Tempos atrás, um amigo me apresentou uma “conhecida”. Sabendo que sou um pouco avesso a este tipo de arranjo, ele preocupou-se previamente sobre qual seria minha reação quanto ao momento que o fato acontecesse, mas resolveu arriscar.
Durante alguma balada que não lembro qual, aproximaram-se ele, a atual namorada e a menina, que nada mais era do que uma amiga do casal que havia externado interesse por mim em outras ocasiões (tenho de admitir, ela era linda... morena de sorriso fácil e pernas longas). Ele tocou em meu ombro, me apresentou a tal e ficaram esperando, ambos os três, por uma reação que talvez não fosse tão boa. Abri um super e inesperado sorriso, e a partir daquele momento, tratei-a como trataria a melhor amiga, com a maior gentileza e educação possível. Conversamos bastante, e tudo acabou por ali no final da noite, com uma saudação educada e carinhosa de final de festa, uma adicionada no MSN e só. Nem beijinho rolou, e a coitada foi embora se achando um lixo no mínimo... ou que eu era gay. Mas paciência.
O tal amigo não entendeu o que eu tinha feito. Segundo ele, momentos após a apresentação, ele primeiro achou que eu fosse virar as costas para a menina (ela também achava), em um segundo momento, vendo que tudo deu certo, pensou que eu agiria como qualquer homem age, pisando afoitamente no acelerador e não demorando muito para “alcançar a meta”, por assim dizer. Esqueceu-se de um detalhe crucial, que particularmente rege todo e qualquer tipo de relacionamento meu.
Tem certas coisas que temos de aprender a dar valor.
Não sei se é pela passagem dos anos, se pelas gerações que vão sendo superadas (percebi nos últimos tempos que a minha já não é mais a atual), se pelas práticas amorosas que entraram em desuso, se é pelos relacionamentos que assustadoramente evoluem para algo cada vez mais informal... não sei. Só sei que vejo uma escassez de algo que hoje em dia, infelizmente, é raro... e respeitando a lei da oferta e da demanda, é tão bom quanto.
Eu já havia escrito sobre isto por aqui, mas quando conheço alguém que realmente me interessa, as vontades que tenho não são as puramente instintivas, aquelas que são esperadas de todo e qualquer “macho alfa”. Juro que a primeira coisa que me vem à cabeça é conhecer melhor aquela pessoa, conversar bastante, saber do que ela é capaz, e principalmente, qual é a sua capacidade de comprometimento, não só referente a um possível relacionamento, mas sim porque acredito que o que nos faz melhores pessoas é justamente isto, a nossa capacidade de comprometimento.
Sim, eu dou valor a outras coisas, e para isto, me utilizo de certas ferramentas que, tal qual as antigas Olivetti, praticamente ninguém mais utiliza.
Costumo (e costumam) dizer que sou um homem “a moda antiga”, ou seja, aquele que, de acordo com toda a rotulagem padrão, puxa a cadeira, abre a porta, presenteia com flores, adora programas românticos... o que ninguém se dá conta é que de maneira quase única pessoas como eu passam e praticamente obrigam quem nos relaciona a passar por fases ou sentimentos que ninguém mais tem tempo ou até paciência para sentir. E o melhor de tudo: fazemos isto curtindo e de maneira totalmente... proposital.
Sou lerdo quando me interesso por alguém. Mas sou lerdo propositalmente. Vou contra a maré e, torturando talvez um pouco a garota, puxo um pouco o freio de mão para tentar curtir ao máximo esta fase inicial de suspensão e encantamento. Que me atire a primeira pedra quem acha que olhares mútuos e brilhantes junto com sorrisos patetas não são bons, e aqui vai um puxão de orelha para aqueles que mentirosamente me responderam que não: está na hora de esquecer o que houve e te permitires a ter este tipo de felicidade. O amor verdadeiro e duradouro existe sim, e é justamente em meio às tentativas que acabam com os burros na água que o encontramos.
Tudo acontece planejadamente, mas ao mesmo tempo sem rumo algum. Temos de respeitar as fases e aprender a amá-las tanto quanto a pessoa que nos envolve.
O primeiro beijo sempre demora um pouco a acontecer, até porque acredito que o que vem fácil, vai fácil. Gosto da patetice que dá após o desligar de um daqueles telefonemas infinitos e que despertam saudades logo após o primeiro minuto. Fico sim, e com todo prazer, com cara de besta quando recebo uma mensagem de texto inesperada daquela pessoa. Gosto do frio na barriga que um encontro inesperado com a pessoa alvo proporciona. Adoro a sensação de insegurança ligada a vários aspectos no momento da conquista, e principalmente...
... adoro também a certeza de que estou certo em ser assim.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
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2 comentários:
Olá Rafael...
Me identifiquei muito com esse seu texto, pois passei por uma situação parecida, mas vamos ao meu comentário sobre o mesmo...
Concordo com você... Acredito em pessoas (homens) deste tipo que você descreve, os quais é muito difícil de encontrar por aí, pensando bem quase que impossível. Mas, pelo que li aqui neste post, vejo que você é um dos poucos que ainda existem com essa personalidade, digamos que exatamente como uma mulher gostaria que todos os homens fossem, românticos ao extremo.
Você com certeza participa da minoria dos homens que tem este coração verdadeiro, acredito que por mais que um homem goste de tudo que você descreveu aqui, jamais falará, porque lhes foram ensinados que tem que ser machos, tem que sair pegando todas as menininhas, mostrar sua masculinidade nestas atitudes mesquinhas que qualquer mulher conhece ou já passou por uma situação dessas e que até ficou com algum trauma por isso.
Considero bonito e interessante deixar claro o que queremos e levar ao pé da letra, viver cada minuto da vida da formas que acharmos que nos for conveniente e fazendo sempre o bem, sendo assim a vida se torna muito mais agradável! Se as pessoas vão gostar por ser assim, paciência, não viemos ao mundo pra agradar a todos.
São poucos que tem este dom, posso dizer dom, por que eu particularmente nunca ouvi um homem falar ou escrever o que escreveste e elegância são poucos que tem e não é para qualquer um. Porém algumas vezes na vida, acredito que isso já acontecerá também com você, ao encontrar pessoas assim ou parecidas, pessoas de verdade, acabamos por não dar o devido valor e vivendo aquele momento, digamos que por viver, freados por inúmeros pavores, fantasmas e medos, e depois que perdemos essa pessoa especial nos remoemos de raiva por que assim após a perda paramos pra pensar nas atitudes que tivemos, nos melhores momentos que não eram vistos, nos monentos mínimos em que a felicidade estava em nossas mãos mas que deixamos escapar por entre os dedos e que na hora não nos damos conta e nem valor a ela. É aquela velha história "SÓ DAMOS O DEVIDO VALOR DEPOIS QUE PERDEMOS".
Enfim... esta é a vida, e ela como diz uma frase famosa, "é uma peça de teatro que não nos permite ensaio"... Mas, confesso que todos os dias, e hoje foi um deles, peço a Deus que dee-me uma segunda chance, sei que é pedir demais, mas quando sabemos que erramos e quando estamos dispostos a viver tudo novamente da forma mais correta, mais linda e mais gostosa acredito que Deus poderia nos dar essa segunda chance, como sabe pedidos a Deus acontecem e vai acontecer eu tenho fé, não sei se da mesma forma, mas algo que seja parecido. Um dia viverei novamente uma história desta forma com alguém assim como você... que até hoje sinto saudades!!!
Beijos...
Déia
Olá.
Certíssimo!!!
Homens a moda antiga não se encontram mais por aí, é coisa rara, e pelo que descreveu aqui você é um deles. Continue sempre assim porque homem romântico e a moda antiga sabe conquistar e prender uma mulher como nem um outro!!!
Bj
Ariadne Werner
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