O Paulo tem um tio que é “bagual de chácra”, como ele mesmo disse.
Esses dias o tio, que se apresenta apenas como “Girafales” (deve ser porque é alto, magro, usa chapéu e bigode), estava por aqui, em Esteio, pois teve que vir fazer alguns exames nos hospitais da capital e aproveitou para visitar o sobrinho. Vive numa chácara no interior de Anta Gorda, fuma palheiro, conta causo, fala grosso com sotaque de gaúcho e não tira a bombacha nem para dormir.
Como eu também sou conhecido dele, resolveu oferecer um churrasco para mim, pro Paulo e para a Pedrita, com muita carne gorda, fumo de rolo e cachaça de Rio Pardo. O problema é que o tio, como ele mesmo se denomina, não era muito “higiênico”, ou seja, literalmente não gostava de tomar banho.
Durante o espetar da carne nos espetos velhos do Paulo, ele não parava de dar aquela coçada, por cima da bombacha mesmo, que todo homem dá quando fica parado esperando para cruzar a rua. Mas a dele nem se comparava a isto, era muito mais forte.
O Paulo percebendo o nojo que a Pedrita estava ficando, resolveu assumir a função de churrasqueiro no lugar do tio, mas foi prontamente corrido da frente da churrasqueira de tonel, quase que na faca. Quem estava fazendo, pagando e servindo era ele, e como o mesmo disse com a voz mais grossa que existe:
- “Os companheiros só entram com o trabalho de comer”.
Não dá pra descrever a tal coceira. Realmente era nojento. Ele não coçava, quase puxava.
- “Fazer o que, tem que comer né?” – Me diz a Pedrita. – “Ele pode ser gente fina, mas é grooooosooooo....
- Deixa de frescura e trata de comer e elogiar guria”
Guri de exército do jeito que sou, aprendi a tomar vinagre sem limpar a boca. E também sabia que o tio além de ser chucro, era sensível.
A carne foi servida no “cocho” (gamela para nós), estava ótima, bem passada e saborosa. A Pedrita comeu até se encher.
No outro dia, o Paulo, percebendo que o tio continuava a se coçar insistentemente, com muito tato, resolveu perguntar:
- “Tio Girafales, ãhm... o senhor ta com algum probleminha ai?
- To guri, to. Acho que é chato.
- Mas então vamos lá na farmácia tio. Lá eles devem ter alguma pomada ou talco que dê jeito nisso.
- Ma dexa meu “matagal” quieto guri. É só esperar que os bicho vão embora.
- Não tio. Vamos lá, eu vou te levar.”
Foram a tal da farmácia. Chegando lá, o tio, vendo que quem ia lhe atender era uma “chinoca das mais ajeitadinha”, resolveu falar, fazendo aquela cara de “sedutor” que todo chucro sabe fazer:
- “O Mocinha, eu to meio chateado nessas região” – Falou isto fazendo um gesto circular com os dedos juntos, indicando onde era a tal região – “O que tu me recomenda pra esses bicho para de me mordê...?
- Recomendo esta pomadinha aqui Senhor. E, além disso... recomendo banho.
- O QUÊ!? A mocinha ai ta me chamando de porco?
- Não senhor. Só estou lhe dizendo que para o problema ser sanado o banho é importante.
- Não não! Faz o seguinte, toma um banho tu, pega esta minâcora e usa no teu suvaco peludo!
E foi-se embora raspando fundo as alpargatas no chão.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
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2 comentários:
hahahahhhah
Adorei!!
hahahaha
Mas esse tio é um nojo mesmo!
Minha onomatopéia preferida:
ECAAAAAAAAAAAAAAAA
Bju
Nojo...?
Isso que tu não viu ele arrotando...
BUUUUUUUUURRRRRRRRPPPPPPPPPPPP............................!!!!!!!!!!
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