Tem certas coisas que realmente, a gente não sabe como se posicionar. Para estas coisas, sempre tomei como premissa o fato de não ter opiniões formadas, e uso justamente isto como resposta: “Não tenho opiniões formadas”. Não julgo nada nem ninguém sem analisar antes.
Só que este tipo de afirmação, pressupõe para quem está ouvindo que em algum momento, tu terás a opinião e o devido julgamento formado sobre o assunto, o que às vezes pode ser que não aconteça. Mas só às vezes.
Durante o curso dos últimos anos, formei minha opinião sobre o assunto "preconceito na sociedade brasileira", e ela me é muito clara e firme neste momento, conseqüência e resultado de muita análise e confirmações.
Posiciono-me fortemente e de maneira honesta CONTRA qualquer tipo e forma de preconceito, sejam de ordem racial, moral, sexual, esportiva, ideológica, ligados à nacionalidade, à língua, ao gênero, cor de cabelo, orientação religiosa, espiritual, classe social, consumo de cigarro e tantos outros. Todos nós temos direitos (e deveres decorrentes destes, claro) ligados à busca da felicidade e satisfação pessoal, indiferente de onde estes se originarem.
Vivemos em uma sociedade preconceituosa, isto é fato, e vivemos em uma sociedade de diferenças mil, isto também é fato. Já que somos indivíduos inseridos nesta sociedade, é natural não percebermos quando agimos ou pensamos de maneira preconceituosa. O problema é quando justamente não percebemos a existência de certos tipos de preconceito. Por exemplo:
Será que condenar o ainda preconceituoso, por si só já não seria um preconceito?
Pense bem. Condená-los não seria uma postura pré-concebida? Não seria uma atitude de desconhecimento pejorativo?
Explico.
As gerações anteriores as nossas têm por tendência (não por regra) serem gradualmente mais preconceituosas, mas isto não por que querem ou porque acham melhor, mas sim por culpa do contexto ao qual estavam inseridas. No passar dos anos, alguns tabus e crenças foram caindo devagar, e hoje em dia certos aspectos de nosso cotidiano que antes eram inadmissíveis dentro de uma sociedade, são toleráveis até pelos que não querem tolerar. Fica óbvio que no passado não era assim.
Cito como exemplo o fato de eu ter um avô negro, uma das melhores pessoas que conheci, com um coração gigantesco, mas que convivia com o preconceito bruto diariamente. Moravam todos em Guaporé, cidade de colonização predominantemente italiana, onde naquela época, o preconceito era algo natural e corriqueiro. Mas TÃO natural e TÃO corriqueiro, que eles mesmos, os negros, eram racistas ao extremo contra os próprios negros. Meu avô não tolerava nenhum outro negro entrando pela porta de sua casa, e blasfemava sempre: - “Negri porco carne”! – Dizia. Quando indagado sobre sua origem africana, o mesmo respondia: - “Sou negro trabalhador da canela fina”.
Preconceito em sua maioria é contexto.
Preconceito em sua maioria é coletivo e não individual. E influencia.
Em nossa sociedade, por exemplo, por mais que existam pessoas (como eu) que apóiem a união civil dos homossexuais, acredito que ainda não está ainda preparada para tal situação. Veja bem, AINDA não está, mas um dia invariavelmente estará. Este é o caminho natural, e a união homossexual existirá perante a lei também. Da mesma maneira que os próprios negros, em um passado não muito distante, inseridos em determinadas comunidades, discriminavam a si próprios de maneira racista, hoje muitos heterossexuais iguais a mim discriminam seus irmãos homossexuais por sua orientação, mas os filhos dos mesmos discriminarão menos, e assim por diante.
Portanto, muitas vezes não é culpa dos preconceituosos serem assim, já que a criação e o contexto impuseram isto. E de qualquer modo, da mesma maneira que temos o direito a viver a vida da maneira como queremos, defendo que temos o direito de pensar e concluir o que queremos desde que isto não atinja ninguém mais a não ser nós mesmos.
E este é o limite, a linha vermelha. Devemos ensinar as gerações futuras a não ultrapassá-lo. Temos de aprender a nos respeitar, de todas as formas, e em todos os sentidos, sejam os de ida, sejam os de volta. Os dias continuam passando, as coisas continuam mudando...
... e a sociedade, um belo dia, será considerada ideal ... havendo respeito e inexistência de qualquer tipo de preconceito...
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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