Quando temos uma pequena aptidão para escrever, e não temos muita
experiência, nos deparamos por vezes com bretes e bifurcações que nos
dificultam um pouco na prática de colocar as idéias no papel. Esses becos sem
saída ocorrem com mais frequência quando estamos nos relacionando com alguém.
Traduzir os pensamentos em palavras continua sendo relativamente
fácil, o que não é fácil na verdade é COMO fazê-lo sem ter de pagar por isto.
Existe sempre o risco da identificação intima, ou seja, o risco de escreveres
algo, a cônjuge identificar aquilo como um recado, e este fato ter reflexos de
simples a graves dentro do teu relacionamento.
Palavras ditas tem reflexos com um certo nível de gravidade, mas
acredite, os reflexos das palavras escritas por alguém que tem esta prática,
são muito mais graves.
Na duvida, não ultrapasse. Já diz as placas de transito contidas em
nossas estradas de mão dupla. Na duvida, não escrevemos. Está é a prática
recorrente. Se tivermos alguma dúvida quanto a nossas palavras criarem
problemas ou não, não às utilizamos. É o que acontece. Deixamos de escrever
muitos e muitos artigos respeitando esta premissa.
Agora, admito que não saiba realmente se esta prática está certa ou
não em ser adotada.
Vejo exemplos do contrário. Apesar de não ser um grande fã, Caetano
sempre escreveu e se inspirou em qualquer coisa para compor suas músicas, se inspirava
até em outras mulheres e na sua bissexualidade, estando casado, para escrever.
Nunca se impôs limites ou amarras, cercas ou parâmetros no momento da
composição, o que de certo modo sempre foi um dos motivos da existência da sua grande
legião de fãs e adoradores.
Chico, Vinicius, Gil, Milton... todos eles. Nunca impuseram limites às
palavras durante as suas obras, colhendo claro, os frutos desta postura. Não
que ser extremamente livre ao escrever seja sinônimo de sucesso e popularidade (até
porque não é este o intuito deste que vos fala), mas talvez esta liberdade seja
uma das premissas para que a atividade de fazer artigos seja ao mínimo...
prazerosa. Talvez o escritor tenha de ter total liberdade para escrever seus
textos, sem se preocupar com os reflexos futuros daqueles que os lerão,
principalmente se estes ocorrerem dentro de sua vida pessoal, criando ou não
dificuldades.
Atitudes são atitudes, reflexos são reflexos... mas enfim, ferramentas
também são ferramentas. Tenho de admitir também que o fato de escrever algo, e
tua namorada entender que aquilo possa ser um recado teu para ela, é sim, uma
grande ferramenta para dizeres algo que queres dizer, mesmo que normalmente
tenhas algum empecilho para que isto seja feito pessoalmente, seja este de
ordem particular ou de ordem comum. Temos de admitir sim que, todo texto tem
uma mensagem a ser transmitida, e um alvo na mira para esta mensagem.
Não venho até vocês hoje, declarar minha liberdade. Não tenho este
intuito aqui e agora. Não é esta a intenção. Penso que talvez esteja escrevendo
este texto agora, mais com o objetivo de dizer que sim, todo texto tem um
MOTIVO para ser escrito, todo texto tem uma INSPIRAÇÃO, e TODO TEXTO, SEM EXCEÇÕES,
quer dar um RECADO, deixar uma MENSAGEM, ENSINAR algo, talvez até mudar
práticas alheias... tendo sempre UM ALVO em mente... uma pessoa. Por mais que
digamos que não após.
Se este alvo é ou não sua namorada, esposa, amante, ficante, rolo...
deixa assim ficar... subentendido...
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