência humana mesmo. Quando eu encontro alguém perfeito que tomará o lugar da falta de melancia no meu inverno, e que será o Amargol para elas no meu verão, prefiro ir atrás da cereja do bolinho. E o pior é que fazem isso comigo também. Sei lá, talvez eu tenha que comer mais salada de fruta.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Novamente iniciando os trabalhos....

Bom......
Estamos ai....!
Esta é minha segunda tentativa de ter um blog.....ou pelo menos, tê-lo e mantê-lo.
Vamos ver se dará certo. Para isto tenho que ter tempo, inicialmente para aprender a futricar nisto, segundo, para postar....(quem me conhece sabe....tempo e disponibilidade não são exatamente o meu forte...)...
A principio postarei mais sobre este meu período de transição....(alguns especialistas no assunto chamam de "crise dos 25"...)...

"Cafunés,
Geral do Grêmio,
Insônia,
Psico-terapia,
Inverno,
Incertezas,
Linda,
Chimarrão,
Auto-menosprezo...

...Saudades de mim.... "

Bjos a todos!