terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O alívio...

Pedrita sentiu-se péssima. Extremamente arrependida. Não tinha noção da dimensão do mal que havia feito, nem ao menos da banalidade que o motivara.
Contou-me que na época em que morava com Paulo, sentia certa inveja das amigas solteiras que saiam para a balada quase todas as noites da semana. Sentia vontade de ser como elas, livre, e de não precisar responder os seus atos a ninguém.
Queria se divertir mais, rir mais, se emocionar mais, sair da rotina. Não havia remédio para aplacar aquelas vontades a não ser mudar de vida.
Essas amigas não se mostraram nem ao menos fiéis logo após o rompimento. Costumavam mentir como se estivessem jogando. Nenhuma delas era de confiança, e este foi o primeiro choque. Reduzida a apenas mais uma amiga das amigas, pedaço novo de carne na roda da hora, a época de festas não durou muito.
Sentindo-se novamente sozinha, resolveu procurar um novo amante. Não foi difícil conseguir, um amigo qualquer de uma conhecida foi apresentado. Não interessando muito quem fosse, resolveu que aquele seria o seu novo amor.
Declarou-se apaixonada aos quatro cantos, fez juras públicas de amor eterno, e tinham de ser deste modo, públicas, pois o verdadeiro objetivo não era comemorar a felicidade, mas sim mostrar aos outros que estava feliz e satisfeita com as escolhas que havia feito.
Porém o tempo mostrou que as coisas não eram bem assim. O fantasma de Paulo continuou rondando, inclusive nos momentos mais íntimos. Na maior parte do tempo, fugia das comparações, e tentava, vezes conseguindo, convencer-se que de todo modo estava feliz e no caminho certo. Mas não estava tudo bem não.
O final de ano e a ligação telefônica serviram para reavaliar a vida, e perceber o tamanho da besteira que havia feito e que continuava a fazer.
Contou-me que, só ao sentar-se à mesa do restaurante, e olhar para os olhos de Paulo novamente, pode perceber o tamanho do erro que cometera.
Paulo se mostrou seguro. Não quis transparecer qualquer tipo de ansiedade ou nervosismo. Fumava poucos cigarros, sorvia poucos goles de chopp. Resolvera que Pedrita teria de demonstrar arrependimento antes de qualquer movimento.
E foi o que aconteceu. Não demorou muito, sob o pretexto de assistir melhor os shows que rolavam no palco logo abaixo do mezanino, Pedrita mudou de lugar e sentou-se ao lado de Paulo.
Chorou sentindo-se um monstro quando Paulo falou-lhe o tamanho do sapo que tivera que engolir este tempo todo. Percebeu, sem ele precisar falar, que pedidos de perdão garantiriam pouca percentagem de sucesso numa tentativa de reunião.
Paulo precisava destes pedidos, e de mais. Precisava ver Pedrita arrependida de seus atos, mas também garantir que ela nunca mais criaria motivos para arrepender-se.
As lágrimas serviram e caíram bem para o primeiro propósito. E se elas não houvessem caído nada haveria mudado.
Sentindo-se em posição, Paulo indagou sobre o futuro. Tinha de se certificar de certas coisas. Ela respondeu tudo de maneira sincera, e ao mesmo tempo que falava, chorava copiosamente ao perceber tamanha burrada e irresponsabilidade cometida. Sabia que merecia o interrogatório, e também sabia que Paulo merecia explicações daquilo que havia sido imposto a ele. Em determinado momento, se deu por satisfeito sem demonstrar, e ela não percebeu.

Ele não pode negar carinho com tamanha tristeza e auto-decepção latente. Faz parte da atitude de um grande homem oferecer conforto. Viraram-se de frente, e ela abraçou-o encostando a cabeça em seu peito. O próximo passo não demorou a acontecer. Beijaram-se lacrimejando, beijaram-se em meio a grandes suspiros.

Passados alguns tempos, o momento ainda se mostra muito feliz.
Procuraram-me para contar o ocorrido.
Prontamente atendido no pedido de publicação da historia do reencontro, fiz a pergunta derradeira:

Qual o sentimento que fica após o reate?

- “O de alivio”... - Responderam-me.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pulei este post e não vi que era a continuação da história de Paulo e Pedrita.
Aguardo os próximos capítulos...
Beijos
Ana

Rafa Pires disse...

Aguarde mesmo!

Obrigado pela visita!

Bjos

Rafael