Encontrei o Marcelo na rua estes dias e, como sempre, as risadas eram tão altas que chegavam a assustar quem passava.
O guri tornou-se um pequeno empresário bem sucedido. Abriu um negócio próprio nos últimos anos e, com a seriedade e o trabalho que só um cara como ele pode ter, a coisa está prosperando muito (mentira, o negócio está prosperando porque o cara arranjou uma mulher que colocou não só o empreendimento no lugar, mas como ele no lugar também...).
Pra variar, o que sobrou neste papo foram histórias engraçadas. O cara é o parceiro perfeito para se garantir momentos de bom-humor, e simplesmente não é possível encontrá-lo sem dar no mínimo uma meia dúzia de gargalhadas a plenos pulmões.
O Marcelo é um cara que nunca entendeu patavina de mecânica. O vivente não sabe nem trocar pneu direito (disse-me que aconteceu estes dias de furar um na estrada, e que quem trocou foi a “patroa”, enquanto ele fumava um cigarro... não tem nem vergonha o desgraçado). A história que me contou para admitir esta ignorância foi uma das épocas de solteiro.
Ele era dono de um Palio novinho na época, e infelizmente, logo depois que comprou o carro, envolveu-se em um acidente. Uma camionete o fechou em uma curva na estrada do mar, e os danos, “graças à Santa Madre Paulina” (o cara é devoto) foram apenas materiais. Diz ele que a frente do coitado do Palio se acabou, e que tiveram que colocar outra toda nova.
O seguro da camionete, causadora do acidente, pagou por todos os inconvenientes causados por seu motorista. Podendo escolher o local do concerto, Marcelo escolheu uma mecânica-chapeadora muito conhecida e que fica bem pertinho da sua casa. Chegando lá, viu uma enorme oficina que só trabalha com sinistros assegurados, e deu de cara com uma atendente que, muito simpática, veio atendê-lo:
- “O Senhor fará o serviço através de alguma seguradora?” – Perguntou.
- “Sim, farei.” – Respondeu, olhando para as belas pernas nuas torneadas pelo salto alto e pela mini-saia que a tal atendente vestia.
Palavras dele para descrever o que tinha visto:
- “Rafael, pensa em gostosa... agora pega esta gostosa que tu pensaste e multiplicas a gostosura por três. A mina não era boa velho, ela simplesmente tinha a bunda mais gostosa que eu já vi! E os peitos então! Nunca vi coisa tão boa!”
A atendente pediu o número de telefone dele, e deu da oficina, para que qualquer informação sobre o concerto fosse repassada ou perguntada na hora.
De acordo com o que me relatou, o que ele não sabia era que ela, que estava ali toda limpinha, na verdade era uma das que mais entendia de motores e carros ali dentro. A mulher era engenheira mecânica, e além disto vivia dentro daquela oficina desde criança, se sujando de graxa e brincando entre eleva-cars e ferramentas.
Três semanas depois, quando o Paliozinho ficou pronto, ele, todo empolgadão, foi de banho tomado e barba feita buscar o carro. Encontrou-a melhor do que nunca: calça branca da Brasil-Sul com bota bico-fino-salto-agulha preta até os joelhos...
Logo já foi perguntando sobre o serviço, até para que algum assunto fosse puxado:
- “Como ficou meu carro... você sabe?”
- “O serviço ficou ótimo Senhor. O Senhor vai gostar”. – Respondeu ela.
Ansioso para que aquele papo continuasse, perguntou ele, tentando impressiona-la com seus conhecimentos (inexistentes) de mecânica:
- “Afetou o carburador? E o estepe ali do motor? Deslocou de lugar”?
Fazendo cara de deboche, ela respondeu:
- “Meu Senhor, o seu carro é um Palio 2006 quase zero quilometro. O carburador foi substituído pela injeção eletrônica nos automóveis nacionais desde a o final da década de 80. Já o estepe... bom, o estepe fica na parte traseira do automóvel, debaixo do assoalho do porta-malas... já que o seu sinistro foi na parte frontal do carro, qualquer um que sabe ligá-lo poderia entender que o mesmo não foi atingido...”.
- “Ah tá. Só pra perguntar...”.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
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Um comentário:
Olá...
Esses homens estão sempre querendo impressionar mas, as vezes acabam falando besteiras... A evolução da mulher no mercado de trabalho é tanta que já podemos encontrá-las gerenciando uma oficina mecânica onde antigamente era de domínio dos homens.
Beijos
Ariadne
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