segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Defesas

Tchê. O Paulo estes dias me falou uma coisa que me fez matutar durante um tempinho.
- “Cara, não consigo mais me abrir pra guria nenhuma e nem baixar minhas defesas. Todo mundo que eu me envolvo não me serve. Mesmo que sejam pessoas que eu sempre quis”.
Também pudera. O coitado já sofreu demais nas mãos das "malvadas"...por assim dizer.
É obvio que esta história de “amor perfeito” leva um tempo para ser construída. Mas será que a gente deixa?
Esses dias eu estava lendo um artigo antigo da Martha Medeiros sobre este assunto, intitulado “Qualquer um”. Ela comenta que as mulheres talvez não estejam dando chance para o homem que parece ser um “qualquer um” demonstrar que não é “um qualquer”. Palavras da própria Martha. Realmente as mulheres não dão chance mesmo a isto. Levam a fio de navalha o ditado que a primeira impressão é a que conta. Pensando com calma, eu concordo em gênero, número e grau. Mas isto é devido a que? A antigos relacionamentos mal resolvidos? A traumas absorvidos? A crenças mal fabricadas e principalmente mal executadas?
Não sei.
Só sei que o que eu quero externar é que nenhuma destas reclamações é exclusiva do universo feminino. São cada vez mais da “Via Crucis”do homem solteiro também.
Eu sou um que, admito, vivo reclamando das mulheres. E engraçado, a maioria das minhas reclamações são as mesmas que as mulheres fazem a séculos. Claro, mudando o gênero:
“Mulher nenhuma presta”.
“Mulher é tudo igual”.
“Mulheres são todas cachorras”.
“Quando se encontra uma mulher que presta, ela ou não quer se envolver ou está namorando”.
Claro que este tipo de coisa não sai quase nunca da minha boca, apenas para as pessoas mais intimas. E quando sai, é porque alguém fez por merecer.
Tu ai mulher, que está me lendo agora. Vai me dizer que nunca fez uma reclamação ao menos parecida, claro, mudando o gênero feminino para o masculino.
Eu faço, cada vez mais. E não sou o único homem que reclama disto. Todos os “gentis-respeitosos-carinhosos-corretos” de plantão reclamam também.
Estes dias eu sai pra caminhar com uma grande amiga. Durante o trajeto que nós fizemos, eu reclamei das mulheres em 90% das passadas. Os outros 10% eu deixei ela falar. Fiz exatamente as mesmas reclamações que estou mais do que acostumado a escutar da mesma.
Será que tenho razão? Fiquei matutando depois...
Acho que tenho. Penso que a mulher esta cada vez mais liberal, e isto é ótimo. Mas penso que este liberalismo todo tem conseqüências, e são estas conseqüências que as próprias mulheres não assimilaram ainda. É como se o tal liberalismo servisse como defesa, como barreira ou como desculpa.
Costumo conversar bastante sobre isto com as pessoas, e não é raro escutar de mulheres o seguinte argumento: “Eu acho que o homem está se sentindo acuado por que a mulher hoje em dia é outra. Muito mais liberal, dona de si e independente. E o homem não esta acostumado a isto”. E a minha resposta sempre é: “Concordo em tudo. E mais do que concordar, como homem, eu adoro este liberalismo feminino. Mas da mesma maneira que o homem não está acostumado ao liberalismo feminino, a mulher também não sabe o que fazer com ele”.
Gurias, falo por experiência masculina. Se vocês continuarem deste jeito, o caminho é justamente ficar sozinha pelo resto da vida. É isto sempre que acontece com homem cachorro, e é o que vai acontecer com mulher cachorra também.
Assim como a resposta instintiva para a violência é a própria violência, penso que a resposta instintiva para a falta de respeito é o troco na mesma moeda. Enquanto nós todos, homens e mulheres, nos tratarmos com esta falta de respeito a que estamos acostumados, ninguém se entende mesmo e todo mundo vai ser arcar com a solidão como conseqüência.
Gostaria de escutar mais opiniões sobre este assunto. Mas na minh, a mulher ainda não sabe que o preço a se pagar pela sem-vergonhice e pela falta de respeito para com os homens (que prestam! Que fique bem claro) é justamente a solidão. Acredite, é o que os homens cachorros vem pagando a algumas gerações. Mas o homem é burro.
Sem meias palavras, este preço pode ser traduzido nas expressões “infelicidade eterna” e “se eu tivesse sido diferente”.
Mas mudando de linha, pensem bem: será que devemos generalizar por gêneros? Acho que não.
Independente se a mulher está liberal e não sabe o que fazer com tanta liberdade, a ponto de simplesmente não conseguir se valorizar, ou se o homem sempre foi da mesma maneira e agora se sente acuado, eu acho que estes assuntos deveriam ser julgados de maneira bastante específica e individual. Sinceramente.
Não é justo que as mulheres ditas “corretas” paguem pelas que são promiscuas. Assim também como não é justo que os homens ditos “corretos” paguem pelos erros dos cachorros. Deveríamos cada vez mais pensar e julgar as pessoas pelo que elas são individualmente.
Enfim, procurarei dirigir o que direi agora para todos, sejam homens ou mulheres, já que defendi que ambos estão pensando e reclamando da mesma maneira.
Pessoas que prestam estão vazando pelo ladrão por ai, de tantas que há. O problema é que não estamos abertos a isto. Não dá pra ficar experimentando e se ferindo por ai em busca da pessoa ideal. Temos que saber seguir os nossos valores e instintos.
Tu guria, que se ressente um monte por que o fulano aquele que foi criado dentro de uma família desestruturada e por natureza cheia de pessoas promiscuas não te deu valor e te traiu, o que tu esperavas? O que tu tinhas na cabeça quando resolveu te envolver?
Tu guri, que se ressente um monte por que a fulana aquela que foi criada dentro de uma família desestruturada e por natureza cheia de pessoas promiscuas não te deu valor e te traiu, o que tu esperavas? O que tu tinhas na cabeça quando resolveu te envolver?
Independente do gênero, todos nós somos pessoas iguais, temos os mesmos direitos e deveres, tanto para conosco quanto para o próximo.
Quer que uma pessoa seja ideal, trate-a sem receio como a pessoa ideal. Trate-a com respeito, consideração, carinho e amor. Não me venha reclamar que ninguém presta se tu mesmo(a) és uma pessoa que não presta. Não vai ser no cesto de balaios que tu vives que tu vais achar a tua peça ideal. Pode ser uma peça que combina, mas nunca uma que valorize.
Dêem-se ao respeito. E principalmente, sigam o velho ditado: “respeito aos outros nunca é demais”.
Se tu, que acha que é natural ser promiscua(o) e desrespeitar as pessoas que não merecem ser desrespeitados(as) e feridos(as), ok, seja assim. Mas o teu dia vai chegar, e tu, solitária(o), velha(o) e infeliz, olharás para trás e pensará: - “Se eu tivesse sido correta(o) com aquele(a) fulano(a) eu seria feliz até hoje”.

...uma hora ou outra o arrependimento bate...

O bom é que dá pra prevenir este arrependimento...mas remediar não, remediar não dá...

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