segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O reate...

O Paulo e a Pedrita reataram.
Reataram. Simples assim. Pegando todos de surpresa.
Para nós, amigos do casal, isto é ótimo. Torcíamos para que acontecesse.
Pedrita conta que procurou Paulo durante as festas de final de ano, a princípio para desejar-lhe felicidades para o ano novo que se iniciava. Ligou para o celular dele, e o encontrou em meio a uma festa enormemente barulhenta (muitas vozes femininas). Disse-me que Paulo foi super frio ao telefone, não bravo, mas frio, deixando claro através do tom de voz e das palavras dispersivas que não fazia mais questão alguma de nem ao menos manter contato.
- “Foi um choque”. – Diz ela.
Confessou-me que naquele momento, diante de uma prova concreta de que Paulo já a havia esquecido, sentiu uma saudade tremenda e absurda dele. Como se todo aquele amor e desejo do início houvesse voltado subitamente. Logo ela que entrou com o pé no acordo. Até então ela havia tido a certeza de que ele, como havia sido o “deixado” da história, a amava incondicionalmente até hoje, e que se ela quisesse, um simples aceno de reate da relação seria prontamente atendido. Contou-me que até aquele telefonema, tentava convencer-se, com êxito, de que não sentia mais nada pelo Paulo, e de que ele apenas fazia parte de um capítulo, já vivido, de sua vida. Prova do poder que temos de nos enganar.
Alguns momentos após, tentou ligar novamente. Desta vez a resposta foi a caixa postal...
Entrou o ano pensando no Paulo, e no quanto ele lhe fazia falta. Detalhe: ela estava acompanhada do atual namorado, que se mostrava um bom homem segundo ela, mas que não chegava nem perto da pessoa e do amante que o Paulo era. Alias, a paixão que ela tinha pelo Paulo era muito maior do que a pelo vivente. Não havia comparação sobre isto, e mesmo que houvesse, inconscientemente ela fugia da berlinda entre os dois feito o diabo da cruz. Temia que o resultado não apoiasse as suas escolhas. Simplesmente não admitia o erro que cometera, em deixar o Paulo porque achava tudo um marasmo.
O Paulo me conta que sempre amou a Pedrita. Desde o início do relacionamento, o final doloroso, o período que ambos ficaram separados e agora, juntos novamente. Nunca se passou um dia sequer em que ele não pensou nela com carinho e saudade. Mas após um período de luto, resolveu que a esperança não deveria ser mais nutrida, e a vida teria de continuar, dependendo apenas dele para ser feliz. Deu o passo a frente e esforçou-se para esquecê-la. Sem êxito, por óbvio. A única coisa que conseguiu foi atender a um telefonema dela no ano-novo de maneira a dar a entender que não queria mais viver a mercê das suas vontades, e transparecer que nem ao menos lembrava direito dela. Pura mentira.
O que ninguém imagina é que após aquele telefonema, ele foi à varanda do apartamento onde estava festejando a virada, e chorou. Chorou de arrependimento pelo que tinha feito, pela maneira que havia tratado o amor de sua vida ao telefone. Pensou no quanto foi burro em ser indiferente, até porque em sua cabeça, se ele se mostrasse fácil e aberto, ela poderia resolver voltar, e era o que ele queria. Chorou de saudades, de dor, de vontade de voltar atrás, num curto e num longo espaço de tempo. Ao mesmo tempo sentia-se feliz por ter sido coerente com o sofrimento que ela o havia imposto. Não dera o braço a torcer... e isto era o que interessava.
Teve medo no momento em que o telefone tocou novamente, e não atendeu. Não abriu mão de seu orgulho, que tanto deixara de lado quando no passado, implorava para retornar. Era o que tinha de fazer para se proteger.
Mas o efeito de sua atitude foi inesperado. Foi justamente aquele tratamento indiferente que fez Pedrita liberar-se de seus freios, e admitir que realmente, o Paulo sempre fora o cara, o homem, o amante, o amor.
Alguns dias se passaram, e ela ligou novamente, pedindo uma chance para conversar. Paulo disse que sim, mas que tinha medo de se ferir novamente, e só concordaria na garantia dela de que isso não iria mais acontecer.

Ela garantiu. E vai cumprir.

Por vezes, quando as coisas acabam dando certo inesperadamente, ainda escuto a história aquela de que Deus escreve certo por linhas tortas. E é verdade.
Precisou sentir-se indesejada para Pedrita admitir o seu desejo. Precisou transparecer não desejar mais para que Paulo recebesse o desejo dela de volta.

Aquele relacionamento, ambos sabem, acabou. Outro se inicia agora, com pessoas iguais e diferentes ao mesmo tempo. Do jeito que deve ser.

E eles serão felizes.

Muito mais do que foram antes.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá,
Bonita história de reconciliação do Paulo e da Pedrita, fico no aguardo de novas histórias desse casal fictício, mas muito parecidos com tantos que existem por aí!!!
Beijo.

Rafa Pires disse...

Ola...
Que bom que gostaste!
Fictício...?
Hummm... começo a achar que por trás deste nome simples - Ana - existe alguém que me conhece pessoalmente... hehehe...
A continuação da história de reconciliação deles está saindo do forno, portanto...:

Aguarde e confie.

Bjos!

Anônimo disse...

Oiii,
Depois de tanto tempo voltei a acompanhar teus belos textos...
Se eu conheço você pessoalmente??? Não... Não... mas bem que gostaria, seria interessante conhecer uma pessoa que escreve e se expressa tão bem e com uma mente tão cheia de de assuntos e histórias!!!
E aí você disse que história tava saindo do forno cadê os próximos capítulos???

Beijos
Ana Carla Maia

Rafa Pires disse...

O capítulo seguinte a este já foi publicado, se chama "O Alívio", e está algumas linhas acima.

Os próximos estão em revisão, e na sequencia dos dias, serão publicados.

Aguarde e confie!

Bjos

Rafael