segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Distorções automáticas...

Alguém ai já ouviu falar em distorções cognitivas?
Eu já. Graças a Deus já.
Se você que está lendo não sabe nada sobre o assunto, preste atenção, vou explicar algumas das mais clássicas, e que me atire a primeira pedra (ou faça um comentário), aquele que nunca em seu cotidiano se utilizou de um destes pensamentos extremamente nocivos, e o pior de tudo, automáticos.
Vou partir da premissa que a mente não passa de um processador de informações, e que como qualquer outro, está sujeito a vírus, erros e distorções interpretativas.
Estas distorções podem ser traduzidas em pensamentos automáticos, que podem ser verdadeiros, mas em 99% das vezes são tão falsos quanto o relógio que estou usando agora, ou podem conter alto teor de falsidade, quanto o sorriso que a tia da pastelaria aqui da esquina dá quando quer vender mais.
Para começo de conversa, existe a chamada catastrofização, que como o nome já diz, é simplesmente superestimar as conseqüências negativas dos próprios atos ou dificuldades corriqueiras. A pessoa exagera ao cúmulo a importância dos próprios problemas, e em contrapartida claro, minimiza a importância das suas próprias qualidades, tornando assim, tudo uma catástrofe. Quer exemplos? Ai vai: “Não consigo mais fazer tal coisa porque perdi o jeito”, ou “se o meu chefe me demitir eu nunca mais arranjarei emprego”, “se ela não me quiser mais, meu mundo acaba”, ou ainda “porque eu fiz tal coisa às pessoas vão me achar um merda para sempre”.
Posso citar também a rotulação, que nada mais é do que o chamado 8 ou 80. A pessoa coloca um rótulo geral e fixo sobre si própria ou sobre terceiros, um exagero sobre uma atitude cometida ou uma característica banal. Por exemplo, ao invés da pessoa pensar “cometi um erro”, ela se rotula negativamente “eu sou uma burra mesmo, um fracasso total”, ou “ela é uma chata porque me manda fazer tal serviço”, “ele é um desleixado porque estava vestindo uma roupa velha”, “ela é uma má pessoa porque é fumante”, e por ai vai.
Linkando com este último, falo sobre a supergeneralização, que consiste em criar uma regra a partir de uma única evidencia. Uma única falha serve como evidência de que as falhas sempre vão acontecer e que, portanto, não adianta nem tentar mudar ou melhorar. É como se o individuo visse apenas um único episodio negativo, sempre se utilizando de palavras como nunca ou sempre, como uma rejeição amorosa ou uma situação vergonhosa. Exemplos: “eu nunca faço nada certo”, “eu sempre faço tudo errado”, “meus relacionamentos nunca dão certo”, “nunca vou passar nos concursos”, e “sempre vou parar no meio quando começo algo, nunca consigo levar até o final”.
A pior de todas: a vitimização. Considerar-se injustiçado ou não entendido é tão comum quanto ter bunda. A fonte dos sentimentos negativos neste caso sempre é alguém, como se a responsabilidade dos nossos próprios sentimentos fossem dos outros, e não nossa. Exemplo: “Minha namorada não entende meus sentimentos, ela é injusta comigo porque eu faço tudo por ela e ela não faz nada por mim”, ou “faço tudo pelos meus pais e eles nem me agradecer agradecem”.
Vou citar ainda o chamado filtro mental, que é simplesmente se prender a um único fato, e acreditar exclusivamente nele ao invés de considerar o fato como um todo. Exemplos: uma pessoa conhece outra que parece ser super honesta e correta, mas não gosta dela por um motivo qualquer, como um simples atraso em algum compromisso. Ou se apresenta para um grupo de pessoas, onde todos a elogiam menos uma que a critica, esta crítica passa a funcionar como a única verdade, e o retorno positivo todo passa a ser ignorado.
Na verdade há vários outros, que um dia eu posso até continuar a citar por aqui. Mas o que mais chama atenção é que todos eles parecem iguais, não? Claro que sim. O que acontece é que todos os pensamentos humanos são linkados, inclusive estes, que representam distorções sérias do que seriam as verdades. Por conta disto que por vezes começamos a pensar em determinado assunto e quando vemos, já estamos tirando conclusões definitivas (e negativas) de aspectos que são extremamente importantes.

Mas as distorções não são o maior problema... é justamente o contrário...

O maior problema é chegar a conclusões ruins que são completamente fundamentadas sobre as pessoas que a gente gosta... ai é uma decepção só...

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Rafa,
adorei o post de hj. A mente humana realmente tem o dom de criar situações distorcidas e o q é pior, acreditar e tomá-las como verdade. Todos aqui já passamos por esse processo "estranho", em maior ou menor grau. Mas em algumas pessoas isso se torna tão forte que toma conta da criatura e a deixa cega... ou, melhor dizendo, a deixa enxergando demais!!! Porque nestes casos a pessoa cria uma situação que não existe porém acredita e age baseada na sua criação, como se verdade fosse! E aí, ao fazer isso magoamos pessoas que não merecem! Pessoas que ficam de queixo caído pensando: "mas do q essa louca(o) tá falando? Por que está me agredindo assim?" e continuamos cegos pelo erro agindo sem pensar, sem se importar e sem respeitar os outros e seus sentimentos. Ao invés de tentarmos conversar sobre a situação "distorcida" que nos incomoda, preferimos agredir e "eliminar" aquele que acreditamos ser o responsável por tal tormento. E fazemos isso sem a menor preocupação se vamos magoar, se vamos ferir, se vamos desrespeitar, se vamos fazer barraco, se estaremos sendo ignorantes... enfim, nessa hora nada importa! A única coisa que queremos é atacar! Como animais mesmo... como uma onça que não precisa ser ameaçada para atacar, ataca por puro instinto mesmo! Mas o que ganhamos agindo assim??? Nada, simplesmente nada. Ao contrário, sempre perdemos! E acabamos sofrendo e fazendo os outros sofrerem. Olha, amado, eu já fui assim... mas, graças a Deus (e a mta terapia) hj sou completamente diferente, resolvo de maneira adulta todos os meus problemas. Mas, isso é uma questão de cada um! É a própria pessoa quem tem que reconhecer que isso está doentio! E tratar e melhorar e evoluir!!! Bem, o que eu sei é que ninguém tem obrigação de aturar os "pitis" dos outros! Nenhum problema, por maior ou mais real possa ser, nos dá o direito de ferir e desrespeitar nosso semelhante! Se fosse assim, viveríamos em um mundo onde cada um criaria suas próprias leis e tudo seria no olho-por-olho, dente-por-dente! As pessoas têm que amadurecer Rafael!!! E, cada uma ao seu tempo e dando qtas cabeçadas forem necessárias... tem gente q gosta tanto de ser vítima que provavelmente irá quase rachar a cabeça na parede para então começar a aprender algo sobre amor, amizade, carinho, educação e respeito ao próximo!!! É assim!
bjuuuuuuuuuu pra ti "meu próximo" que eu amo, adoro e acima de tudo respeito muito pelo caráter sem igual!

Rafa Pires disse...

Concordo contigo My Dear...
Mas julgo que em verdade as pessoas sabe exatamente o que eh amor, amizade, carinho, educação e respeito ao próximo, o problema é justamente saber aplica-los. O que mais falta neste mundo é a chamada ponderação (ponderar atos e fatos chega a ser quase impossivel dependendo do temperamento), não agir de maneira impensada, não perder o salto pelo caminho, não rodar a baiana sem pensar, enfim... isto é o que mais eu sinto falta...
Tens razão em dizer que ninguem é obrigado a aturar "pitis" dos outros, concordo plenamente denovo. Eu digo e repito a todos que me conhecem: "Quem fala o que quer escuta o que não quer..."
O problema justamente é que as pessoas não mudam enquanto não perdem algo, sabe? É complicado o mesmo...
O que interessa é que o que é sólido fica, se estabelece e torna-se parte importante do caminho a seguir pela frente, e tu representas isto para mim...
Bjos no coração querida, muito obrigado pelo amor (reciproco), e principalmente...

Pelo respeito sem igual ao meu caráter...