terça-feira, 7 de agosto de 2007

Processos de conquista

Gente, como é bom conversar com pessoas mais velhas. Esses tempos eu estava conversando com meu pai sobre o processo de conquista que um homem tinha que fazer, nos tempos dele, quando queria uma garota. Vocês já pararam para pensar nisso? Como que fazia nos tempos antigos? Como teu vô conquistou tua vó?
Eu pensei. Não só pensei como resolvi pesquisar sobre o assunto, perguntando pros mais antigos, claro. Vocês não sabem as surpresas as quais me dei conta. Não dá pra sequer imaginar hoje em dia este tipo de coisa sendo posta em prática.
Resolvi até organizar em tópicos, mostrando a “evolução” através dos tempos.

- Anos 30: Ele vai até a casa da pretende, vestindo um terno cinza que o tio Zélio deixou quando morreu e um chapéu panamá, e resolve fazer uma serenata ao pé da sua janela: “Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa... do amor... ”. Depois, ao encontrar a amada, ele elogia os belos olhos cor de jabuticaba. Se conseguir conquistá-la, depois de muito tempo namorando no sofá à três (ele, a mocinha e a sogra), poderia derrepente, ver seus tornozelos.
- Anos 40: Ele liga para a Rádio da cidade e pede para tocar uma música em homenagem a sua amada: “A deusa da minha rua tem os olhos onde a lua costuma se embriagar... ”. Quando ela ouve a música, o convida para ir à sua casa no domingo a tarde e ele, para impressionar, vai, mas não sem antes colocar no pulso seu relógio novo em folha, e utilizar-se do pentinho preto, que guarda no bolso interno do casaco, para pentear o cabelo com brilhantina “Glostora” a cada 10 minutos, e pedir desculpas sempre quando espirra.
- Anos 50: Ele passa na casa dela, depois de muito tempo dizendo-se “enamorado” para a família, encontra o futuro sogro parado no portão, com cara de bravo, e pergunta: “Posso eu me apalavrear com sua filha”? Depois da celebre pergunta: “Quais são suas reais intenções para com ela”? Ele a convida para ir bailar na boate. Após anotar no caderninho de baile com quem está indo, ela aceita. Chegando lá, ele pede que o cantor ofereça uma bela bossa à sua acompanhante. “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça... ”. Mas, a conquista fica para o dia seguinte, porque o pai da moça está esperando, acordado, na sala por sua chegada em ponto às 8 e meia.
- Anos 60: Depois dela muito caminhar envolta da praça central, aquela que fica entre o Banco do Brasil e a Igreja, ele, sentado com os amigos cortando as unhas com seu corta-unha novo e apenas observando, resolve chama-la para conversar. Ela que não é boba nem nada, diz que só faz isso em companhia das suas amigas. Pois então ele resolve mostrar que suas intenções são sérias indo a casa dela para conversar com o sogro. Depois de alguns meses, já namorando muito discretamente no sofá da sala, ele coloca na vitrola: “Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito... ".
- Anos 70: Ele passa na casa dela com o fuscão laranja do pai, chama ela para dar uma volta e coloca um melô no toca-fitas: “Foi assim, como ver o mar, a primeira vez que meus olhos se viram no teu olhar... ”. Depois disso, nada melhor que uma volta no parque, ou um domingo em casa assistindo o Chacrinha.
- Anos 80: Ele pega o telefone, liga para ela, e enquanto conversa sobre o último “Disco de Ouro”, deixa tocar de fundo: “Fonte de mel, nos olhos de gueixa... ”, essa é do Caetano, mas poderia ser também qualquer uma do Fábio Jr. também. Dirigindo o seu XR3 conversível amarelo, ele a convida para dar uma volta no shopping, ou para assistir uma fita que ele locou na locadora. Utilizando-se dos Ray-Ban aviador (aquele do Tom Cruise) ele a seduz conversando sobre a prancha moreybug nova dele, que é igual a do Juba & Lula.
- Anos 90: Ele liga para ela, quando ela não está em casa e deixa gravada uma mensagem na secretária eletrônica: “Guria, quer ir no banks comigo ver os guris andar de skate? Te empresto minha Montain Bike pra ti ir junto. O Buiu disse que tem umas camisas novas de flanela pra vender, vou comprar umas, quer alguma também”? Depois de pedir que um amigo “faça-os-lado” (isso se o vivente é tímido...) ele chega e “gruda”.
- Anos 90/00: Ele liga para o celular dela e a convida para a festa na Berlim, aquela que toca todas do Gerasamba (Vulgo É o Tchan), da Cia do Pagode e do Tchacabum.
- Anos 2000: Ele chega em um chevette 81 branco rebaixado, com o sub-woofer e os mid-bass tocando um funk qualquer, ela entra no carro (e ele pensando que está abafando) a leva para o postinho. Lá, eles bebem juntos, entre a bomba de gasolina e as CG’s e RD’s dos amigos dele, escutando: “To ficando atoladinha... to ficando atoladinha...”. Depois, vão terminar a noite em outro postinho, dentro do carro, tomando uma Skol latão, fumando Free azul e conversando sobre a roupa ridícula que a fulana, aquela vagabunda que deu pro seu vizinho, aquele corno, estava vestindo...

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