quinta-feira, 7 de março de 2013

Bipolaridade: Percorrer da Starway to Heaven até a Highway to Hell em segundos...

Previamente, gostaria de esclarecer que este texto que estás prestes a ler não foi escrito por um psicólogo ou psiquiatra especialista em distúrbios psíquicos, e que, portanto, o mesmo pode conter falhas no sentido literal dos assuntos abordados. Tais palavras a seguir foram escritas baseadas unicamente em experiências estritamente pessoais, e se, ao lê-las, não concordares com o que está ali contido, releve, por favor, as falhas deste que vos fala.

Hoje gostaria de abordar um assunto que está relativamente na moda, como sendo talvez um dos males humanos mais famosos descobertos nas últimas décadas. Quero falar amadoramente sobre a bipolaridade, assim, como se estivéssemos conversando sobre o assunto.
De acordo com pesquisas realizadas (por mim) junto a profissionais da área, a bipolaridade é uma forma de transtorno caracterizado pela variação extrema do humor, normalmente alternando fases entre a maníaca (caracterizada pela depressão, profunda tristeza, inibição, lentidão de raciocínio, ansiedade, falta de vontade em geral), e a hipomaníaca (caracterizada por uma gigantesca alegria e exacerbada euforia). Geralmente as fases se alternam de acordo com o nível de estresse, e apesar de não haver idade certa para o problema ocorrer, normalmente estes distúrbios acontecem com mais frequência entre pessoas acima dos 30 anos, sem distinções entre os sexos, mas com um fato estranhamente corriqueiro: a maioria dos bipolares são divorciados ou colecionam relacionamentos falidos, talvez até em decorrência da variação gigantesca do humor pessoal.
A maioria deles não sabe de seu transtorno, ou nunca tiveram diagnosticado o seu problema. Sendo assim, talvez nunca tenham pensado realmente que possam ser portadores do distúrbio, atribuindo as suas extremas variações de humor e comportamento como simples “altos e baixos”, ou como decorrência de circunstâncias momentâneas.
Bem da verdade, eu não gostaria de tratar do assunto analisando só como o Bipolar é ou age, mas também abordando os efeitos que estes dois seres contidos em um só ocasionam em quem se propõe a viver uma rotina em conjunto, ou seja, a quem se apaixona por este individuo.
Escrevo agora na qualidade de alguém que convive com uma pessoa que sem saber, é bipolar. Recordo-me de uma novela, que acredito ser Irmãos Coragem, onde uma personagem interpretada pela Glória Menezes tinha o que na época chamavam de “dupla personalidade”. Acredito que esta personagem hoje exemplificaria claramente o que é o transtorno bipolar para aquele que está de fora, observando e ao mesmo tempo, tentando acompanhar o que é quase impossível de ser acompanhado. A sensação de conviver com um bipolar é mais ou menos como tentar empinar uma pipa e mantê-la estável durante um furacão. Nunca se sabe com quem tu acordarás, e que tipo de dia tu terás ao lado desta pessoa. Não há como ter preparo prévio, e esta falta de previsibilidade do que irá acontecer enlouquece qualquer um.
De maneira clara: é como se duas pessoas completamente diferentes vivessem dentro de uma só, alternando com a velocidade de um raio a personalidade que vai aparecer, sempre de maneira forte e enérgica. Estas duas pessoas são realmente completamente diferentes, inclusive em suas características mais marcantes, até valores pessoais e familiares. O sol e a lua, o dia e a noite, Grêmio e Inter, preto e branco, doce e salgado, mole e duro, vivo e morto... tudo dentro de um individuo somente, que não se divide em dois... é dois por completo e em separado, em momentos distintos.
Para de maneira muito simples deixar claro o que acontece e qual é a sensação, como exemplo usarei esta pessoa que citei, e suas duas personalidades distintas. Chamarei a primeira de Bruna, e a segunda de Aline.

Bruna é a personificação da alegria em pessoa, exala simpatia e queridez. Aline encarna com perfeição o inferno na terra, é tão sombria e triste quanto a pior das noites.
Bruna amanhece com entusiasmo, descansada, feliz, de ótimo humor e alegre. Aline não quer nem que o dia amanheça, agindo o resto do dia como se ainda estivesse na cama.
Bruna gosta de sorrir, fazer piada e rir alto de boca aberta. Aline odeia alegria, acha besta rir, e se irrita com quem está alegre ou rindo a sua volta.
Bruna não fuma, não bebe, come bem e se preocupa com a saúde e a boa forma. Aline bebe muito, fuma compulsivamente, passa talvez dias sem comer ou ter fome, e está pouco cagando com o que vai lhe fazer bem ou mal.
Bruna me ama a ponto de declarar seu amor pessoalmente e publicamente. Aline alterna momentos de ódio puro por mim com momentos de total indiferença, como se eu fosse um vaso, uma cadeira, uma mesa, um utensílio doméstico qualquer, algo inanimado dentro de casa.
Bruna é atenciosa, a ponto de levantar da cama cedinho da manhã para preparar meu café antes que eu saia para trabalhar. Aline chega a odiar o beijo de bom dia e de despedida, pois atrapalha seu sono.
Bruna é sensual, sexual, extremamente fogosa, gosta mesmo das noites calientes que temos entre quatro paredes, se interessando e muito por tudo o que fazemos na cama. Aline se irrita em ter de dividir o espaço da cama com alguém, e se esse alguém chega muito perto ou tem a petulância de insinuar algo, empurra com força para o outro canto.
Bruna é de confiança, honesta e séria quando o assunto é fidelidade. Aline se insinua para outros homens, pouco se importando com quem esteja, por vezes até na frente do titular ou de todos os seus próprios amigos e parentes.
Bruna se acha linda, tem orgulho do seu corpo e se gosta muito. Aline se esconde embaixo do lençol, transa de camiseta e não gosta que lhe abracem pois com as mãos podem tocar o que está insatisfeita.
Bruna gosta de trocar carinho, de beijos, de abraços, de cheiros no pescoço, me procura muito para oferecer tudo isto e pegar a contraprestação. Aline passa dias sem nem me olhar, não fala comigo, reage mais fria que o polo sul quando é beijada e não gosta de proximidade corporal. Atitude própria em busca da troca de carinho não existe. Este ato é mais raro que comunista tomando Coca-Cola.
Bruna é muito educada, preocupada com o que vai falar e com as consequências de suas palavras. Aline me ofende muito, fala palavrão a toda hora, palavras de baixo calão em qualquer inicio e fim de frase, não se importa com este fato e com o mal estar que vai me gerar, e tem certeza que sou obrigado a entender e aceitar qualquer coisa que me fala ou faz.
Bruna é animada, gosta de sair, de se divertir e de aproveitar bons momentos. Aline inventa desculpas para não comparecer a eventos já combinados, atribuindo sua completa falta de animo a qualquer coisa que não seja a si mesma.
Bruna dorme noites inteiras profundamente feito um anjo. Aline dorme pouco, acorda com sono e bota a culpa do mau humor erroneamente neste fato.
Bruna me abraça durante a noite, puxando meu braço quando estamos de corpos separados dormindo. Aline talvez preferisse que eu nem estivesse ali.
Bruna é autoconfiante, segura de si e não precisa de autopromoção. Aline necessita humilhar quem lhe gosta, principalmente seu homem, de preferência na frente da família ou dos amigos, para se autopromover e se sentir mais valorizada.
Bruna fala em casamento, faz planos de uma vida inteira a dois e fala claramente em como seria a cerimônia. Aline quer ser solteira a vida toda, não se importa (falsamente) com a solidão e com a solteirice, e faz discursos inflamados contra a condição de um relacionamento sério.
Bruna não se importa com a ideia de ter filhos, e cogita o fato com naturalidade. Aline diz que é impossibilitada fisicamente e psicologicamente de tê-los, colocando culpa inclusive na impossibilidade biológica que diz ter.
Bruna liga a noite para dizer que está com saudade, me pede para ir a casa dela logo mais, e que quer nem que seja, dormir ao meu lado algumas horinhas. Aline não dá valor algum a longas viagens realizadas para vê-la, a todos os esforços envolvendo distanciamento da família em momentos importantes, na chegada age friamente na saudação, e ao longo de todo o convívio deixa muito claro que não está muito se importando com o fato deu estar ali. Passado um lapso de tempo, pede literalmente para que eu vá embora.
Bruna sente minha falta e não consegue viver sem mim. Aline rompe comigo porque não gosta de sair da sua zona de conforto.
Bruna dá muito valor a nossas conversas e a minha opinião sobre todos os assuntos, importantes ou não. Aline diz que o que menos precisa é da minha palavra, e que a mesma é completamente dispensável.
Bruna é sensível, sociável, analisa as coisas utilizando um misto saudável de razão e emoção, enfrentando os problemas com menos dificuldade, e aceitando ajuda dos outros. Aline é dura, cruel, prega que a melhor maneira de se lidar com as dificuldades é sendo uma pedra, fria e seca, agindo sozinha e tomando porrada de todos os lados.
Bruna compartilha decisões. Aline manda. E ai de quem não obedecer.
Bruna é muito querida e uma companhia agradabilíssima... Aline sinceramente... é insuportável...

Conviver com um bipolar é algo que realmente tem prazo de validade para aqueles que têm opção de escolha. Existe uma obrigatoriedade de adaptação que se torna um caminho tortuosíssimo, e em minha opinião, intransponível, pois já que a cônjuge age como duas pessoas diferentes em momentos diferentes e imprevisíveis, aquele que a acompanha tem de adotar dois comportamentos diferentes também, adaptáveis ao momento que se apresenta, para tentar ao menos, ter um pouco de paz... mutação que claramente não é possível para aqueles que são únicos, unos, estáveis e coerentes em todos os seus momentos. Quem não é bipolar, não consegue ser de proposito ou por querer.
Há de se considerar e avaliar ambas as personalidades, seus verdadeiros pesos e medidas, como se fossem colocados opostos em uma balança. Se a Aline pesar mais do que se possa aguentar, infelizmente a Bruna perderá seu valor... e meu objetivo passa a ser a busca pela tranquilidade e pela felicidade pessoal, abandonando o relacionamento por completo. A Bruna não consegue ser separada da Aline, e a Aline não pode ser descartada da Bruna. Não existe a possibilidade de se ter apenas uma das duas. O pacote engloba ambas, em conjunto... sem direito a optar pelos opcionais de fábrica que mais me agradam. Não dá pra escolher viver com uma, sem ter de ser obrigado a lidar com a outra.

Confesso: da Bruna, dos momentos especiais e das felicidades que ela me proporcionou, eu sinto saudades e falta. Escolheria ela para ser a mãe dos meus filhos, e a tornaria minha esposa a qualquer momento, em qualquer oportunidade. A amaria com todas as minhas forças e gostaria de compartilhar o resto dos meus dias com ela...

... Já da Aline eu quero a maior distância que duas pessoas possam ter. Quero ter a cruz que afasta este demônio que habita o planeta terra. Nunca mais quero ter que passar por situações iguais as que ela me impõe, ou ter de conviver com alguém que contenha ao mínimo algum dos seus traços malignos.

Digo com veemência: infelizmente viver a vida ao lado de alguém que te coloca entre a Starway to Heaven e a Highway to Hell... só é possível mesmo no MP3...

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito top o texto!
Trabalho de Faixa de Gôndola, Sao Paulo - SP

Anônimo disse...

Me agradou bastante.
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Anônimo disse...

Parabéns!
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