Nossa, mas que domingo estranho. Acordei com dor de cabeça por conta da noite de ontem, que foi muito divertida. Aliás, aprendi a dar muito valor a momentos assim, aqueles que a gente “enfia o pé na jaca” e dá muita risada. Tá servindo muito para desestressar, pra tirar a cabeça dos pepinos, batatas e abacaxis que necessitam ser descascados todo santo dia.
Essa rotina de dois empregos, minha segunda graduação e mais dois cursos está sendo realmente, muito satisfatória, mas também muito cansativa. Quando chega o sábado a noite, preciso fazer algo que tire a cabeça do seu ritmo frenético e normal... e isso que eu queria me ocupar mais, sem nem ter como pela total e completa falta de tempo (das 6 da manhã à meia-noite, every day...).
Bom, quem manda eu querer assumir todas as demandas do mundo...!? Dizem que os grandes estrategistas de guerra alternavam períodos de avanço com períodos de recolhimento necessário. Digamos que na batalha de todos os dias, estou no período de avanço, de colocar a cara à tapa, de botar o bloco na rua e evoluir (isso que todos sempre me disseram que o que sempre fiz é o contrário de ficar parado). Mas como diria o Cap. Nascimento: “Quem disse que a vida é fácil...”.
O mundo está me deixando de língua de fora. E a cada vez que chego em casa morto de cansado, sinto-me mais e mais satisfeito. Portanto, que se exploda quem me chama de louco por estar me matando de trabalhar deste jeito.
Mas é justamente nestes momentos que a gente aprende a testar nossos limites, e consegue ver que realmente, eles vão muito além do que imaginávamos, ai que regozijamos de prazer quando estamos podres, quando percebemos que naquele simples dia a nossa linha vermelha foi ultrapassada mais um pouquinho.
O cansaço tem os seus prazeres sim, acredite. E é este o meu assunto neste domingo de ressaca.
Sabe aquele jogador de futebol, que quando a partida acaba e ele marcou uns 3 gols, dá entrevistas extremamente esbaforido, sem ar, dizendo que: “o jogo foi ótimo (arffff...) fiz o que o professor me ensinou (arffff...) e Graças a Deus trabalhei bem com a ajuda dos meus companheiros (arffffffff.....)”, podes ter certeza que neste momento de extrema estafa mental e física ele está tendo espasmos de satisfação. Todo trabalho honesto, esforçado e sério dá certo, é só ter persistência. É o caso do jogador, é o meu também.
Dentre os prazeres do cansaço está também o reconhecimento pessoal. Quem disser que isto não é bom, mente mais descaradamente que o casal Nardoni. Claro, muita gente (até parece que tenho tantos leitores assim) deve estar discordando neste momento, constatando talvez que a estafa decorrente de sua rotina diária é uma baita merda, e que está longe de ser prazerosa. Entendo, e mais do que isso, concordo. Isso claro, se estiverem fazendo o que não gostam de fazer, e veja bem, não gostar não é sinônimo de ter raiva, mas sim também é significado literal da expressão: não gostar é apenas não gostar, não é ter raiva, é ignorar. E derrepente é isto que está acontecendo com você, querido leitor discordante. Tu não odeias o teu cansaço, a tua rotina, tu apenas a ignoras. Não dá valor aos (poucos) momentos de prazer, a convivência, as risadas, aos conhecimentos adquiridos, a evolução pessoal (que está contida também nas relações humanas de mais baixo escalão), e a beleza sempre contida no caminho até o trabalho, entre tantas outras coisas. Quer um exemplo?
Todo dia atravesso a ponte de pedra dos Açorianos, em ida-e-volta, e cedo da manhã, quando o movimento na rua já é alto, mas os ares de começo do dia ainda pairam, um casal de Pica-paus está ali, pousados na parte mais alta da ponte, tranqüilos e paralisados me olhando, como se fossem alheios a todo o movimento que há em sua volta...
... talvez me recompensando pelo tamanho esforço que é sair de Esteio e já estar ali naquela hora, único momento do dia em que poderia vê-los...
domingo, 27 de abril de 2008
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2 comentários:
O final deste texto é lindo. Tu tá falando sério que vê Pica-paus?
Bjo Lindinho!
Vejo. Sério. Todos os dias...
Desistiram da idéia de casar comigo agora...? Virei homem objeto de vocês...?
Hehehe...
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