terça-feira, 29 de maio de 2007

Quebra de paradigmas

Neste sábado, fui convencido a ir ao show de uma banda que, confesso, tinha uma prevenção enorme de suas músicas, suas composições, execuções, mensagens e atitudes. Pra que ninguém fique se perguntando, vou dizer logo. O nome da mesma é Acústicos e Valvulados. Mas enfim...
Depois de muito insistir e de me oferecer um ingresso pelo preço módico de quinze reais, um grande amigo meu me convenceu a ir. Disse que pagava até um cachorro do Rosário depois. Sob este argumento principal, não pude resistir. Mas não imaginava que na verdade, o que aconteceria seria que alguns paradigmas meus seriam quebrados.
Imaginem vocês que, claro, sendo o show no Teatro São Pedro, e fazendo parte de um projeto acústico que uma rádio local está organizando, logo após raciocinar antes do espetáculo começar, realizei que o projeto deveria ter algo de muito diferente ou especial. E foi justamente isto que me surpreendeu.
Pra começo de conversa, a acústica dos três (às vezes quatro) violões era simplesmente linda, os arranjos novos para músicas antigas estavam de brilhar os olhos, a dupla baixo/bateria não faziam grandes sobressaltos, mas eram de competência notável, o Korg era sempre uma companhia muito boa encorpando o trio de cordas agudas, e o vocal, bem, o vocal, que era a minha grande crítica, se mostrou maduro e muito seguro, e de uma junção coesa e agradável com todo o resto.
E as participações especiais então. Bah! Dois dos meus grandes ídolos da cena Rock-Melosa gaúcha estavam lá, dando uma palhinha em algumas músicas, ambos eram (um ainda é) do TNT: Tchê Gomes e o Marcio Petracco (Petracco neles!).
Digamos que minha visão antiga sobre a banda não demorou muito, umas três ou quatro músicas já serviram, mas me insurgiu uma baita reflexão.
Como é fácil mudar convicções às vezes, como é uma barbada que as nossas opiniões sobre determinados assuntos, gostos ou pessoas possa ser cambiado de uma hora para outra. Simples acontecimentos às vezes fazem mudar de idéia sobre coisas que se trabalha (muitos momentos, até propositalmente) para cimentar como crença. Tal qual os arranjos do Acústicos e Valvulados, muitos momentos algo significativo muda o sentido das coisas, ou algo que demonstre arrependimento, desejo de mudança, faz mudar da desconfiança para a aposta, da desconsideração para o carinho, da decepção para a admiração, do ódio para a paixão, e principalmente, da raiva para o amor. (Ou vice-versa, claro).
A grande maioria considera em alguns momentos (quando é confortável, claro) que isto não necessariamente traduz fraqueza de personalidade, muito menos de espírito. Tal qual um pai que perdoa o filho, entendo que os sentimentos ligados ao amor têm esta capacidade, de nos transformar em algo maior, nos elevar. Como condenar faz parte do ser humano, perdoar faz parte do divino.
Mas enfim, do mesmo modo que sem saber, a Acústicos e Valvulados provou o contrário de tudo o que eu achava, contradizendo e queimando minha língua em todas as criticas que sempre fiz, às vezes as pessoas esperam e principalmente, desejam que certos indivíduos que fizeram parte de sua historia façam o mesmo. Desejam do fundo da alma que quem lhes fez mal se arrependa, que peça desculpas, que tente se redimir, que faça valer a pena ter sofrido tanto por tão pouco, e que, elemento cerne da questão, prove que estavam completamente erradas sobre os defeitos e conseqüentes péssimas características constatadas.
Mas isto é assim. Algumas pessoas até querem fazer isto, mas não sabem como fazê-lo. Outras... nunca acharam ou vão achar que erraram...
Agora... como todos sabem, pra certas coisas não existem mais perdões ou desculpas...

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