quarta-feira, 3 de junho de 2009

A culpa é do Junho...

Ok, eu confesso.
Esta é a época do ano mais complicada para mim.
É o início do inverno... o frio, o vento cinza e o silêncio. As jantas caseiras, as taças de cabernet chileno, os vapores das panelas e as risadas a plenos pulmões. São os casais que teimam em ser felizes, o nariz gelado que não encosta no meu pescoço, o peito que espera nos dois sentidos e a ansiedade.
São os beijos vagarosos nos corredores (que não são meus), a vontade de abraços infindáveis, os sorrisos fáceis e os olhares que contém traços. As formas do corpo, as botas por cima das calças justas, os cachecóis até as orelhas, os lábios e a vermelhidão das maças do rosto. São as falas macias, as unhas quadradas, os cabelos negros, a baixa estatura e as alianças (desesperanças...).
São as brincadeiras aproximadas, os perfumes, a vontade dos detalhes, os braços e abraços por dentro do casaco. O bafo quente, o abafo rouco, o cansaço estampado, o cheiro dos lençóis... a manhã que chega, a preguiça, as velas e as fotos.
É a estrada, a Serra, os vales gaúchos, os fondues e a água quente. Os vidros que embaçam, a vontade de ficar em casa, o brigadeiro e o claro, dos olhos e do céu limpo.
São os que se acertam, o infeliz-feliz, os amores duradouros, é o desejar a tristeza do próximo para se ter o seu amor. É o carinho que não é na pele, as flores, o rosado da auréola e a rigidez dos seios.
É o machado, os gravetos, a pilha e a lenha chiando. Os queijos, o simples em conjunto, o filme e o cobertor felpudo. As malhas, as mantas perfumadas, a falta que o beijo gelado faz e que a concha deixa.
São os anúncios, as modelos, os corações e os jingles. As promoções, os restaurantes, os presentes planejados e a fatídica noite.

Espera-se passar.

O dia amanhece, esquento a água e o chimarrão fica pronto... a aula ou o trabalho começam.

E mais um dia dos namorados se vai...

... na espera de que no próximo o complicado se transforme em contentamento...

2 comentários:

Lariza disse...

Meu anjo, tu escreve tanto que tenho certeza de que, muitas vezes, tu acaba esquecendo aquilo que já escreveu. Geralmente acontece de a gente esquecer, principalmente quando a coisa vem do coração para a ponta dos dedos que digitam sem cessar.
Vc escreveu esse texto em junho de 2009. Estamos em setembro de 2011.
Releia isso e, por favor, percebe a profundidade do que tu escreveu!
Quase chorei lendo. Aliás, quase não. Chorei.

Rafa Pires disse...

Querida... não tens noção do carinho que me fizeste agora.
Choro, ao saber que choraste. Por mais incrivel que isto possa parecer, fico feliz até em saber.
Realmente não recordo do que escrevo, e por vezes preciso sim que alguem desempenhe o papel que desespenhaste: o de me recordar.
Sem falsa modéstia, concordo contigo. Este texto é lindo.

Obrigado por me lembrar de uma de minhas qualidades.

Bjos!