quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mega-sena

Outra perguntinha que jogo como certo que todo mundo já se fez foi o que faria se ganhasse na mega-sena.
Eu mesmo já me vi inúmeras vezes sonhando com isto. E planejando.
Já pensou? R$ 45.000.000,00! Tem como contar tanto dinheiro? Isto é valor que simplesmente não existe em espécie (bom, concordo que depende. Para alguns mensaleiros existia dentro de malas...), mas para pessoas humildes é dinheiro que não acaba mais.
Mas enfim, o que sempre planejo é nunca viver de ócio, mas ser sustentado claro, pelos rendimentos que esta grana toda geraria. No mais pobrinho, aquele que menos paga, a poupança, este valor renderia aproximadamente R$ 270.000,00 no primeiro mês! Já imaginou se eu me limitasse (!) a gastar apenas isto? Eita salariozinho mensal bom esse...
O engraçado é imaginar que não há limites para as pretensões baixas deste vivente que vos escreve.
Que carro eu teria? Onde eu viveria? Como seria a(s) minha(s) residência(s)?
E o que mais preocupa: que estilo de vida eu levaria? Como ficaria minha cabeça com tanto a minha disposição?
Putz. Isso seria um problema. Não haveria linha vermelha a ser ultrapassada, limites pré-estabelecidos ou ao menos algo que teria o poder de me segurar. Qual seria o meu norte?
Apenas minha própria cabeça, a própria razão, minhas próprias crenças. Os valores que com tanto amor e carinho, me foram ensinados pelos meus pais (mestres de vida).
Seria muito difícil claro, que os limites não mudassem com tanto nas mãos.
Ai é que ta. Podemos chegar à conclusão então que a falta de limites é prejudicial? Todos concordam? Acho que sim.
E de pensar que existem pessoas que nascem, crescem e vivem sem nenhuma linha vermelha, nenhum limite educacional imposto pelos pais ou aqueles que são responsáveis pela sua criação.
Sinceramente, to cansado de assistir ao noticiário e me sentir chocado com absurdos cometidos por adolescentes-de-classe-média-alta-pseudo-revoltados com algo que nem eles sabem bem o que é (rebeldes sem-causa, expressão antiga não?).
Estes dias fiquei pensando em quem poderia colocar a culpa. Sim, porque afinal de contas, a culpa tem que ser posta em alguém, sempre tem.
Seria da sociedade? A cultura que estamos criando neste exato momento exige que pais e responsáveis tenham que deixar seus filhos soltos, a Deus-dará? Realmente isto é recomendável? É algo que de alguma maneira, é obrigatório? A cultura contemporânea compulsoriamente exige isto? Conheço pessoas que pensam assim.
Não há cabimento. Como que concebemos filhos que serão criados apenas pelas regras impostas pelo mundo lá fora? Todos nós sabemos que a cada dia que passa estes tais limites avançam cada vez mais em direção a inexistência. Cabe a quem puxar as rédeas e colocar no caminho?
Ai chegamos ao ponto. Os pais são os responsáveis. Eles mesmos que tantas e tantas vezes colocam a culpa no mundo, na televisão, nas novelas até...
Eles são os culpados, os responsáveis por tanta barbárie. Uma criança criada com limites sólidos e baseada em valores concretos, que buscam sempre o que é bom e correto nunca espancaria um mendigo na rua, ou queimaria um índio na parada de ônibus por pura diversão. Veja bem, não estou falando de autoritarismo ou tirania. Mas sim de mostrar e demonstrar o que é certo, deixar claro que as conseqüências dos erros impostas pela vida começam dentro de casa.
Estou longe de ser um moralista, e posso estar soando como um demagogo. Não tenho filhos ainda. Não sei nada sobre o que é criar um ser que pode ter uma infinidade de variáveis. Nem ao menos deste amor eu já experimentei. Mas a única coisa que aprendi de antemão é amar de maneira correta. Importar-se, preocupar-se, ensinar, dar atenção, respeito e consideração. Apenas posso dizer que se um dia os filhos vierem, é disto que me utilizarei.

Amem seus filhos de maneira correta, é o que peço.

3 comentários:

Cássia Suri-Plam Fincato disse...

Sr. escritor:
tive vontade de escrever umas coisas a respeito desse último artido.
Buenas, estou tendo MAIS UMA VEZ o privilégio de dar aulas para meninos carentes. Da primeira vez q tive contato com esse tipo de público, eram crianças q foram abandonadas... não estavam cumprindo medida sócio-educativa. O erro deles foi nascer na família errada. A família que não os aceitou, e fez de tudo, do espancamento ao abandono, para q essas mesmas crianças fossem (enfim) levadas para longe, pelo conselho tutelar.
Em relação à esse grupo, vale lembrar q eu, em pleno inverno, recebia eles NA PISCINA pontualmente as 7:30 da matinha, 2x por semana. Assíduos, como nunca tive em minhas turmas de crianças "estruturadas".
Benne, agora tive mais uma dessas bênçãos: FASE.
Internos, 10 meninos, 17 anos.
Todos fizeram alguma "merda" por aí, e estão pagando por isso.
Situação: o meu professor sugeriu essa turma "alternativa" para que fizéssemos nossa prática de ensino.
Explicou qual era a "missão" e esperou voluntários.
Resultado: EU!
Recrutei mais um colega, e todos incrivelmente admirados com minha loucura (?!) de aceitar uma "turminha" dessas.
Bem, no primeiro dia de prática, minha nova turma não compareceu, por qquer motivo aquém das vontades dos mesmos (como soube depois).
Eu e meu colega Mateus fomos acompanhar outra dupla de colegas em sua prática, em uma escola "normal", "estruturada", "organizada".
Chegando lá qual a minha surpresa??
Quarta série. Nos recepcionaram incrivelemente mal, utilizando palavras terríveis, expressões "de última" e liderados por quem???
MENINAS!!
Sim, as meninas, 10, 11 anos... fofas, lindinhas, BAGACEIRAS!! Pra dizer poucas!
Chocada... não fazes idéia do meu espanto!
Assim não me surpreendo mais com pessoas absolutamente convictas em não terem seus próprios filhos, pelos motivos mais diversos: a condição do mundo, o destino do ser humano...
Não partilho dessa idéia. Pretendo ser mãe, na hora certa, qdo tiver as condições necessárias, financeiras e psicológicas. Ou seja: estrutura!
Desculpe me alongar dessa maneira, mas queria compartilhar com teus leitores.
Tb não estou querendo fazer demagogia, tampouco gostaria d expressar uma opinião preconceituosa. MAS, sorte de quem pensa assim como tu, pq "amar de maneira correta, importar-se, preocupar-se, ensinar, dar atenção, respeito e consideração" é coisa q pouca gente hj em dia repassa!!
RESPEITO... RESPEITO

Chegou o dia da minha "missão impossível": fazer os meninos da FASE jogarem handebol!! (hahahaha)
Mais uma vez a surpresa: cheguei eu lá, desarmada, e me meus colegas disseram: te prepara!
Bom, lá fui eu... "quase desarmada".
Qdo fiquei frente-a-frente com eles, percebi q qquer "arma" ali era completamente desdecessária.
Amistosos, compreensivos, cooperadores...
Gente, eu poderia ganhar na Mega, como tu sugeriu, mas q prazer é esse, indescritível, de descobrir q o escudo às vezes é tãããão inútil??
Cara e coragem, como minha mãe me ensinou...
Sigo teus conselhos meu querido, estou chegando menos "armada" para os embates, q, surpreendentemente, são muuuito mais simples do q eu imaginava!!
Q sorte q eu tenho!!
Esses meninos, os internos da FASE, estão me fazendo um bem danado!!
Q sorte q eu tenho...

Cássia Suri-Plam Fincato disse...

Ah, esqueci:
Bjuuuuu, lov.u

Rafa Pires disse...

Antes de tudo, LINDO COMENTÁRIO...!
Mais que um comentário, isto é um testemunho...
Pegaste o fio da meada do que eu quis dizer direitinho...
Tens a consciencia que fizeste a diferença neste momento que adentraste a FASE para dar atenção aqueles meninos? Tu tens noção qual poderá ser o resultado benigno desta tua atitude? Espere o futuro e verás...
Não é só de riqueza e conforto que uma criança necessita, e me parece que isto é algo natural e de praxe hoje em dia, esta prioridade do conforto financeiro em detrimento do trio atenção/amor/educação...
Vou te citar um exemplinho: em um condominio de classe Alta de Porto Alegre, que eu sempre frequento, estão acontecendo varios atos de vandalismo perigozissimos, como elevadores pegando fogo, sistemas de gas sabotados...
O que seria isto...?

Bjos Bjos
Amo-te tb!