segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

85-94

Nasci em 31 de julho de 1981, e acredito que como a maioria das pessoas que me lêem agora, as minhas memórias de infância foram formadas no final da década de 80 e no início da década de 90.
Infância significava outra coisa naquela época. Criança era bem mais criança, adolescência durava só até os 18 anos e o adulto se tornava adulto bem mais cedo. Mas o post não é sobre isto...
Recordo-me que eu e meu irmão (que tem dois anos a mais do que eu) brigávamos tanto, mas tanto, que minha mãe para não se estressar em casa com os dois pestes se batendo o dia inteiro colocava um na escola pela manhã, e outro pela tarde. Eu geralmente era o que estudava pela manhã, portanto, restava-me a tarde para assistir meus desenhos favoritos e brincar na praça que havia em frente a minha casa.
Eu gostava muito de assistir aos programas infantis do SBT, principalmente os do Sérgio Mallandro, pois era fã da Porta dos Desesperados, do Goleiro Mallandrovski, do Dennis o Pimentinha e do Super Mouse.
Gostava também de assistir a Mara Maravilha, até porque era no programa dela que passava o Pica-Pau, Punky a Levada da Breca, Pernalonga, Capitão Planeta, Tom e Jerry, o Fantástico Mundo de Bobby, os Jetsons, Johnny Quest, Cavalo de Fogo, Popeye, os Muppets Babies e os Ducktales, entre tantos outros que não me recordo agora. Na Manchete passava a única coisa que eu assistia daquela emissora: Os Cavaleiros do Zodíaco.
Lembro de muitas novelas também, e as que mais me marcaram foram A Gata Comeu com a Christiane Torloni vestindo cobertores, Roque Santeiro com o Sinhozinho Malta balançando o pulso, Mandala com a música “como uma deussssaaaaaaaa...”, Vale Tudo com a Gal cantando “Brasil... mostra a tua cara...”, Que Rei sou Eu? com a Giulia Gam tri-lindona, Tieta com a Beth Faria de loba fatal, e a que eu mais gostei: Top Model. Digam o que quiserem, mas até hoje gosto da versão tupiniquim de “Hey Jude” que o Kiko Zambianchi gravou para a trilha, e o que mais achava engraçado nesta novela eram os nomes dos filhos do surfista Gaspar: Elvis, Ringo, Jane, Olívia e Lennon.
Dos seriados me recordo apenas do Armação Ilimitada nos finais de tarde, dos Trapalhões dos sábados a noite após a missa, da Super Máquina, da Família Dinossauro e do Esquadrão Classe-A.
A televisão era minha maior diversão, mas eu não era uma criança introspectiva, muito pelo contrário, passava a maior parte da tarde na rua com outras crianças.
Aprendi a pedalar em uma Caloi-Berlineta vermelha que na linha de sucessão natural de filhos de uma família humilde, passou da minha irmã mais velha (a dona original) pro meu irmão do meio e por último para mim, que sou o caçula. O engraçado dela era que eu a enchia de adesivos, qualquer um que ganhasse eu colocava no quadro, inclusive um que me deram da campanha eleitoral do Collor de 1989... a bicicleta acabou apelidada de “Collor-Móvel”, e logo após teve de ser limpa para que eu não fosse xingado ou linchado na rua... e nem sabia o porque... só porque eu adorava aquele adesivo com os dois “éles” em verde-amarelo...
O meu ídolo supremo de infância era o Ayrton Senna... não pelo fato dele ser um puta vencedor, mas sim porque em uma época em que a maioria das pessoas não tinham orgulho de ser brasileiro, ele desfilava pelas pistas do mundo inteiro com uma bandeira verde-amarela em punho nos momentos de vitória.
Nos gramados, eu vi duas copas fracassadas até chegarmos ao título mundial feioso de 1994. Lembro-me muito do Romário e do Bebeto fazendo gols, do Marcio Santos que era aqui de Esteio e do meu pai xingando o Parreira de burro teimoso.
Na música, me recordo do sucesso do Dominó e do Polegar, da Lambada da Kaoma e do Beto Barbosa (cheguei até a me apresentar no colégio dançando) do estouro do Sertanejo através do Leandro e Leonardo e do Zezé de Camargo e Luciano, e da Axé-Music com a Daniela Mercury e o Silvio Caldas. Depois veio o Metallica, o Guns n’Roses e por fim... o monopólio do Nirvana e o suicidio do Kurt Cobain.
A minha infância acabou muito tarde para os padrões de hoje. Não me recordo muito bem qual foi o momento em que deixei de ser criança e passei a ser um adolescente... tudo era muito confuso na época e, como todo menino entre 8 e 14 anos, fiz muita besteira, senti muita insegurança, e tomei muito esporro que na época achava injusto.

À medida que fui crescendo, as brincadeiras foram tornando-se diferentes... as meninas foram aparecendo... as festinhas de garagem acontecendo...

E ai os interesses subitamente mudaram...

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