quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Grande Tribunal...


Todos nós, inclusive aqueles que não são ligados à área do direito, estamos acostumados a figura do tribunal. Sempre quando pensamos nesta palavra, facilmente conseguimos imaginar um juiz a julgar, jurados ouvintes atenciosos a direita, o réu individuo que está sendo acusado sentado ao meio, seu advogado tentando lhe defender ao seu lado e o promotor em pé a acusar. Existe até um gênero de filmes e séries americanas que usam julgamentos como temática, os chamados filmes de tribunal: “Perfume de mulher” e “Law and order” são exemplos clássicos.

Se ao ler isto, conseguiste imaginar o que é um tribunal também, meio caminho andado para mim. Hoje escrevo não para falar sobre algum júri popular ocorrido ultimamente, ou algum julgamento que está ocorrendo, ou até de algum que já tenha presenciado. Escrevo para enfim, explicitar o tão esperado momento onde eu mesmo, com uma pequena ajuda, consegui enxergar qual é o grande júri da vida, aquele que realmente importa: o nosso próprio.

Não sei se já conseguiste perceber, mas diariamente nos encontramos em sucessivos juris, em sucessivos “autojulgamentos”. Se já conseguiste perceber, parabéns, pois só agora este fato saltou-me aos olhos, só agora consegui perceber as figuras presentes do réu, do promotor, do juiz, do júri e do advogado de defesa, todas elas concentradas na minha própria pessoa.

Coisa de maluco¿ Pode até ser. Mas quantas vezes já pegaste o promotor interno te acusando ferrenhamente, te chamando de fracassado, perdedor, preguiçoso, e até mesmo... feio¿ Quem nunca aqui já não se pegou convencido de algo negativo sobre si mesmo, apesar de todas as evidências apontarem na direção contrária¿

Imagine o tribunal. Agora imagine o réu, o promotor, o juiz e o advogado de defesa, agora imagine todos eles dentro de sua cabeça atuando, representados pela sua própria pessoa. O que quero dizer é que internamente nos auto acusamos todos os dias, nos auto defendemos, nos auto julgamos e nos auto condenamos ou absolvemos. Mas, garanto a você, querido leitor, que o promotor, aquele que acusa, insistentemente obtém vitórias memoráveis sobre o advogado de defesa, que tal qual um palerma astronômico, não tem competência para combater tais acusações sucessivas. E nós, desta maneira, somos autocondenados todos os dias, todas as horas, todos os minutos.



Um salve para aqueles que foram criados aprendendo a se autodefenderem de si mesmos.



Sei que isto parece figuração de advogado novo que gosta da área que atua, e sei também que para os entendidos em psicologia o que escrevo aqui parece mais artimanha de terapeuta para fazer-nos entender como funcionam nossos esquemas mentais. Mas sinceramente confesso novamente o que confessei antes: pela primeira vez na vida, percebi que meu promotor interno me acusa de muita coisa injusta, e a vida inteira, inteirinha, obteve vitórias memoráveis, conseguindo que eu me autocondenasse em todos os grandes e importantes aspectos da vida.

Está na hora de deixar o advogado de defesa trabalhar. Está na hora de me autodefender de mim mesmo. Está na hora de colocar o promotor em seu devido lugar, negar-lhe as acusações, demonstrar ao juiz as provas abundantemente existentes do contrário, e deixar que o réu (eu mesmo) saia absolvido de algo pelo menos uma vez na vida. Chega de se autocondenar, chega de se autoconvencer das infelicidades não existentes, dos fracassos inverídicos, das derrotas que nunca foram nem jamais serão ao menos... reais.

No grande júri interno da vida, somos nós quem comandamos as peças deste tabuleiro jurídico, e somos nós quem determinamos quem será e sairá vitorioso. Basta apenas aprender a como corretamente manuseá-los, a como fazer com que o advogado de defesa seja digno de vitórias memoráveis nos juris diários que nós mesmos, nos impomos.