Hoje o meu tão querido inverno começou a dar as caras. E com eu gosto deste friozinho amado que fez hoje.
Inverno me apetece muito. Costumo dizer que nestes meses que circundam a metade da temporada eu sou muito mais feliz. Feliz, elegante, satisfeito, bem-humorado, disposto e até limpinho (isso claro, porque no inverno não costumo suar nem um pouquinho...).
Mas confesso: tem sempre algumas coisas que me fazem falta nesta estação que vem se anunciando assim... de mancinho.
Uma delas é de companhia. Não to falando qualquer companhia. To falando “daquela” companhia, aquela que neste momento em que está lendo este artigo sem estrutura alguma está pensando na mesma coisa que eu enquanto o escrevo. O quanto faz falta não ter alguém nestes meses.
“Cobertor de orelha” sabe? Corpo quente pra se esquentar, pra fazer um peso sobre o nosso. Cozinhar juntos... abrir uma garrafa de Cabernet Chileno qualquer... acender a lareira pra ver um filme e comer o que se quer comer, enroscar as pernas quentes deitado embaixo do edredom rosto-a-rosto e ter preguiça para levantar e pegar o controle do DVD...
Sair para comer fondue, ir pra casa “dos parente” no interior comer polenta com galinha, tomar chimarrão com hortelã, se esquentar em volta do fogão a lenha, para mais tarde a noite, ler um livro enquanto escuto histórias do que se está lendo, jogar conversa fora, escutar com atenção o barulho do mato, trocar olhares de carinho, fazer cafuné, beijar bochecha gelada, rir do sotaque do tio velho, da tia velha chingando os primos... da meia furada que era a única que estava limpa.
Voltar para a capital, tomar banho junto, cheirar pescoço, enrolar toalha, contar do passado, contar do presente, contar do futuro. Correr para colocar a roupa que quiser colocar, xingar o outro por estar de pé no chão, calçar as pantufas, fazer um capuccino, beber da mesma caneca, beijar lábios quentes sentindo ponta do nariz frio... e mais uma vez ir para baixo do edredom se aconchegar bem agarradinho...
Acordar ao meio-dia se der vontade, acordar cedo se der vontade também. Almoçar qualquer coisa sem compromisso, e lagartear no sol de qualquer lugar, dizendo: “como tu estás bonita”, e ouvindo: “de onde mesmo que tu saiu...”?
Conversar horas no telefone, bater os papos mais furados que existem, dizer que precisa desligar 20 vezes antes de fazê-lo, e não estar nem ai pra tal conta que vai vir no final do mês. Sentir saudade, cheirar fronha perfumada, é se ver num dia e se agarrar feito louco quando se reencontra no outro.
É assistir filme velho e filme novo, ouvir musica velha e musica nova, tomar quentão bem quente enquanto cheira/beija novamente o pescoço de quem está sentado coladinho ao lado, com as pernas recolhidas, os joelhos altos e os pés encima do sofá, tentando puxar o último espacinho do cobertor velho aquele...
- “Amor, liga a estufa”? – Me dirias. E eu talvez respondesse, brincando: - “Ahh... to com preguiça... liga tu”, sendo que eu sempre acabaria ligando.
Tá muito na cara, né?
Eu to sim, sentindo falta. Mas não é de alguém, muito menos de alguém “em especial”...
To sentindo falta é de me apaixonar, coisa que não acontece faz um tempão.
De me apaixonar pela mocinha séria aquela, aquela mesma que tem vergonha, timidez e receio. Aquela que enquanto o tempo passa levando junto momentos que poderiam ser de felicidade verdadeira com alguém verdadeiro, sabe que as coisas podem mudar simplesmente se pequenas atitudes fossem tomadas.
E a dificuldade para tomar estas atitudes não é maior do que a que tenho no momento de tirar o computador do colo, levantar daqui e pegar um edredonzinho... mas me dá uma preguiça...
segunda-feira, 14 de abril de 2008
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2 comentários:
EVOLUÇÃO!!!!!!!!!!!
Amei o texto. Se não te conhecesse, comprava-te! hauhauhauhauauhauah
Beijos querido! Cy
Como assim se não me conhecesse, me comprava!?
Era justamente tu que tinha que ao contrário "dos meus defeitos", atestar que este sim... TUDO É VERDADE!
Bjos amada! Continua comentando!
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