Já comentei com ustedes que durante o meu tempo de férias costumo ler muito, não?
Pois é, leio bastante. São os únicos dias do ano que adquiro o hábito diário e salutar da leitura.
Que pena que dura pouco, mas mesmo assim, o estoque de revistas e livros que compro nesta época acaba por me informar de coisas que nem imaginava existir.
Uma delas foi uma reportagem que li na Superinteressante, sobre pessoas que por conta de uma disfunção que a princípio é genética, não sentem qualquer tipo de dor física. Esse pessoal tem completa ausência de sensibilidade à dor, seja ela de qualquer origem.
Isso mesmo. Não sentem dor. Nem frio, nem calor, nem sede, nem fome...
Já imaginaram isto?
A reportagem dava o exemplo de um menino de poucos anos de idade que era atração de circo. Seu pai oferecia seus braços para que felizes e perplexos espectadores pregassem pregos de 20 centímetros de comprimento neles...
Dizem que estas pessoas podem estar em condições extremas, como dentro de um freezer, de um forno, passar dias sem comer nem beber, tomarem uma facada ou serem baleados que nem piscar piscam. E acreditem, isto é real.
Não é o que todo amante de histórias de super-heróis gostaria de ser? Imune a dor como o Super-Homem? Como o Hulk? Poder ser ferido e não sentir nadica-de-nada?
Mas pérai... não é também o que todos nós gostaríamos de ser no que tange aos nossos sentimentos...? Imunes a qualquer tipo de dor que sintamos...? Imunes a qualquer tipo de mal que nos façam?
Claro que é! Já imaginou que maravilha? Nunca mais sofrer... nunca mais chorar por ninguém... nunca mais nos humilhar em troco de alguma atitude-analgésica da outra pessoa que traga um pouco de alento para aquele tipo de dor dilacerante que teima em não passar...
Seria o paraíso.
Se eu tivesse este dom, confesso que muita coisa teria sido diferente, muitas lágrimas não teriam sido derramadas, muito momentos de tristeza não teriam acontecido e muito sofrimento que senti não teria nem ao menos feito cosquinhas.
Continuando a ler a reportagem, descobri que as pessoas que são imunes à dor física vivem no máximo até os 20 anos de idade. Isto porque o fato de não sentirem dor acaba por fazê-los se machucarem sem nem ao menos perceber isto. Naquelas páginas havia o relato de um menino brasileiro que usava óculos de mergulhador para evitar que ficasse cego, pois cutucava o seu olho sem parar até quase estourá-lo, e que também fazia exames gerais e minuciosos a cada mês que vasculhavam seu organismo em busca de algum vírus ou doença não diagnosticada, pois já que não sentia dor alguma, qualquer coisinha poderia levá-lo até a morte sem qualquer aviso prévio.
Em outras palavras, as pessoas se machucam sem querer, adoecem sem saber, definham sem doer e morrem sem nem ao menos perceber. Não há como se tratar e não há como prevenir que se machuquem, o organismo simplesmente nunca avisa que algo está errado.
E esta é a definição da dor. É uma defesa que temos, é um aviso natural. É a maneira que nosso corpo e nossa mente têm de nos avisar que algo está errado. Se a perna dói, é porque há algo de errado com a perna, se as costas doem, é porque há algo de errado com as costas, se a cabeça dói, é porque há algo de errado com a cabeça...
... se o coração dói, é porque existe algo de errado que deve ser tratado...
Por vezes nossa vida dói. Mas não deveríamos enxergar isto como uma coisa tão ruim assim a ponto de perdermos as esperanças.
Ela apenas está nos avisando que há algo que não vai bem, que precisa de tratamento, de concerto. Se não doesse tu nunca ias perceber que algo não está como deveria... e isto ia te consumir até a morte sem nem tu perceberes.
Então vai lá, levante a cabeça. Busque forças. Busque ajuda se necessário.
Trate o que está doendo.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
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