terça-feira, 4 de agosto de 2009

A musa inspiradora...

Alguns anos depois de ter descoberto que tinha uma mínima capacidade para escrever, hoje em dia tento tornar este hábito o mais saudável possível. Tento dentro destas linhas, além de analisar o meu cotidiano de uma maneira mais detalhista, divertir-me escrevendo coisas que eu mesmo gosto de ler.
Não me considero um bom escritor. Acho sinceramente que além de não preencher alguns pré-requisitos básicos para o posto, como ler compulsivamente e ser tarado por literatura, faltam para mim algumas características que todo colunista competente tem de ter.
Na contramão, sei que possuo alguns outros aspectos para poder ser enquadrado na classe, como a existência de uma musa inspiradora, por exemplo.
Sim, apesar de ser um homem solteiro que não caça tenho uma musa inspiradora. E esta felizarda tem currículo de sobra para prestar-me tal serviço.
Antes de tudo ela me parece intocável mesmo sendo extremamente sociável comigo. Por enquanto não existem caminhos sutis para chegar a sua pessoa, pois todos eles vêm com atestado de interesse ao mero sinal de aproximação. Para mulheres como ela, é de bom tom não demonstrar segundas intenções antes de se ter um nível mínimo de intimidade, sob pena de transparecer de maneira errônea que apenas as características físicas criaram a necessidade de aproximação, o que não é o caso. Musas inspiradoras não nos atraem apenas pela beleza, elas despertam o desejo de conhecê-las a fundo, descobrir cada um dos seus segredos, nuances, gostos e características. Enquanto isto não acontece, nossa imaginação corre a milhares de quilômetros por hora.
Por segundo, ela é dona do primeiro sorriso aberto e gratuito que vejo no dia. Tal sorriso se traduz em um dos momentos mais especiais que acontecem dentro das minhas 24 horas, tamanha é a sua capacidade de iluminar o ambiente. Espero-o com ansiedade, desejo-o com ardor, chego até a me preparar para o momento em que ele acontece. Me visto com minhas melhores roupas, diariamente levanto pesos para que meus músculos pareçam maiores, chego até a ensaiar poses em frente aos espelhos. Quando este tão desejado momento chega, a contraprestação que ofereço sempre é um inexplicado sorriso amarelo, daqueles que a gente dá tentando não demonstrar que está se derretendo chão abaixo, acompanhado de um pós-arrependimento por não pagar na mesma moeda tal presente oferecido.
Terceiro, ela transparece perfeição em todas as suas atitudes. Desde as profissionais até a maneira de andar. Ela se veste da maneira certa, se move da maneira certa, até mesmo fala da maneira certa. Tudo nela parece feito sob-medida, daquelas pessoas que a gente sabe que Deus fez o molde e jogou fora depois de conceber a obra de arte. Tão inigualável quanto o criador, é a criatura neste caso.
Penso nela em momentos esperados e inesperados. Desejo saber de coisas sobre ela que neste momento, conforme a já relatada dificuldade acima, é simplesmente impossível ter acesso. Musas servem para isto: criar-nos imaginação de como seria, a ansiedade de desejar sem ter, o sofrimento de apaixonar-se sem saber se tal sentimento é correspondido.

As palavras escritas não são a única maneira de se aproveitar de tal situação, até porque a evolução natural (e esperada) da mesma sempre tem a chance de acontecer. A inspiração que hoje é benéfica quase em sua totalidade apenas na tela do computador pode se transformar um dia em convívio, em cabeças aconchegadas no peito e palavras doces trocadas despretensiosamente.

Além de seus benefícios, toda musa tem os seus objetivos-fins em existir. O que é mais engraçado é que estas mesmas metas não são delas intimamente...

... mas como eu gostaria que também o fossem...

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