quarta-feira, 23 de abril de 2008

A minha primeira vez...

Existem coisas que a gente passa a vida inteira achando que não são feitas para nós. Definição: algo que nunca nos interessou, que nunca nos disse respeito, que nunca saiu do chão e nunca, nunquinha mesmo nos deu qualquer soma ao estado de espírito.
Mas daí a gente pára e pensa: tal qual o cheiro do mato, como que a gente pode dizer que não gosta se nunca nem experimentou?
Tem um cliente meu aqui do escritório que é francês, e como todo homem originário deste país, tem um paladar refinado. Ele me diz que a regra é a seguinte: “não basta provar algo uma vez, tens que provar no mínimo três vezes em situações diferentes, para depois poderes afirmar que não gostou”.
Eu estou provando poesia pela primeira vez na vida. E estou gostando. Sério mesmo, não estou escrevendo isto para agradar aos meus leitorinhos poetas, estou transparecendo a mais pura verdade, tal qual um martelinho de pinga pura.
Óbvio que não estou começando pelo mais difícil né... estou lendo poesias de fácil assimilação, digestão e compreensão. Algo que seja feito por alguém que está inserido(a) no mesmo contexto de mundo que eu, e que entende as relações humanas mais ou menos da mesma maneira.
- “Ai fica fácil!” – Alguém diria.
- “Fácil pra ti!” – Diria eu em resposta. Isto porque é muito fácil, pra alguém que pilota carro de corrida, dirigir um automóvel qualquer. Agora bota um Chevette na mão de alguém que nunca sentou no banco do motorista pra ver o merdelê que dá...
A primeira impressão que tive é algo bem de principiante mesmo. Perdoem-me mais uma vez os mais experimentados: geralmente quando começo a ler um poema, formo uma idéia, enfatizo em minha rica cabecinha do que o mesmo se trata, daí leio o resto interpretando-o de maneira que não consigo enxergar mais nada além da idéia inicial, entendeu? Não, tenho certeza.
De novo: Logo na segunda frase já penso do que se trata o poema, por exemplo: “sexo”. Após isto leio todo o resto adaptando cada mínima rima ao assunto. E tudo faz sentido no final.
O engraçado é que converso depois com quem o escreveu, e a pessoa me diz: - “Nada a ver. Nem pensei nisso. Não era o que eu queria que as pessoas entendessem...”
Isso tá certo? Será que realmente devemos retirar e respeitar para sempre o nosso entendimento sobre cada poema, cada assunto, cada mensagem, cada momento, cada pessoa nova que conhecemos?
Uma coisa eu já aprendi: nem sempre o que entendemos é o que aconteceu, acontece e acontecerá realmente. A primeira impressão retirada sempre é a que fica até onde for, mas nem sempre é a certa.
Os poemas me parecem ser tudo aquilo que as pessoas me diziam que era, mas ainda não tenho certeza. Isso porque eu não provei dos pratos principais ainda, só da entrada. Meu paladar é de neném ainda, nem sei o que seria algo diferente do leite materno que me deram pra ler.
Pra saber vou ter que procurar conhecer mesmo. Ir devagar, mas ir sempre. Entender como é, qual são as sensações, se me faz bem, se me diz alguma coisa, se quero mais, se haverá reciprocidade, se me apaixonarei, se virará vício... etc...

São os poemas, mas poderiam ser tudo.

Leite materno, cheiro do mato, comida francesa, Chevette, direção ofensiva... ou até alguém novo a despertar algo novo...

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